JRM Escreveu:Nunca compreendi o que as pessoas têm contra a ADSE. Não sei se muitas vezes é por ignorância ou apenas por acharem que os funcionários públicos são sempre beneficiados.
Os meus pais são os dois professores. O meu pai tem 53 anos e trabalha desde os 20 como professor, ou seja, 33 anos de serviço. Está no escalão máximo da profissão (nível 10) há cerca de 7 anos e antes de conseguir ser efectivo (há 15 anos atrás) deu aulas em Maputo, Abrantes, e várias terrinhas à volta de Évora. A minha mãe tem 57 anos e tem cerca de 32 anos de serviço. Igualmente no escalão máximo e efectiva há um pouco mais tempo que o meu pai (cerca de 18 anos). Tal como ele andou em Maputo, Lisboa, Santarém e várias vilas à volta da cidade de Évora antes de ser efectiva.
Por serem funcionários públicos, têm direito à ADSE assim como os dois filhos (eu e o meu irmão) até que deixem de estudar ou atinjam os 26 anos.
Não deve ser segredo para ninguém, mas os estando no nível máximo da carreira, um professor (neste caso professores do ensino básico) recebem aproximadamente de salário bruto cerca de €3000 por mês. O que dá um salário líquido de sensívelmente €2000 por mês (um pouco menos de €2000). Além destes descontos ainda descontam todos os meses 1.5% sobre o salário bruto para a ADSE. Ou seja, €45 por mês cada um durante 12 meses e, segundo as novas leis, ainda sobre o 13º mês. Juntos, pagam, sensívelmente, €1200 por ano pelo "seguro de saúde". Tenho a certeza que muitos de vocês pagam bem menos por ano para um seguro de saúde.
Tens a certeza?
Então repara:
Eu tenho 42 anos, a minha mulher tem 44 e os meus filhos têm 8 e 3 anos. Para um seguro de saúde que inclui apenas hospitalização e ambulatório (ou seja sem estomatologia, óculos, lentes, próteses, medicamentos entre outras) eu pago 108,45 Euros por mês x 12 meses = 1.301,40 Euros.
Se hoje eu e a minha mulher tivessemos 53 e 55 anos, os nossos filhos teriam 19 e 14 anos respectivamente. Com estas idades, pelo mesmo seguro, eu pagaria 136,11 Euros por mês, ou seja, 1.633,32 Euros por mês.
Volto a salientar, sem ter cobertura para ir ao dentista, para comprar medicamentos, óculos ou aparelhos dentários por exemplo.
Acresce ainda o facto de eu ter limites de capital. Se eu ultrapassar os 2.500,00 Euros na cobertura de ambulatório, terei de ser eu a pagar a despesa adicional.
Além disso, ainda tenho de pagar 50 euros de franquia para cada um e tenho de pagar um co-pagamento para cada serviço ou consulta.
Por isso, é que esta frase está correcta:
Se eu quiser ir a uma urgência de um Hospital privado como o Hospital da CUF ou o Hospital da Luz pago 95 Euros ou 37,50 Euros se tiver um seguro de saúde. Um funcionário público paga 25 Euros assumindo a ADSE a diferença.
A única diferença, nomeadamente no que diz respeito ao Hospital da Luz é que os valores para este ano foram actualizados.
Ou seja, para este ano, uma consulta de urgência custa 95 euros, quem tiver Seguro de Saúde da Medis paga 40 euros e quem tiver ADSE paga 30 Euros.
Mas, em relação a uma consulta de clínica geral, por exemplo, os valores mantêm-se: o Hospital cobra 80 Euros, se eu tiver Seguro da Medis pago 15 Euros e se eu tiver ADSE pago … 4 Euros.
Entretanto, convém salientar que, aos 65 anos a generalidade dos seguros de saúde deixam de aceitar a permanência da apólice. Na ADSE existe limite de permanência em função da idade?
Acresce ainda o facto do meu prémio poder ser agravado se a sinistralidade da minha apólice for elevada. Na ADSE existe agravamento nos descontos? Quem tiver sinistralidade desconta mais para a ADSE?
Portanto, pergunto-te, tendo a ADSE apresentado, em 2009, um custo com as despesas da saúde dos funcionários públicos de mil milhões de euros e tendo sido as receitas na ordem dos 200 milhões de euros, quem pagou a diferença?
Ora, perante isto, continuas a dizer que o teu seguro de saúde privado não é um privilégio pago por todos nós?