Finalmente arranjei algum tempinho livre e deixo então umas palavrinhas sobre o que se passou neste concerto, isto para quem não pode estar presente.
Painted Black (PB): É uma banda que acompanho de perto há vários anos e posto isso, acho natural que tenha mais a referir. As fortes influências de Anathema continuam a diluir-se cada vez, muito embora agora bebam mais no registo que My Dying Bride e Novembers Doom produzem ou produziram. Não que isso seja necessariamente mau...
A presença em palco desta rapaziada tem melhorado bastante, fruto dos maior número de actuações que têm dado. A voz do Daniel Lucas continua potente e cavernosa, capaz de assustar os vocalistas mais brutos do death metal.

As vozes limpas também têm estado a um nível bem melhor e são resultado do trabalho de casa que têm tido. A inclusão do novo baixista fê-los crescer mais e deu-lhes outra projecção, assim me parece. Deveria ser sempre assim! Aliás, a entrada de novos membros deve partir de pressuposto que devem ser uma mais-valia e não limitarem-se a tapar buracos.
A presença dos teclados ao vivo dá-lhes sempre outra profundidade e acaba por acentuar mais a negritude que dão à sua música. Deviam aproveitar mais este factor, mas nunca descuidando o trabalho e as melodias das guitarras. Aliás, são essencialmente estas que me cativam mais na sonoridade dos PB e das quais exijo sempre mais e mais.
Não escondo que os PB são uma banda de amigos, pois claro que são. Porém, isso não impede que as pessoas mais próximas sejam eventualmente as vozes mais críticas e eles parecem-me cientes disso mesmo. Muitos de nós deveria pensar assim, pois só deste modo as bandas nacionais poderão corrigir os erros e as lacunas que possuem. E é partindo desta base de exigência que por vezes as bandas evoluem e se conseguem resultados mais satisfatórios, quer a nível pessoal, quer a nível do público. No entanto, e não querendo atingir alguém em particular, o que eu observo é que sofremos muito do síndroma de palmadinhas nas costas, pois está tudo bem como está. Nada mais errado...
Não tenho dúvidas em afirmar que actualmente em Portugal, as propostas mais interessantes e com maior potencial para evoluírem (dentro do estilo, obviamente!), serão, de facto, os Painted Black e os Process Of Guilt. Espero que ambas não me deixem ficar viúvo e pendurado nestas declarações.
Divine Lust: não posso dizer que desgostei do que (ou)vi, mas a verdade é que não prestei muita atenção devido ao facto de ter estado muito tempo na conversa com amigos. Ainda não tive oportunidade de ouvir o novo disco, mas do que pude constatar (ao vivo e no myspace) melhoraram bastante determinados aspectos em relação ao disco de estreia. Confesso que tenho alguma expectativa! A confirmar.
The Eternal: fiquei surpreendido. Embora sejam músicos com créditos firmados, estava com algum receio em relação à voz do Mark Kelson, como também como resultaria o
Kartika ao vivo, disco que às primeiras audições não me cativou por aí além. Acabei por ficar convencido, dado que a voz dele resultou bem ao vivo e acho que acaba por entrosar-se bem com a música. Actuação bastante solta e descontraída dos músicos, dá para ver que gostam do que fazem.
Últimas notas para o Santiago Alquimista (um óptimo espaço para concertos), o preço do bilhete bastante acessível (5€) e para a fraca afluência do público.