Tal como o Demoniac disse, e bem, há bandas que são
intocáveis e qualquer coisa que elas façam só pode ser aguardado com expectativa, não pelas massas, mas por quem sabe o que vem ai.
Sou fã dos Bizarra Locomotiva desde sempre (a par com Mão Morta a minhas bandas portuguesas de eleição) e este álbum atingiu um patamar que dificilmente alguma banda em Portugal conseguirá alcançar, não estou a falar de sucesso, de produção e detalhes menores afins, estou sim a referir-me ao ambiente, ao desconforto transmitido não só pela máquina bizarra que são, mas também (e sobretudo?) pelas letras, que são do melhor que já ouvi.
Desde que tive o álbum (desde o dia da apresentação oficial) ouvi-o diariamente (algumas vezes ao dia) e destaco 3 músicas: Ergástulo, A procissão dos Édipos e a Engodo.
Liricamente são do melhor.
Deixo aqui mais umas reviews:
Estamos assim, perante a prova evidente de que os Bizarra Locomotiva não sabem fazer discos maus. A banda continua a seguir o seu caminho sem ceder a pressões.
“Álbum Negro” é um disco muito coeso e sem altos e baixos. Ouve-se do principio ao fim com o mesmo agrado.
Estamos mais uma vez, perante uma banda frontal, que faz assim porque sim. Este é um disco que se nota, ter sido criado com tempo e bem amadurecido. Nada falha, nem mesmo a produção e masterização, que sendo discretas, estão lá a deixar os músicos brilharem e as canções fluírem.
Por isso amigos, estão todos convidados para mais uma volta, mais uma viagem, nesta bizarra locomotiva.
in: Santos da Casa
“Brutal. Poucos adjectivos caracterizam tão bem o novo registo de Bizarra Locomotiva. Sem piedade, “álbum Negro” é brutal mesmo nos momentos mais brandos, mais lentos, mesmo quando a voz é sussurrada… brutal porque existem verdades que têm de ser ditas e existe a honestidade absoluta para dizê-las, existe a intensidade daquilo que é apenas genuíno. Nenhuma faixa deste disco é dispensável. Juntas, ordenadas, formam um caminho completamente inédito naquilo que já se gravou em português. A música, o som, as vozes levam a própria língua a novos lugares. Nesses espaços, o ouvinte poder encontrar revolta ou angústia, nostalgia ou raiva, pode encontrar um mundo inteiro. Em qualquer um dos casos, em qualquer um dos muitos tons de negro deste álbum, aquilo que está sempre presente é esse carácter brutal, essa verdade que se afirma a cada segundo do leitor de CD, que faz com que se ouça repetidamente e que faz com que este seja um disco assinalado na história da musica portuguesa.”
- José Luís Peixoto, Abril de 2009.