Política - Discussão ou algo do género.

Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 2:19 pm

death in geres Escreveu:Imagem



A pedido de várias familias aqui vão algumas observações sobre a questão da Belgica.

Antes de mais, não me recordo de ter encontrado algum pedido de demissão por parte aqui do Rui. Se o ideal é não ter governo, ele poderia dar o exemplo pedindo a demissão do tacho que lhe arranjaram em Bruxelas. Por outro lado, estando ele na Belgica, surpreende-me que ele não fale com Belgas para perceber qual o motivo que permitiu à Belgica ter estado tanto tempo sem governo.

Se eu que estou em Portugal, consigo, através dos clientes e fornecedores que tenho na Belgica obter alguma informação sobre o assunto, mais fácil seria para ele que passa por lá todas as semanas fazer as mesmas perguntas que eu fiz.

A não ser, claro, que não exista neste artigo alguma honestidade intelectual mas apenas demagogia pura.

De qualquer forma, para ele e para os demais fica uma pequena análise de como funciona a Belgica.

A Bélgica tem um modelo de crescimento económico consolidado que tem permitido níveis de crescimento económico assinaláveis nos últimos anos e reacções eficazes a períodos de contracção.

Nas últimas duas décadas, a economia cresceu em média cerca de 2% por ano. A Bélgica é uma economia de mercado, com um elevado grau de abertura ao exterior que nas últimas duas décadas cresceu em média cerca de 2% ao ano. Só as exportações representam dois terços do Produto Interno Bruto.

Este modelo de crescimento decorre de um conjunto de factores como a localização geográfica privilegiada, a natureza multi-linguística da população e o espírito empreendedor de abertura a novas experiências do povo belga, que levou a que a Bélgica tenha sido o primeiro país na Europa continental a desenvolver a revolução industrial, no decorrer do século XIX mantendo-se actualmente como um dos países mais industrializados do mundo.

Além disso, a Bélgica apostou na formação de uma mão-de-obra altamente qualificada, que decorre de uma aposta clara na qualidade e orientação do sistema educativo. Em resultado, esta mão-de-obra é adequada ao modelo produtivo dominante e apresenta elevados níveis de produtividade, sendo esta uma área onde apresenta vantagem competitiva na produção de bens com elevado valor acrescentado. A Bélgica destaca-se pela capacidade que tem em comprar matérias primas, transformar, acrescentar valor e depois vender. Consegue assim desenvolver este modelo de crescimento sem que possua recursos naturais relevantes.

A Bélgica tem sabido manter uma política que privilegia o contacto com o exterior, não tendo qualquer restrição à entrada de capitais estrangeiros no tecido produtivo do país, o que torna o país atractivo em termos de captação de Investimento Directo Estrangeiro. Além disso, a captação do investimento estrangeiro torna-se mais favorável quando este país é reconhecido como tendo baixos níveis de corrupção (dos mais baixos do Mundo) e os direitos de propriedade e direitos de autor estarem convenientemente protegidos.

Entre os pontos fracos do actual modelo de crescimento há a destacar dois factores: apesar da Bélgica beneficiar de um tecido produtivo muito desenvolvido e orientado para o exterior, a gestão socio-política é complexa sendo um país com fortes divisões regionais, o que dificultou a concretização de um governo e a implementação de reformas mais profundas. Em termos de gestão económica, nas décadas de 70 e 80, após os choques petrolíferos que afectaram a economia internacional, vieram ao de cima algumas vulnerabilidade em termos de política orçamental, com a reacção das autoridades belgas a contribuírem para desequilíbrios orçamentais que ainda hoje subsistem, nomeadamente no que respeita ao peso da dívida pública no PIB.

Com efeito, o rácio de dívida pública face ao PIB ascendeu a 135% no inicio da década de 90. Desde então, foi assumido um esforço de redução da dívida, o que aconteceu de forma sustentada até 2007, antes do período da crise internacional.

O processo de consolidação fiscal foi iniciado de forma moderada na década de 80, fortemente incentivado pelas regras de acesso à moeda única europeia. Nesse contexto, foram definidos objectivos claros no sentido de fazer convergir de forma sustentada os rácios de acordo com os critérios de convergência (60% no caso da dívida e 3% no caso do défice fiscal). O processo de convergência decorreu em duas fases. Numa primeira fase, a solução passou por uma aposta em receitas fiscais elevadas, que embora resolvessem o lado do défice, não impediram uma deterioração da divida pública; numa segunda fase, a solução passou por uma reforma fiscal, nomeadamente ao nível das competências federais nesta matéria.

As reformas implementadas deram maiores competências às regiões na gestão dos seus orçamentos, mas também impuseram maiores limitações á possibilidade de despesa e endividamento.

Ou seja, ao contrário do que se passa nas nossas regiões, a Bélgica desenvolveu um acordo político em torno dos objectivos de consolidação fiscal, que permitiram a implementação de medidas de médio e longo prazo importantes na contenção da despesa.

Em 2009, com a crise que afectou todos os países, voltou-se a registar um agravamento do rácio da divida pública e do défice.

Daí a preocupação em que sejam criados consensos políticos e a necessidade de se criar um governo federal. A delegação de poderes, competências e responsabilidades nas autoridades regionais que se efectuou nas décadas de 80 e 90 permitem que a governação decorra de forma eficaz a nível local mas constitui um risco a médio prazo pois é fundamental ajustar as medidas de consolidação orçamental tendo por base um acordo politico assente no governo federal.

Os exemplos que Portugal pode retirar do exemplo da Bélgica não têm a ver com a ausência de governo mas com o facto de ser fundamental a qualificação da mão de obra pois, na ausência de recursos naturais, serão os recursos humanos a fazer a diferença. Por outro lado, não tendo uma localização privilegiada a nível europeu somos seguramente uma porta de entrada para mercados emergentes como o Brasil e os Palop que deve ser aproveitada. Acresce ainda o facto da consolidação orçamental e o corte da despesa serem efectuados na Bélgica de uma forma devidamente monitorizada com as diversas regiões a assegurarem um papel fundamental na prossecução destes objectivos.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 2:41 pm

Grimner Escreveu:
Pedro Lopes Escreveu:
Grimner Escreveu:Pedro Lopes, afirmar que não faz sentido falar de luta de classes quando se tenta erradicar toda uma classe social em detrimento de outra da forma mais selvagem que se viu nos últimos 70 anos é, no mínimo, hilariante.


Erradicar que classe social em detrimento de qual classe social?
Se queres realmente apostar numa luta de classes, então sim, vais ter de regredir no tempo e o país sairá sempre a perder.



Provavelmente escapou-te a atenção a existência e infiltração de elites financeiras que agravam e exploram esta dívida enquanto aproveitam para reimplementar medidas gravosas e regressivas para as classes médias.

Nem por isso ela deixa de estar a acontecer. Não aposto nessa luta, mas a despeito disso há quem não se poupe a esforços para a implementar, com os resultados que se vêem.




Inflitração de elites financeiras? Mas tens certamente consciência do que são os mercados? Queres que te arranje alguns sindicatos de trabalhadores nacionais que funcionam como "elites financeiras"?

Se na última década, as necessidades de financiamento da economia atingiram em termos médios cerca de 10% do PIB, a culpa é da infiltração da elite financeira?

Se queres evitar a infiltração da elite financeira tens de alterar a forma como o país funciona. Algo que não foi feito nos últimos 30 anos e que vai ter de ser feito agora "à pressão".

Para recusares o pagamento de uma divida não podes depender do financiamento externo.

Porque será que a Grecia continua a ser pressionada se até já está em cima da mesa um haircut da divida grega?
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 2:55 pm

Grimner Escreveu:
Os nomes de algumas das pessoas que constituem a comissão estão divulgados no site. A apresentação das PPPs nos hospitais pegou no exemplo mais gritante, o dos hospitais afectos ao grupo Mello. Haverá com toda a certeza outros casos, mas os que ali estão indicados são factos do domínio público.



Sou completamente a favor de uma maior intervenção da sociedade civil nomeadamente no que diz respeito à denuncia de corrupção e clientelismo dentro dos aparelhos partidários (todos eles) e em todo o sector publico.

Mas, este trabalho tem de ser feito com honestidade intelectual e com base num trabalho devidamente adequado e fundamentado.

Não é isso que eu encontro em algumas apresentações que vi no teu link.

Se quiseres que eu te ajude neste âmbito estás à vontade para dares o meu nome à malta que anda a trabalhar nisto. Mas temos de ser sinceros.

Existem PPP's cuja taxa de rentabilidade é efectivamente superior a 10% nomeadamente no que diz respeito às parcerias rodoviárias.

No entanto, ao nível da saúde não é bem assim. Pegando no exemplo da vossa apresentação, o Hospital de Cascais (cuja PPP foi efectuada com o Grupo CGD - portanto, Estado Português) representa neste momento um prejuízo na ordem dos 10 milhões de euros/ano e o mesmo se passa em relação ao Hospital de Braga (neste caso para o Grupo Mello). Isto porque os pressuspostos da negociação não foram cumpridos pelo Estado.

Entretanto, faz parte do acordo estabelecido com a Troika que, durante o mês de Março se iniciem os trabalhos de auditoria a todos os contratos das PPP's por forma a quantificar de forma criteriosa as responsabilidades e os montantes a suportar pelo Estado.

A Troika está, naturalmente, preocupada com o facto de não se estar a ter em linha de conta o impacto no defice nacional destes encargos pelo que todos os contratos estarão sujeitos a revisão.

Entretanto uma informação adicional: as últimas PPP's contratadas pelo Socretino para dar a ilusão de crescimento económico têm, como principal banco de investimento, a Caixa Geral de Depósitos devido à fuga dos financiadores internacionais. Ou seja, os meus amigos aqui do MU que têm as suas contas abertas na CGD fazem parte da "elite financeira" que está a deitar abaixo a classe média neste país.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 3:07 pm

Grimner Escreveu: Se tivesses a sobriedade de confessar que não leste bem, no entanto, terias verificado que eu nunca fiz nenhuma comparação directa, e sempre tive o cuidado de realçar diferenças entre casos. Aliás, eles são até bem diferentes entre si. A única comparação indesmentível que se faz com Portugal é a do falhanço em toda a linha das políticas de austeridade, e de a existência de alternativas que são casos estudo viáveis, se houvesse uma vontade política que não fosse a de vergar e contrair ainda mais o país. Até poderia em última análise atirar a Alemanha como exemplo, que acumula defaults como o nosso governo diz merda.

Muitas vezes, portanto.



Li perfeitamente! Aliás, li tão bem que voltas a manter a comparação "indesmentível" neste teu post. E o que te digo é que não podes comparar a Belgica, o Equador, a Argentina e a Islandia com Portugal por forma a evitares a politica de austeridade.

Aliás, já deixei aqui elementos sobre a Belgica e brevemente deixo elementos sobre os restantes casos.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 3:47 pm

Grimner Escreveu:
Acrescentando: A "liberalização" do trabalho nestes moldes não recompensa o mérito. Pelo contrário, torna-o completamente irrelevante, face à possibilidade que dá aos empresários de dispensar funcionários com experiência e competência por estagiários assalariados, ou novos quadros mais precarizados por um salário inferior.

O institucionalizar da preguiça é, como piada, fraquinha. Ainda para mais num estado empenhado em destruir todos os apoios sociais em detrimento da caridade, modelo sopa dos pobres.


Nenhuma empresa que se queira manter activa despede um funcionário com experiência e competência sendo que, nem o pode fazer, com base nesta legislação.

Mas, se eu tiver um funcionário que nem sequer se esforça em trabalhar com um computador, porque é que a empresa não o pode substituir?

É preferível, proceder a um despedimento colectivo ou pedir insolvência conforme está a acontecer actualmente?

Uma maior liberalização leva a que o trabalhador tenha de se empenhar na sua valorização pessoal e profissional com largos beneficios para ele e para o país.

É o melhor conselho que costumo dar aos meus filhos, amigos ou clientes: eu não dependo do meu patrão, o meu patrão é que depende de mim.


Mas dou-te dois exemplos muito recentes de como as empresas, trabalhadores, sindicatos ou comissões de trabalhadores podem agir perante o actual contexto económico:


Esta semana estive numa empresa na área dos serviços que perdeu o seu principal cliente (representando cerca de 60% do seu volume de negócios). Esta empresa pode avançar para um processo de despedimento colectivo mas, optou por reunir os trabalhadores (cerca de 60) chegando a acordo com eles nos seguintes termos:

=Não vão ser efectuados despedimentos

=Não vão ser distribuidos dividendos aos socios nem prémios aos trabalhadores

=Foram efectuados cortes na redução das despesas

=Vai ser efectuado um investimento da empresa na formação das pessoas mas fora do horário de trabalho

Todos aceitaram e todos afirmaram o seu empenho em ultrapassar este momento.

Pela experiência que tenho tido ao longo de 26 anos a trabalhar posso assegurar que uma comissão de trabalhadores vale mais do que um sindicato.

Aliás, hoje é dia de Carnaval, todos eles tinham direito ao dia por força do Contrato Colectivo de Trabalho e eu passei por lá esta manhã encontrando quase todos a trabalhar...sem receberem horas extra e motivados e empenhados em salvar a empresa.


Segundo exemplo:

Uma empresa industrial com 3 turnos de laboração perdeu igualmente cerca de 60% do seu volume de negócios devido à crise do sector da construção em Portugal e Espanha. A administração reuniu os trabalhadores e tentou negociar o fim do 3º turno de laboração procurando compensar os trabalhadores afectados reduzindo o nº de horas de trabalho para todos.
No 3º turno não existia qualquer produção e os trabalhadores limitavam-se a circular pela fabrica e a fazer umas partidas de sueca.

Com esta proposta, todos receberiam menos, mas não haveria lugar a um despedimento colectivo.

O Sindicato veio dizer que não senhor! Os trabalhadores avançaram para greve. Resultado: empresa pediu insolvência. Fez-se um acordo de credores pois a empresa era viável reorganizando a sua estrutura e, de 350 trabalhadores, neste momento só estão a trabalhar 100, tendo ido 250 para o desemprego.

Em resumo, se queres transformar o país numa luta de classes tendo por base os direitos adquiridos, efectivamente, vamos ter de empobrecer para poder rivalizar com a China ou com a India.

Se, em sentido inverso, cada um de nós tiver a preocupação de cumprir com os seus deveres e apostar na sua valorização e no seu empenho, então Portugal vai conseguir ultrapassar esta fase.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 4:11 pm

HFVM Escreveu:O caso do Montepio não se resume somente à transferência de Porto para Lisboa. Neste momento andam a transferir funcionários de uns locais para os outros com o único objectivo de provocar saídas voluntárias pois os mesmos são transferidos de um dia para o outro, sem ajudas de custo (transporte, etc...). No Montepio querem limpar funcionários a toda a força. E não falo pelo que leio. Falo porque tenho lá amigos. Isto para além de que o pessoal do Finibanco caiu no Montepio e não foram dadas formações para as pessoas entrarem no esquema do "novo" banco e nem os funcionários do Montepio recebem muito bem os estranhos do Finibanco.



HFVM

O melhor conselho que posso dar aos teus amigos decorre da minha experiência pessoal:

Os anos em que estive na Banca começaram no Banco Totta & Açores. Logo por azar, apanhei duas integrações. Primeiro quando o BPSM do António Champalimaud compra o Totta e depois quando o Santander compra o Totta ao Champas.

O Banco que compra tenta sempre eliminar a cultura de empresa do Banco comprado. Por esse motivo, foi aqui que passei por várias agências sendo avisado de véspera da mudança e sem qualquer ajuda de custo. Aliás, apesar de ser gerente, não tinha direito a viatura nem a telemóvel ao contrario dos meus colegas do Santander. Só aqui gastava cerca de 250 euros por mês que o Santander não me reembolsava.

No entanto, sempre considerei as mudanças de agência a que me sujeitavam como grandes oportunidades. No fundo, os gastos adicionais que eu tinha eram um investimento que eu fazia em mim próprio. Graças a estas mudanças pude conhecer o tecido empresarial e estabelecer relações comerciais com muitas empresas, empresários e trabalhadores dos maiores concelhos de Lisboa, Setubal e Vila Franca de Xira.

Em 2005 quando pedi a demissão do Banco por não concordar com a politica comercial que estava a ser conduzida pelo Santander, pude manter a minha relação comercial com grande parte destas empresas sendo muitas delas minhas clientes actualmente numa área de negócio completamente diferente.

Dou-te outro exemplo:

Há cerca de 15 anos atrás eu era gerente em Cascais. Certo dia estava eu em casa (moro na Amadora) já jantado e sentadinho no sofá a ver televisão. Ás 22.30 da noite liga-me um cliente para o telemóvel. Era o melhor cliente da minha agência reclamando que estava no Carrefour com o carro cheio de compras para pagar e que o cartão multibanco não funcionava.

Bem, naquele momento só podia fazer uma coisa: saí de casa, peguei no carro e em 20 minutos estava ao pé do homem. Eu próprio paguei as compras e garanti-lhe que no dia seguinte iria resolver o problema do cartão.

No dia seguinte o cliente foi à minha agência, tratamos de pedir um novo cartão, o senhor reembolsou-me o valor que eu paguei das compras e hoje em dia, 15 anos depois e 6 anos depois de sair da Banca, além de ser um grande amigo pessoal é o meu melhor cliente.

Portanto, os teus amigos que encarem a situação como uma oportunidade, aproveitem ao máximo para retirar ensinamentos e experiencia da nova organização em que estão inseridos. Será importante que o façam na área comercial que é o sector onde mais se aprende dentro de um Banco.

Se não estiverem satisfeitos, aproveitem o investimento que fizeram e mudem de emprego.
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Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 5:17 pm

Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor phbz » terça fev 21, 2012 5:33 pm

Lá aquela senhora de Beja, ou lá onde era, acabou por perder uma grande oportunidade de ser nadadora salvadora.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 6:01 pm

phbz Escreveu:Lá aquela senhora de Beja, ou lá onde era, acabou por perder uma grande oportunidade de ser nadadora salvadora.


Meu jovem

Se querias fazer uma piadita sobre o que foi a minha vida e sobre os conselhos que dei anteriormente estiveste mal.

É que, felizmente, se for necessário podar uma videira ou pegar num tractor para trabalhar a terra eu sei fazer isso, se for preciso pegar num balde de massa para rebocar uma parede também o sei fazer tal como sei servir cafés e até cozinhar pois já trabalhei a fazer tudo isso.

Mas quando eu procuro alguém para me ajudar a trabalhar no campo anda tudo com dores nas costas e se não forem os velhotes da terra a ajudar-me ninguém aparece para pegar na enxada ou na tesoura da poda.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor OrDoS » terça fev 21, 2012 6:24 pm

Pedro Lopes Escreveu:http://www.publico.pt/Sociedade/parlamento-rejeita-beber-agua-da-torneira-porque-sai-30-mais-cara-do-que-a-engarrafada-1534706

Genial!


"O Conselho de Administração também considerou o custo dos jarros em si, avaliados em 4680 euros – o equivalente a 18 meses de água mineral."

FDX!!! :shock: Vais ver que é um por deputado, não?! E que tal uma torneira e cada deputado leva a sua caneca/cantil, que é o que eu faço no emprego?! Praquele sítio que os pariu a todos! Que má vontade! :x
From word to a word I was led to a word...
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor phbz » terça fev 21, 2012 8:07 pm

Pedro Lopes Escreveu:
phbz Escreveu:Lá aquela senhora de Beja, ou lá onde era, acabou por perder uma grande oportunidade de ser nadadora salvadora.


Meu jovem

Se querias fazer uma piadita sobre o que foi a minha vida e sobre os conselhos que dei anteriormente estiveste mal.

É que, felizmente, se for necessário podar uma videira ou pegar num tractor para trabalhar a terra eu sei fazer isso, se for preciso pegar num balde de massa para rebocar uma parede também o sei fazer tal como sei servir cafés e até cozinhar pois já trabalhei a fazer tudo isso.

Mas quando eu procuro alguém para me ajudar a trabalhar no campo anda tudo com dores nas costas e se não forem os velhotes da terra a ajudar-me ninguém aparece para pegar na enxada ou na tesoura da poda.


Oh pá, eu se há coisa que me deixa descansado é haver gente como tu.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » terça fev 21, 2012 10:11 pm

Pedro Lopes Escreveu:
death in geres Escreveu:Imagem



A pedido de várias familias aqui vão algumas observações sobre a questão da Belgica.

Antes de mais, não me recordo de ter encontrado algum pedido de demissão por parte aqui do Rui. Se o ideal é não ter governo, ele poderia dar o exemplo pedindo a demissão do tacho que lhe arranjaram em Bruxelas. Por outro lado, estando ele na Belgica, surpreende-me que ele não fale com Belgas para perceber qual o motivo que permitiu à Belgica ter estado tanto tempo sem governo.

Se eu que estou em Portugal, consigo, através dos clientes e fornecedores que tenho na Belgica obter alguma informação sobre o assunto, mais fácil seria para ele que passa por lá todas as semanas fazer as mesmas perguntas que eu fiz.

A não ser, claro, que não exista neste artigo alguma honestidade intelectual mas apenas demagogia pura.

De qualquer forma, para ele e para os demais fica uma pequena análise de como funciona a Belgica.

A Bélgica tem um modelo de crescimento económico consolidado que tem permitido níveis de crescimento económico assinaláveis nos últimos anos e reacções eficazes a períodos de contracção.

Nas últimas duas décadas, a economia cresceu em média cerca de 2% por ano. A Bélgica é uma economia de mercado, com um elevado grau de abertura ao exterior que nas últimas duas décadas cresceu em média cerca de 2% ao ano. Só as exportações representam dois terços do Produto Interno Bruto.

Este modelo de crescimento decorre de um conjunto de factores como a localização geográfica privilegiada, a natureza multi-linguística da população e o espírito empreendedor de abertura a novas experiências do povo belga, que levou a que a Bélgica tenha sido o primeiro país na Europa continental a desenvolver a revolução industrial, no decorrer do século XIX mantendo-se actualmente como um dos países mais industrializados do mundo.

Além disso, a Bélgica apostou na formação de uma mão-de-obra altamente qualificada, que decorre de uma aposta clara na qualidade e orientação do sistema educativo. Em resultado, esta mão-de-obra é adequada ao modelo produtivo dominante e apresenta elevados níveis de produtividade, sendo esta uma área onde apresenta vantagem competitiva na produção de bens com elevado valor acrescentado. A Bélgica destaca-se pela capacidade que tem em comprar matérias primas, transformar, acrescentar valor e depois vender. Consegue assim desenvolver este modelo de crescimento sem que possua recursos naturais relevantes.

A Bélgica tem sabido manter uma política que privilegia o contacto com o exterior, não tendo qualquer restrição à entrada de capitais estrangeiros no tecido produtivo do país, o que torna o país atractivo em termos de captação de Investimento Directo Estrangeiro. Além disso, a captação do investimento estrangeiro torna-se mais favorável quando este país é reconhecido como tendo baixos níveis de corrupção (dos mais baixos do Mundo) e os direitos de propriedade e direitos de autor estarem convenientemente protegidos.

Entre os pontos fracos do actual modelo de crescimento há a destacar dois factores: apesar da Bélgica beneficiar de um tecido produtivo muito desenvolvido e orientado para o exterior, a gestão socio-política é complexa sendo um país com fortes divisões regionais, o que dificultou a concretização de um governo e a implementação de reformas mais profundas. Em termos de gestão económica, nas décadas de 70 e 80, após os choques petrolíferos que afectaram a economia internacional, vieram ao de cima algumas vulnerabilidade em termos de política orçamental, com a reacção das autoridades belgas a contribuírem para desequilíbrios orçamentais que ainda hoje subsistem, nomeadamente no que respeita ao peso da dívida pública no PIB.

Com efeito, o rácio de dívida pública face ao PIB ascendeu a 135% no inicio da década de 90. Desde então, foi assumido um esforço de redução da dívida, o que aconteceu de forma sustentada até 2007, antes do período da crise internacional.

O processo de consolidação fiscal foi iniciado de forma moderada na década de 80, fortemente incentivado pelas regras de acesso à moeda única europeia. Nesse contexto, foram definidos objectivos claros no sentido de fazer convergir de forma sustentada os rácios de acordo com os critérios de convergência (60% no caso da dívida e 3% no caso do défice fiscal). O processo de convergência decorreu em duas fases. Numa primeira fase, a solução passou por uma aposta em receitas fiscais elevadas, que embora resolvessem o lado do défice, não impediram uma deterioração da divida pública; numa segunda fase, a solução passou por uma reforma fiscal, nomeadamente ao nível das competências federais nesta matéria.

As reformas implementadas deram maiores competências às regiões na gestão dos seus orçamentos, mas também impuseram maiores limitações á possibilidade de despesa e endividamento.

Ou seja, ao contrário do que se passa nas nossas regiões, a Bélgica desenvolveu um acordo político em torno dos objectivos de consolidação fiscal, que permitiram a implementação de medidas de médio e longo prazo importantes na contenção da despesa.

Em 2009, com a crise que afectou todos os países, voltou-se a registar um agravamento do rácio da divida pública e do défice.

Daí a preocupação em que sejam criados consensos políticos e a necessidade de se criar um governo federal. A delegação de poderes, competências e responsabilidades nas autoridades regionais que se efectuou nas décadas de 80 e 90 permitem que a governação decorra de forma eficaz a nível local mas constitui um risco a médio prazo pois é fundamental ajustar as medidas de consolidação orçamental tendo por base um acordo politico assente no governo federal.

Os exemplos que Portugal pode retirar do exemplo da Bélgica não têm a ver com a ausência de governo mas com o facto de ser fundamental a qualificação da mão de obra pois, na ausência de recursos naturais, serão os recursos humanos a fazer a diferença. Por outro lado, não tendo uma localização privilegiada a nível europeu somos seguramente uma porta de entrada para mercados emergentes como o Brasil e os Palop que deve ser aproveitada. Acresce ainda o facto da consolidação orçamental e o corte da despesa serem efectuados na Bélgica de uma forma devidamente monitorizada com as diversas regiões a assegurarem um papel fundamental na prossecução destes objectivos.


Demagogia estás tu a usar com essa resposta e com a ironia absurda do pedido de demissão. A questão não se prende com um elogio à anarquia mas sim à constatação que, por ausência de governo houve também ausência de... austeridade. E que a ausência de austeridade tem sido instrumental na recuperação económica do país.

Aliás, tem sido de resto esse o meu ponto. Aquilo que eu classifiquei de indesmentível ( e que de facto não foi ainda desmentido) é o facto simples da austeridade não ter nunca resultado, e os países que estão neste momento sob o jugo da dita apenas comprovarem esse facto. E os países que estiveram sob o jugo da dita terem comprovado este facto enquanto estiveram debaixo desse tipo de medidas, começando a crescer APENAS quando cortaram com o FMI. ,

A Austeridade serve essencialmente para criar medidas de contracção social. Mas como instrumento de recuperação económica, falhou sempre. Por muito que pesem as diferenças individuais entre os países. A austeridade é na melhor das hipóteses um erro, na maior das probabilidades uma forma de destruir direitos e regalias adquiridos. Aliás, a única comparação que tenho feito com Portugal é mesmo a Grécia e a Irlanda. Que não, não está a recuperar tão bem como dizem e está com índices de emigração nunca vistos desde a fome da batata.

Quanto às elites económicas, fica-te mal a falácia. Tentar afirmar que somos a elite económica por termos contas nos bancos é como dizer isto de forma eufemistica... parvo. Eu tenho uma conta na CGD, que é usada sem a minha consulta para os investimentos do mesmo. Isso fará de mim um cliente, não uma elite económica. Não recebo lucros dos investimentos feitos com a minha conta corrente, não tenho direito a opinião. As elites económicas existem nas gerências e conselhos de administração de muitos desses bancos, e vivem em constante promiscuidade com o poder político, consolidando e forçando a mão do mesmo. Vide Mário Draghi. A existência de um alto dirigente de um banco ligado à maior crise de há 100 anos, com influência directa em casos de corrupção na Grécia e que agora é parte da comissão tripartida que castiga toda a Europa por uma crise começada pelo seu banco é um exemplo perfeito de uma elite económica. A negação da existência das mesmas é causa-me muita perplexidade. A luta de classes já existe, e existe a partir do momento em que se lança uma ofensiva de destruição de postos de trabalho, implementação de desemprego, maiores dificuldades no acesso à educação e à saúde, ou na destruição do poder de compra.


Há lacunas na apresentação das PPP's hospitalares, o mais grave de todos a falta de datas, mas os dados que estão neste momento no site são o material de apoio de apresentações orais feitas no lançamento da auditoria. Falas de perdas tremendas no caso do Hospital de Braga, e terás razão, mas toda a gente aponta esse caso como um exemplo paradigmático de uma gestão ruinosa ( e danosa), apontando-se irregularidades mesmo a nível legal ao grupo privado. O que não impede que este não tenha tido lucros noutros sítios. A gestão do Amadora Sintra por este mesmo grupo revelou-se tão danosa que o próprio Sócrates teve de fingir que intervia, terminando essa exploração alegando irregularidades e reatribuindo outra concessão a exactamente os mesmos administradores mal o assunto morreu na comunicação social. Nada disso exclui que as PPP's sejam, na sua maioria dos casos, extremamente vantajosas para os grupos privados.

Quanto aos "conselhos" que dás (de tom ligeiramente paternalista, há que dizê-lo) aos amigos do HFVM, ninguém deveria ser obrigado a aceitar mobilidades. Se devem haver programas de incentivo? Sem dúvida, mas isso deve ser uma opção, e não uma obrigação. Pelo que dizer que aceitem a tentativa de os forçar para fora da empresa como uma "oportunidade" é francamente insultuoso.
Eu já vi o raxx num papo seco
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Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » terça fev 21, 2012 11:42 pm

Grimner Escreveu:
Demagogia estás tu a usar com essa resposta e com a ironia absurda do pedido de demissão. A questão não se prende com um elogio à anarquia mas sim à constatação que, por ausência de governo houve também ausência de... austeridade. E que a ausência de austeridade tem sido instrumental na recuperação económica do país.



Não leste o que escrevi sobre o que fez a Belgica. O rigor orçamental existe desde há longos anos e o problema de não existir governo implica no facto de ser necessário, exactamente, maior rigor orçamental e mais austeridade conforme se constatou aliás, assim que o novo governo tomou posse.

Grimner Escreveu:
Aliás, tem sido de resto esse o meu ponto. Aquilo que eu classifiquei de indesmentível ( e que de facto não foi ainda desmentido) é o facto simples da austeridade não ter nunca resultado, e os países que estão neste momento sob o jugo da dita apenas comprovarem esse facto. E os países que estiveram sob o jugo da dita terem comprovado este facto enquanto estiveram debaixo desse tipo de medidas, começando a crescer APENAS quando cortaram com o FMI. ,

A Austeridade serve essencialmente para criar medidas de contracção social. Mas como instrumento de recuperação económica, falhou sempre. Por muito que pesem as diferenças individuais entre os países. A austeridade é na melhor das hipóteses um erro, na maior das probabilidades uma forma de destruir direitos e regalias adquiridos. Aliás, a única comparação que tenho feito com Portugal é mesmo a Grécia e a Irlanda. Que não, não está a recuperar tão bem como dizem e está com índices de emigração nunca vistos desde a fome da batata.



Para evitares a austeridade precisas de reduzir a tua dependência em relação ao financiamento da economia.

Para teres crescimento precisas de dinheiro que não tens. Na última década o nosso crescimento foi efectuado com base num aumento de divida e distribuição irresponsável do dinheiro. O crescimento da nossa economia depende das medidas que a Europa queira implementar e do nível de empenho dos portugueses sobretudo ao nível das exportações (já nem falo no problema da economia paralela).

É que Portugal não tem petróleo como tem o Equador ou 30% da população abaixo do limiar da pobreza, não tem o nivel de industrialização que tem a Belgica, não está a passar pelo que passou a Argentina onde as pessoas se viram forçadas a deixar de usar dinheiro no seu dia a dia voltando ao sistema de troca directa, nem é uma aldeia como é a Islandia que, aliás, não rompeu com o FMI ao contrário do que dizes e mantém todos o seu potencial de crescimento económico uma vez que a sua crise foi apenas financeira.

Portugal tem um problema de dependência de dinheiro que tem de ser resolvido com ajustamento, com austeridade e com medidas estruturais tremendas.

Ainda não li da tua parte onde é que Portugal vai buscar o dinheiro para financiar a sua economia.


Grimner Escreveu:
Quanto às elites económicas, fica-te mal a falácia. Tentar afirmar que somos a elite económica por termos contas nos bancos é como dizer isto de forma eufemistica... parvo. Eu tenho uma conta na CGD, que é usada sem a minha consulta para os investimentos do mesmo. Isso fará de mim um cliente, não uma elite económica. Não recebo lucros dos investimentos feitos com a minha conta corrente, não tenho direito a opinião. As elites económicas existem nas gerências e conselhos de administração de muitos desses bancos, e vivem em constante promiscuidade com o poder político, consolidando e forçando a mão do mesmo. Vide Mário Draghi. A existência de um alto dirigente de um banco ligado à maior crise de há 100 anos, com influência directa em casos de corrupção na Grécia e que agora é parte da comissão tripartida que castiga toda a Europa por uma crise começada pelo seu banco é um exemplo perfeito de uma elite económica. A negação da existência das mesmas é causa-me muita perplexidade. A luta de classes já existe, e existe a partir do momento em que se lança uma ofensiva de destruição de postos de trabalho, implementação de desemprego, maiores dificuldades no acesso à educação e à saúde, ou na destruição do poder de compra.



Parvo?

Meu caro, se colocas o teu dinheiro num banco esperas que o mesmo te transmita segurança e rentabilidade.

Além disso, a CGD sendo pública, contribui com os seus dividendos para a receita do Estado.

Se tens uma sociedade gestora de fundos com capital de vários sindicatos, o que estes esperam é ter rentabilidade no seu investimento, ou não é assim?

O problema das elites tem a ver com o poder, a ausência de valores e a dependência que a economia portuguesa tem em relação ao Estado. E esta elite é muito maior do que os gerentes ou os administradores bancários.

Esta elite vai desde o simples responsável pelas compras de uma autarquia passando pelo angariadores do financiamento aos partidos e acabando na subsidio dependencia em que este país se transformou.

E são muitos mais os exemplos que, aliás, tenho colocado por aqui desde há longa data.


Grimner Escreveu:
Há lacunas na apresentação das PPP's hospitalares, o mais grave de todos a falta de datas, mas os dados que estão neste momento no site são o material de apoio de apresentações orais feitas no lançamento da auditoria. Falas de perdas tremendas no caso do Hospital de Braga, e terás razão, mas toda a gente aponta esse caso como um exemplo paradigmático de uma gestão ruinosa ( e danosa), apontando-se irregularidades mesmo a nível legal ao grupo privado. O que não impede que este não tenha tido lucros noutros sítios. A gestão do Amadora Sintra por este mesmo grupo revelou-se tão danosa que o próprio Sócrates teve de fingir que intervia, terminando essa exploração alegando irregularidades e reatribuindo outra concessão a exactamente os mesmos administradores mal o assunto morreu na comunicação social. Nada disso exclui que as PPP's sejam, na sua maioria dos casos, extremamente vantajosas para os grupos privados.



Podes apontar o que quiseres se te baseias em noticias de imprensa. Se quiseres ou alguém da tua auditoria cidadã quiser saber pormenores e recolher informação exacta sobre a gestão da saúde através das PPP's podes pedir para falar comigo.

De qualquer forma, durante o próximo trimestre vai haver mais novidades publicas e oficiais sobre estes contratos.


Grimner Escreveu:
Quanto aos "conselhos" que dás (de tom ligeiramente paternalista, há que dizê-lo) aos amigos do HFVM, ninguém deveria ser obrigado a aceitar mobilidades. Se devem haver programas de incentivo? Sem dúvida, mas isso deve ser uma opção, e não uma obrigação. Pelo que dizer que aceitem a tentativa de os forçar para fora da empresa como uma "oportunidade" é francamente insultuoso.



Meu caro

O que eu dei foi um exemplo de vida de alguém que já passou por uma intervenção do FMI que o obrigou a começar a trabalhar aos 16 anos para pagar os estudos.

Os exemplos que dei serão insultuosos para quem não os quer perceber.

Eu não falo de cor nem falo pelo que ouvi dizer. Falo da minha experiencia pessoal pois penso que é importante partilhar o que fiz para ultrapassar as dificuldades.

Não venho aqui para me vangloriar mas para partilhar experiencias de vida. Os que daqui me conhecem sabem perfeitamente que não ando atrás de favores nem de elogios e faço sempre todos os possíveis para ajudar quem precisa.

O facto é que, foi a forma como encarei a mobilidade a que me obrigaram nos diversos empregos, que me permite, actualmente, poder desempenhar várias funções sem qualquer receio.

Não quis transmitir insultos mas apenas a importância que todos devemos ter na nossa valorização pessoal e profissional.

Se achas isso insultuoso (ou parvo como me chamaste) é-me totalmente indiferente.

No entanto, se achas que não tenho legitimidade para partilhar as minhas ideias, sendo tu um moderador, só tens de me enviar uma PM e eu corresponderei naturalmente ao que me for solicitado.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Quetzalcoatl » terça fev 21, 2012 11:51 pm

"Por um outro lado, a existência da escravidão em Atenas era o que permitia ao homem livre ocupar-se somente da vida política. Isso implica dizer que a democracia grega existia graças à escravidão.O homem grego com uma forte consciência política, via no Estado sua razão de existir, por isso sentia necessidade de integrar-se na vida política." - Retirado da wikipédia para liberdade de expressão


Deixo vos uma frase para pensarem um pouco em vez de andarem à estalada e não chegarem (como normalmente) a lado nenhum.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » quarta fev 22, 2012 1:04 am

Pedro Lopes Escreveu:
Grimner Escreveu:
Demagogia estás tu a usar com essa resposta e com a ironia absurda do pedido de demissão. A questão não se prende com um elogio à anarquia mas sim à constatação que, por ausência de governo houve também ausência de... austeridade. E que a ausência de austeridade tem sido instrumental na recuperação económica do país.



Não leste o que escrevi sobre o que fez a Belgica. O rigor orçamental existe desde há longos anos e o problema de não existir governo implica no facto de ser necessário, exactamente, maior rigor orçamental e mais austeridade conforme se constatou aliás, assim que o novo governo tomou posse.

Grimner Escreveu:
Aliás, tem sido de resto esse o meu ponto. Aquilo que eu classifiquei de indesmentível ( e que de facto não foi ainda desmentido) é o facto simples da austeridade não ter nunca resultado, e os países que estão neste momento sob o jugo da dita apenas comprovarem esse facto. E os países que estiveram sob o jugo da dita terem comprovado este facto enquanto estiveram debaixo desse tipo de medidas, começando a crescer APENAS quando cortaram com o FMI. ,

A Austeridade serve essencialmente para criar medidas de contracção social. Mas como instrumento de recuperação económica, falhou sempre. Por muito que pesem as diferenças individuais entre os países. A austeridade é na melhor das hipóteses um erro, na maior das probabilidades uma forma de destruir direitos e regalias adquiridos. Aliás, a única comparação que tenho feito com Portugal é mesmo a Grécia e a Irlanda. Que não, não está a recuperar tão bem como dizem e está com índices de emigração nunca vistos desde a fome da batata.



Para evitares a austeridade precisas de reduzir a tua dependência em relação ao financiamento da economia.

Para teres crescimento precisas de dinheiro que não tens. Na última década o nosso crescimento foi efectuado com base num aumento de divida e distribuição irresponsável do dinheiro. O crescimento da nossa economia depende das medidas que a Europa queira implementar e do nível de empenho dos portugueses sobretudo ao nível das exportações (já nem falo no problema da economia paralela).

É que Portugal não tem petróleo como tem o Equador ou 30% da população abaixo do limiar da pobreza, não tem o nivel de industrialização que tem a Belgica, não está a passar pelo que passou a Argentina onde as pessoas se viram forçadas a deixar de usar dinheiro no seu dia a dia voltando ao sistema de troca directa, nem é uma aldeia como é a Islandia que, aliás, não rompeu com o FMI ao contrário do que dizes e mantém todos o seu potencial de crescimento económico uma vez que a sua crise foi apenas financeira.

Portugal tem um problema de dependência de dinheiro que tem de ser resolvido com ajustamento, com austeridade e com medidas estruturais tremendas.

Ainda não li da tua parte onde é que Portugal vai buscar o dinheiro para financiar a sua economia.


Grimner Escreveu:
Quanto às elites económicas, fica-te mal a falácia. Tentar afirmar que somos a elite económica por termos contas nos bancos é como dizer isto de forma eufemistica... parvo. Eu tenho uma conta na CGD, que é usada sem a minha consulta para os investimentos do mesmo. Isso fará de mim um cliente, não uma elite económica. Não recebo lucros dos investimentos feitos com a minha conta corrente, não tenho direito a opinião. As elites económicas existem nas gerências e conselhos de administração de muitos desses bancos, e vivem em constante promiscuidade com o poder político, consolidando e forçando a mão do mesmo. Vide Mário Draghi. A existência de um alto dirigente de um banco ligado à maior crise de há 100 anos, com influência directa em casos de corrupção na Grécia e que agora é parte da comissão tripartida que castiga toda a Europa por uma crise começada pelo seu banco é um exemplo perfeito de uma elite económica. A negação da existência das mesmas é causa-me muita perplexidade. A luta de classes já existe, e existe a partir do momento em que se lança uma ofensiva de destruição de postos de trabalho, implementação de desemprego, maiores dificuldades no acesso à educação e à saúde, ou na destruição do poder de compra.



Parvo?

Meu caro, se colocas o teu dinheiro num banco esperas que o mesmo te transmita segurança e rentabilidade.

Além disso, a CGD sendo pública, contribui com os seus dividendos para a receita do Estado.

Se tens uma sociedade gestora de fundos com capital de vários sindicatos, o que estes esperam é ter rentabilidade no seu investimento, ou não é assim?

O problema das elites tem a ver com o poder, a ausência de valores e a dependência que a economia portuguesa tem em relação ao Estado. E esta elite é muito maior do que os gerentes ou os administradores bancários.

Esta elite vai desde o simples responsável pelas compras de uma autarquia passando pelo angariadores do financiamento aos partidos e acabando na subsidio dependencia em que este país se transformou.

E são muitos mais os exemplos que, aliás, tenho colocado por aqui desde há longa data.


Grimner Escreveu:
Há lacunas na apresentação das PPP's hospitalares, o mais grave de todos a falta de datas, mas os dados que estão neste momento no site são o material de apoio de apresentações orais feitas no lançamento da auditoria. Falas de perdas tremendas no caso do Hospital de Braga, e terás razão, mas toda a gente aponta esse caso como um exemplo paradigmático de uma gestão ruinosa ( e danosa), apontando-se irregularidades mesmo a nível legal ao grupo privado. O que não impede que este não tenha tido lucros noutros sítios. A gestão do Amadora Sintra por este mesmo grupo revelou-se tão danosa que o próprio Sócrates teve de fingir que intervia, terminando essa exploração alegando irregularidades e reatribuindo outra concessão a exactamente os mesmos administradores mal o assunto morreu na comunicação social. Nada disso exclui que as PPP's sejam, na sua maioria dos casos, extremamente vantajosas para os grupos privados.



Podes apontar o que quiseres se te baseias em noticias de imprensa. Se quiseres ou alguém da tua auditoria cidadã quiser saber pormenores e recolher informação exacta sobre a gestão da saúde através das PPP's podes pedir para falar comigo.

De qualquer forma, durante o próximo trimestre vai haver mais novidades publicas e oficiais sobre estes contratos.


Grimner Escreveu:
Quanto aos "conselhos" que dás (de tom ligeiramente paternalista, há que dizê-lo) aos amigos do HFVM, ninguém deveria ser obrigado a aceitar mobilidades. Se devem haver programas de incentivo? Sem dúvida, mas isso deve ser uma opção, e não uma obrigação. Pelo que dizer que aceitem a tentativa de os forçar para fora da empresa como uma "oportunidade" é francamente insultuoso.



Meu caro

O que eu dei foi um exemplo de vida de alguém que já passou por uma intervenção do FMI que o obrigou a começar a trabalhar aos 16 anos para pagar os estudos.

Os exemplos que dei serão insultuosos para quem não os quer perceber.

Eu não falo de cor nem falo pelo que ouvi dizer. Falo da minha experiencia pessoal pois penso que é importante partilhar o que fiz para ultrapassar as dificuldades.

Não venho aqui para me vangloriar mas para partilhar experiencias de vida. Os que daqui me conhecem sabem perfeitamente que não ando atrás de favores nem de elogios e faço sempre todos os possíveis para ajudar quem precisa.

O facto é que, foi a forma como encarei a mobilidade a que me obrigaram nos diversos empregos, que me permite, actualmente, poder desempenhar várias funções sem qualquer receio.

Não quis transmitir insultos mas apenas a importância que todos devemos ter na nossa valorização pessoal e profissional.

Se achas isso insultuoso (ou parvo como me chamaste) é-me totalmente indiferente.

No entanto, se achas que não tenho legitimidade para partilhar as minhas ideias, sendo tu um moderador, só tens de me enviar uma PM e eu corresponderei naturalmente ao que me for solicitado.


Há que notar que não te chamei parvo. Chamei, e repito-o, parvo ao teu argumento. Porque o foi, além de nonsequitur.Indiquei a questão desta austeridade alargar o fosso e destruir a classe média, coisa a que obviamente continuas sem responder. E achei de facto de uma enorme condescendência em dizer, num ano em que o desemprego e a pobreza vão disparar em flecha, que se deve encarar isso como uma oportunidade.

Indiquei também, sem qualquer tipo de contra argumento, que uma austeridade que não provoque riqueza e que pelo contrário só destrói as finanças e o tecido social do país não irá resolver nada. Mentes quanto ao que afirmei da Islândia, ou pelo menos desconheces a situação. O FMI foi chamado ao país, mas isso não quer dizer que os termos que eles imponham tenham sido aceites. De facto, o busilis da questão Islandesa prende-se com a imposição do FMI que a Islândia pague a dívida dos seus bancos. O povo Islandês recusa. Quanto à Bélgica, beneficia sem dúvida de uma rede industrial mais forte, mas beneficia também de um estado social mais consolidado e de um nível de vida muito superior. Tudo benefícios que não foram removidos por ainda não terem sido implementadas medidas. O que estabiliza muito mais o país que quaisquer cortes nos direitos dos cidadãos Belgas e que estes, por enquanto, têm uma protecção social muito mais elevada que a nossa.

Por cá, e como na Grécia, o país continua inteiramente sujeito ao capricho dos mercados ( que lucram tremendamente com o manter desta situação, nunca é demais repetir). Que se aperte o cinto para ajustes orçamentais com um fim determinado à vista, entende-se. Que se entre numa política com um longo historial de fracasso e nenhum caso de sucesso (e que nas suas últimas consequências levou ao default brutal na Argentina) e se persista nela quando não há qualquer perspectiva de retorno dessas políticas, é absurdo.

Não diminuímos dívida contraindo dívida, não criamos indústria cortando no emprego, não se fomentam infraestruturas vendendo-as a grupos públicos estrangeiros, não se estimula a economia cortando no poder de compra e incentivando a saída de capitais do país, não se diminui a pobreza cortando nos direitos essenciais. Em suma, a austeridade está a fazer tudo ao contrário. A renegociação ou mesmo a anulação da dívida pela lógica das populações e não dos mercados é a solução, e é defensável constitucionalmente e a nível de direito internacional. Não se podem fazer alterações de qualquer espécie quando toda a nossa economia está dependente de uma dívida que toda a gente reconhece como impagável. A própria Alemanha sabe-o tão bem que o fez várias vezes no pós guerra, sempre que necessitou de espaço para redinamizar a sua economia. Os EUA fazem-no ( embora tenha sérias críticas à forma como o fazem). Pagar aquilo que não poderemos nunca pagar é de todas as possibilidades a mais ridícula. A única coisa mais ridícula é aceitar, como a Grécia está a fazer, um segundo empréstimo.
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