2009.12.25 - BIZARRA LOCOMOTIVA @Plano B, Porto

[Victor Lima]

Já que ninguém ainda falou disto, abro eu o tópico. Depois de muito comer, decidi sair de casa para ir ver Bizarra ao Plano B. Foi um atraso de hora e meia, já estava a ficar ligeiramente irritado, mas eis que os "maquinistas" entram em palco.
Bizarra Locomotiva foi arrasador, deram um concerto curto mas muito intenso. Foi a segunda vez que os vi (primeira no SBSR de 2005 penso) e era coisa que já andava para ver ha muito tempo e foi muito bom. Apresentaram as musicas do novo álbum e além disso ainda tivemos direito por exemplo a musicas como "O Frio" ou "Gatos do Asfalto".
O melhor disto tudo é que paguei 10€ e ainda ofereciam o cd que é excelente, achei uma boa iniciativa. E já que o cd era como se fosse de graça, comprei também a t-shirt deles (I'm wearing it right now!).
Grande noite! Mais alguém que esteve lá para contar como foi?

[The Meditant]

comprei também a t-shirt deles (I'm wearing it right now!)

Ah maldito, também queria mas não reparei em nada.

Nunca tinha posto os pés no Plano B, já tinha ouvido falar bastante mal do sítio por diversas razões, mas não me desapontou e julgo até que a Locomotiva trabalha melhor numa via férrea deste género do que em palcos enormes como os dos festivais de Verão. Exceptuando claro, a cabeçada do Alpha.
Vi muitas personalidades aqui do fórum, tb.

Em suma, adorei o concerto, enorme performance, nice setlist, estava à espera de um encorezito, mas os 10€ foram mais que bem esgalhados!

Foi impressão minha ou o anjo exilado esqueceu-se de parte da letra?

[PhiLiz]

Foi impressão minha ou o anjo exilado esqueceu-se de parte da letra?

Sim. Esqueceu-se do verso "Renego, ao Deus atroz em hora de assombro".

O concerto foi, como não poderia deixar de ser, muito conseguido. No entanto, tenho que dizer que de todas as vezes que os vi este ano foi provavelmente o que menos apreciei. Por um lado, penso que a setlist que foi demasiado centrada no último álbum. Não que eu desgoste do último álbum (muito longe disso), mas senti falta de algumas coisas passadas. Por outro lado - e este aspecto é muito pouco explicável - não senti a mesma intensidade que senti nos últimos concertos. No concerto de Leiria a 20 de Novembro já conhecia a setlist quase de cor (tinha-se presenciado já duas vezes na semana anterior) e no entanto, o nível de intensidade da banda foi tremendo.

Dois aspectos paralelos:
O primeiro deve-se à presença de Ribeiro em palco que nada adiciona ao que a banda faz. Não me incomoda (razão pela qual não relaciono com esta a menor apreciação com a prestação do mencionado indivíduo... até porque também teve na MusicBox e esse concerto foi de um nível superior a este), mas é bastante dispensável.
O segundo tem a ver com o "encore". Pessoalmente não sou apreciador de "encores", pelo que não me perturba minimamente não haver. Mas a razão pela qual não houve foi a falta de reacção do público quando a banda saiu. Inclusive na setlist que tenho estavam duas músicas para tocar caso houvesse manifestação que justificasse o tal encore, mas não havendo... Acho que também contribuiu para isto o facto de ter começado logo a passar música depois da banda abandonar o palco.

Não obstante, valeu (como sempre) muito a pena a deslocação já que BL, mesmo em dias menos conseguidos, oferece uma enorme demonstração de vitalidade e força.

Fica a setlist:
Egodescentralizado
Êxtases Doirados
Desgraçado De Bordo
Cada Homem
Ergástulo
O Grito
Druidas
Gatos Do Asfalto
O Frio
Outono
Remorso
Anjo Exilado
Engodo
O Escaravelho

[The Meditant]

PhiLiz, foste tu que estiveste sempre na linha da frente e me disse no final que era "o 1.º de muitos" ?

[PhiLiz]

PhiLiz, foste tu que estiveste sempre na linha da frente e me disse no final que era "o 1.º de muitos" ?

Exactamente.

[The Meditant]

PhiLiz, foste tu que estiveste sempre na linha da frente e me disse no final que era "o 1.º de muitos" ?

Exactamente.

Cheers.
Espero que isso se concretize.

[JVELHAGUARDA]

Primeira vez que entrei no plano b, tinha que ser por algo de diferente aliado ao dia em questão, só mesmo para entrar a bordo mais uma vez desta grande locomotiva (a par de moonspell já perdi a conta às vezes que vi)
De regresso à invicta desde os tempos do hardclub (se não estou em erro) que não vinham cá, e partiram tudo, como é hábito!!!! Concerto excelente da banda, a presença do fernando ribeiro, é sempre bem vinda, plano b, mais um sitio excelente da cidade invicta, pena é ser mais orientado para outras sonoridades.....
O aspecto menos conseguido foi o publico, mortinho, ainda de ressaca de todos os excessos de esta data, factor que se notou ao longo do concerto e foi pena porque a banda deu bem o litro!!!! muita rabanada.....
Bem outras vezes viram noutro sitio qualquer e com outra malta mais animada....

Druidas!!!! É preciso mais????!!!!!

[Sir Sardine]

Gostei. Já os tinha visto mais umas vezes mas não em condições tão favoráveis (acho que se dão melhor em palcos deste género, como aliás a maior parte das bandas se dá) e foi por isso o gig que mais gostei deles. Tirando o atraso e o preço da booze, ambos excessivos, estava tudo bastante bom, principalmente o som.

É sempre um dia excelente para sair de casa!

[BloodTells]

Apreciei bastante o concerto, os BL são sempre uma força da natureza e o Sidónio não deixa os seus créditos por mãos alheias.
Não gostei nada do atraso de 90 minutos, mas compreendo que este atraso tenha a ver com o dia em questão...

O setlist foi bom, mas não percebi o porquê do pessoal não pedir um encore, visto que informaram-me que eles tinham temas seleccionados para isso.

Aquela saída do palco pelo Sidónio ; estava cá atrás e quase que me levava à frente e a malta veio toda atrás.

[Johnny Rosbeef]

Mais um concerto a sofrer do mal habitual. Não estava mal de público mas seria de esperar um pouco mais de entusiasmo. Concerto razoável de bizarra e um álbum que não é grande espiga roçando a desilusão. Nota mais do que positiva para a Sónia Tavares com grande vestido negro bem gótico e alto corpete bem apertadinho.

[UnderØath]

Sónia Tavares com grande vestido negro bem gótico e alto corpete bem apertadinho.

bota jpégui nisso , mermão....

[Victor Lima]

Mais um concerto a sofrer do mal habitual. Não estava mal de público mas seria de esperar um pouco mais de entusiasmo. Concerto razoável de bizarra e um álbum que não é grande espiga roçando a desilusão. Nota mais do que positiva para a Sónia Tavares com grande vestido negro bem gótico e alto corpete bem apertadinho.

Álbum que não é grande espiga? Porra, achei que qualquer fã de Bizarra iria gostar ou pelo menos achar razoável. És o primeiro que ouço a dizer menos bem do álbum mas hey, é a tua opinião.

[Johnny Rosbeef]

Sim é a minha opinião e cada um tem o direito de achar o que quiser. Como fan da banda senti-me desiludido pois já não os bizarra de outrora mas ainda bem que há pessoal a curtir senão a banda estava mesmo na desgraça...

[The Meditant]

[spitfire]

aqui fica a review a serio da passagem da bizarra locomotiva pelo plano b
por:
Pedro José Barros (rascunho.net)

http://www.rascunho.iol.pt/artigo.php?id=2965





Bizarra Locomotiva deixam Plano B sem carris


Álbum Negro atormenta cidade Invicta em noite de consoada. Doses de fúria destiladas do melhor rock industrial português, sem calendário. Só o caos.



Plano B, Porto, 25 de Dezembro de 2009



Aglomeram-se corpos erectos na escuridão do túnel. O néon vermelho abençoa a coragem das almas. Os amantes não se deixam enganar pela bola de espelhos. Não vêm pulsar em ritmo dançante, vêm desaparecer no buraco que se vai abrir sob seus pés. Em dia de aniversário de Jesus, o Plano B, no Porto, esqueceu-se de decorar a árvore. Saudou os Bizarra Locomotiva e o seu Álbum Negro e disse adeus aos carris.



«Encharcado em químicos/ Respiro a lixeira que me rodeia/ Sinto náusea do estômago à epiderme da alma/ Sou esterco metafísico/ Olho à volta/ O quadrado insulta-me deixo-me cair… bato com o esterno/ A morte é violenta». Para quem não conhece o reino onde deambulam os Bizarra Locomotiva, a letra de Angústia, uma das músicas do novo Álbum Negro, é um bom bilhete. É só ligar o leitor de CD e deixar-se hipnotizar pela tortura da gota de água. Mas por agora é tempo para outra missa: uma hora do melhor rock industrial.



Já com uma sala muito bem composta, a Locomotiva chega à estação. Dispara de uma vez cinco balas visuais: o punkish Alpha no controlo das máquinas, Rui Berton assalta a bateria na retaguarda, o alien-demoníaco Miguel Fonseca pega na guitarra, o convidado especial Carlos Santos (Assemblent) fustiga o baixo de carisma e Rui Sidónio, também ele envolto num plástico negro, destila as primeiras doses de fúria. There’s no coming back now…



Bizarra Locomotiva ao vivo no Plano B


Estrume, vulvas e gatos



A prestação inicia-se com uma das melhores faixas de Álbum Negro. A guerreira Egodescentralizado é fósforo perfeito para o melhor headbanging e revela-se demolidora ao vivo. Emerge uma certeza: os Bizarra Locomotiva não querem cumprir calendário, pretendem instalar o caos e nadar em suor, com a língua de fora. Êxtases doirados prolonga o prazer, o «egoísmo latente» roça-se «na vulva» e mais à frente recupera-se o ser mecânico em Cada homem, do disco Homem Máquina.



Ergástulo é outra nova proposta. Mais lenta, de prolongado sofrimento. «Basta! Sou estrume! Esta é a minha certeza/ fertilizante orgânico/ do mal que tudo corrompe». Rui Sidónio renuncia altiva e orgulhosamente ao purgatório e rouba-nos um sorriso. Deixamo-nos levar.



As músicas sucedem-se e a banda retira do bolso guloseimas antigas como a electrizante Druídas e a indispensável Gatos do asfalto, ao mesmo tempo que o vocalista mergulha no clã de algumas t-shirts devotas, cumprindo outro ritual. A teatralidade dos companheiros compõe um quadro futurístico-surrealista grotesco e suburbano de que é difícil fugir.


Queda de um anjo



Em contraste com a gasolina imparável da banda, o público não se mostrava muito participativo. Do frio não poderia ser. Súbitas tréguas de paz natalícias? Seja do que for, a postura voyeur sobrepôs-se ao destilar incendiário.



Rui Sidónio diante da sua plateia

Para o final estava guardado um dos momentos da noite. Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell, que participou na gravação do disco, surge no meio da audiência e sobe ao palco para participar no calvário dos Bizarra. «Reneeego, renego tudo, renego mais que tudo», declaração de princípios de Anjo exilado, soa a unhas a rasgar o cimento e os momentos derradeiros da última música da noite, o clássico O escaravelho, eram dignos de moldura, mas estranhamente não houve pedidos de encore. Os Bizarra Locomotiva são uma espécie de arco-íris exangue, de curvatura acentuada e à prova de choque.