Seguiram-se os Necronautical, com uma abordagem completamente diferente do black metal relativamente à banda anterior, seguindo uma linha mais "tradicional", com corpsepaint, velas em palco, etc. No geral, gostei da sua atuação, teve momentos particularmente interessantes (mais para o final da atuaçãoi), embora também deva referir que me pareceu tudo um bocadinho "by the book", sem grandes rasgos (dito de outra forma, fará parte de um grupo de bandas de segunda/terceira linha de uma vertente mais mainstream do BM).
Finalmente tive oportunidade de rever os Akercocke, pois a única ocasião em que os vi já dista onze anos (SWR 2009). Em 2017, apesar de também ter estado presente no SWR, perdi a sua atuação. Deram um concerto de cerca de uma hora com uma intensidade de fazer corar muita banda novata. Foi uma verdadeira montanha russa de extremismo musical, com um bocadinho de tudo - death, black, avantgarde, mas tudo cozinhado de uma forma magistral, como muito poucas bandas o sabem fazer. Contam atualmente com 3 elementos da formação original (com o regresso do guitarrista Paul Scanlan), mostrando que a máquina continua muito bem oleada. O Jason mostrou, mais uma vez, ser um verdadeiro monstro de palco, no que foi muito bem secundado pelo baixista, segundo julgo saber apenas músico ao vivo, mas que se mostrou bastante empenhado e com energia para dar e vender. O David Gray mostrou-se como um verdadeiro polvo atrás do kit de bateria. A setlist contou com nove temas que atravessaram todos os quatro primeiros álbuns da discografia da banda (curiosamente ficaram de fora temas dos dois últimos álbuns), com maior destaque para o icónico The Goat of Mendes (Horns of Baphomet, que iniciou o concerto), Of Menstrual Blood and Semen, A Skin for Dancing In e Ceremony of Nine Angels, que encerrou), Hell (do 1º álbum), a enorme Scapegoat e a também excelente Son of the Morning (do Chronozon) e do Words That Go Unspoken, Deeds That Go Undone tocaram a Verdelet e a monstruosa Shelter from The Sand. Concertão que, só por si, justificou plenamente a minha presença no fest.

Para o final de noite, ficaram reservados os Nader Sadek. Como nunca os tinha visto (também perdi o concerto no SWR), e gostei do seu (já longínquo) álbum de estreia, tinha alguma expetativa para o concerto. Pois bem, essa expetativa saiu gorada. Desde logo, e isto é algo que já me ter um pouco o pé atrás, é o facto de ser quase um eufemismo referirmo-nos a Nader Sadek como uma banda, pois o seu line-up é um verdadeiro entra e sai que, teria forçosamente que ter reflexos (a meu ver, bem negativos) no som e performance geral da banda. Iria mesmo mais longe, e diria que qualquer semelhança entre a banda que gravou o In The Flesh e a banda que esteve em palco no RCA é pura coincidência (é bom recordar que os músicos que gravaram esse álbum foram nem mais nem menos que Flo Mounier, Rune Eriksen e Steve Tucker). O palco estava decorada com árvores (despidas de folhas) que o vocalista (com uma máscara meio bizarra) ia destruindo ao longo dos temas (de certa forma, fez-me lembrar os Gaerea em termos de apresentação em palco, mas aqui numa versão bem downgrade). Quanto à música, também não me conseguiu agarrar e só mesmo na parte final do concerto é que houve uma maior dose de energia e entrega vinda de palco (curiosamente o melhor momento do concerto foi no último tema em que o vocals, já liberto da máscara), conseguiu apresentar-se muito mais desenvolto em palco. Valeu por ficar a saber, in loco, qual a fase atual da banda.
Computo geral muito positivo para a segunda edição do fest (o ano passado também havia marcado presença). Boa organização, melhor venue em Lisboa para este tipo de eventos e horários cumpridos (excetuando o deslizar do horário em Nader Sadek, mas ainda assim aceitável).