2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

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Enigma
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2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor Enigma » segunda dez 04, 2017 12:21 am

Só fui ao último dia do fest (com muita pena minha, não pude ir no primeiro dia, adorava ter visto Earth Electric), por isso aqui fica o rescaldo apenas de sábado. Quem foi aos outros dias (Peixoto chamado à receção. :mrgreen: ), que diga de sua justiça.

Gold - é pela possibilidade de descobrir novas bandas que eventualmente me possam interessar que não gosto de chegar atrasado a gigs ou fests. Nunca se sabe quando se pode descobrir algo interessante. E foi precisamente isso que me aconteceu com esta banda holandesa que eu desconhecia por completo. Simplesmente, adorei o concerto! Grande rock, com uns toques de psychedelic, alternative (é difícil de categorizar, mas é rock after all) e com uma vocalista que faz o contraponto perfeito com a música. Com uma voz angelical e uma presença bastante sui generis em palco, tem um efeito deveras magnetizador. Já fui checkar a discografia e, das malhas tocadas, destaco You Too Must Die, Summer Thunder e I do my own stunts. Grande descoberta!

Novembers Doom - o vocalista esclareceu logo o mistério de tocarem tão cedo (tinham vedo bastante cedo no dia seguinte). Olhando para o alinhamento do dia, a banda tinha claramente estatuto para tocar mais tarde. Já os tinha visto uma vez (na última edição do Caos), e voltaram a mostrar ser uma banda extremamente competente no subgénero melodic death/doom e, particularmente, com um vocalista excelente, apresentando um registo vocal variado que se adequa às diferentes abordagens requeridas pelos temas. Do alinhamento, que contou também com alguns temas do mais recente, destaco maior para as mais velhinhas Autumn Reflection, Rain e Amour Reflection. Excelente atuação, que passou muito rapidamente.

Process of Guilt - chamados à última hora para substituir os Funeralium, provaram ter sido a escolha mais óbvia e acertada. No festival de doom por excelência, não podia ter faltado a maior (e melhor) banda nacional do género. Continuam uma autêntico rolo compressor ao vivo. Hipnótico, arrasador, foi uma verdadeira tareia sonora que nos presentearam. Estão num patamar elevadíssimo e, a cada ocasião que os vejo, essa impressão sai sempre mais vincada. :metal:

Acherontas - apesar de ser um festival de doom, nada como haver alguma variedade no cartaz do fest. Por isso, a presença de outros estilos, desde que façam sentido no contexto do fest, são muito bem vindos. Assim foi com a presença dos gregos Acherontas. Desde logo, um pequeno desabafo - já tinha saudades de um concerto de black metal! Não estava muito por dentro da música da banda (não sigo muito a cena grega, confesso), por isso não tinha qualquer expetativa. Black metal ritualístico (prefiro este termo a religioso...) que me deixou bem impressionado. Contaram com um som impecável (estes e Ahab foram os que tiveram melhor som mas, no geral, todas as bandas tiveram um som bom) o que ajudou imenso a que cada nuance se notasse muito bem. Destaco Legacy of Tiamat como um dos momentos altos numa atuação irrepreensível.

Ahab - estes germânicos não brincam mesmo em serviço. Após a excelente atuação no SWR, não fizeram a coisa por menos no Under the Doom. Como já referi, tiveram um som excelente que ajudou, e de que maneira, a que todo o peso da sua música fosse esmagador (e demolidor!). Talvez por conhecer melhor a banda agora, ainda gostei mais que no SWR. A The Hunt (que monumento!), foi mesmo a cereja no topo de um bolo (atuação) muito bom. Funeral doom magistral.

In The Woods... - começo com a já esperada (e magistral) Yearning the Seeds of a New Dimension, a marcar desde logo a atmosfera do concerto, com um dos melhores momentos do set, e que agarrou o público para uma atuação muito esperada. A banda mostrou-se bastante enérgica em palco e comunicativa q.b. (let the music do the talk). A setlist foi a esperada, recheada de belíssimos tema, alguns do Pure (destes gosto especialmente da Cult of Shining Stars) e outros clássicos da banda, como Heart of the Ages, In The Woods e, a finalizar, a The Divinity of Wisdom (que foi mesmo divinal). (mais um) excelente concerto! Fecharam da melhor forma um dia de festival fantástico! :metal:
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Space Prophet Dogon
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor Space Prophet Dogon » segunda dez 04, 2017 12:34 am

Estava a espera que o Enigma abrisse o tópico :lol:

Concordo com praticamente tudo o que ele disse e sublinho a questão da qualidade do som em Acherontas. Simplesmente perfeito. Aquela malha de Stutthof a fechar foi a cereja no topo do bolo. Concertão!

nagasakirecords
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor nagasakirecords » segunda dez 04, 2017 9:46 am

Ainda tou na dúvida se vi um concerto de In the Woods, ou uma banda a fazer covers de In The Woods...
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aetheria
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor aetheria » segunda dez 04, 2017 10:27 am

Descobri Gold há dois anos e gosto muito daquilo. Estiveram no Porto no dia anterior mas não dava mesmo para ir.
Espero que voltem.
De resto, este dia tinha motivos de sobejo para ter investido numa ida aí abaixo, não fosse o facto de também haver festa e ter convidados cá acima.
Mais uma vez, valeu pela review ;)
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lucifer
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor lucifer » terça dez 05, 2017 9:43 am

Estive na dúvida entre ir ao segundo dia do UTD ou ir lá acima ao Porto. acabei por ficar contando com o north dissonant Voices de janeiro que, afinal, pelo andar da carruagem nem deve haver.


quanto à noite do RCA estava um óptimo ambiente apesar de não estar cheio. fui lá principalmente por Acherontas, mas os gregos acabaram por desiludir. foi a quarta vez que os vi e em todas as anteriores a mística, o peso, a devolução total fizeram de qualquer uma daquelas experiências concertos marcantes e intensos. superiores .


na sexta-feira não. estranhamente não trouxeram baixo; o vocalista fica estranho qd apenas entregue ao microfone; arsenal de palco pouco ou nenhum, tirando meio dúzia de velas acesas. Isto apesar de terem escolhido um alinhamento ótimo com Apenas 1 malha do novo álbum, passando pela Legacy of Tiamat do primeiro e sem esquecer o legado de Stuthoff já no fim. Aliás a visceralidade com que conseguiram tocar a vampíric metamorphosis foi a prova de que mesmo sem baixo poderiam e deveriam ter feito muito mais e melhor no resto do set. as guitarras estavam hiper agudas, o que fez dos solos momentos que chegaram a roçar o ridículo. Estão a atravessar um período de alterações de line up sensíveis. A troca de baterista nota-se muito; faltou peso, entrega. Supremacia.


Por isso coube aos Process of Guilt salvar a minha noite quanto a concertos. Ainda não os tinha visto com este novo album que é até à data o seu registo mais frio, cru e direto. E ao vivo deu azo a mais um concerto do caralho. Estão uma autêntica máquina trituradora. cada vez mais longe do doom; cada vez mais estendidos ao industrial, com uma veia Godfleshiana Cada vez mais presente. as duas primeiras malhas resultam tremendamente ao vivo; a ferocidade em palco, sobretudo do vocals e baterista está abissal. isto apesar de a Faemim ter mostrado, mesmo neste alinhamento, continuar a ser dificilmente destronável como a mais brutal malha que fizeram até hoje. o final hipnótico com o tema título do álbum deixou um sentimento de desolação geral; um vazio total que paradigmaticamente pareceu encher os egos de quem os via e escutava.


Quanto ao resto ai Ahab foi bom. Tiveram um som perfeito, hiper pesado, mega lento tal qual como produzem em álbum. É banda que deixei de seguir nos últimos anos mas ainda conheço o The cal of the Wretched Sea de trás pra frente. E o melhor que se pode dizer é que ao vivo não desiludiu. poderiam preocupar-se um bocadinho mais com a apresentação de palco, mas foi bastante competente.

E pronto ainda espreitei duas músicas de In the Woods só para confirmar que a minha opinião deles ao vivo é exactamente igual ao que toda a vida fizeram em álbum... Parabéns ao lobying efectivo das promotoras-base que os conseguiram vender como headlinners um pouco por toda a Europa sem que ninguém tenha conseguido perceber porquê.

Acabou por ser uma noite bastante agradável num festival e sobretudo numa promotora que devemos saudar pela perseverança e esforço que faz anualmente por conseguir trazer, em condições difíceis, alguns nomes importantes da música pesada mundial.
.

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aetheria
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor aetheria » terça dez 05, 2017 12:50 pm

lucifer Escreveu: acabei por ficar contando com o north dissonant Voices de janeiro que, afinal, pelo andar da carruagem nem deve haver.




???? :|

Dizes isso porque ainda não houve anúncios?
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lucifer
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor lucifer » terça dez 05, 2017 1:22 pm

aetheria Escreveu:
???? :|

Dizes isso porque ainda não houve anúncios?


Pois...só porque falta pouco mais de um mês e nada...
.

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PeiXotO
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Re: 2017-12-01 e 02 - Under The Doom V - RCA Club e Lisboa ao Vivo

Mensagempor PeiXotO » terça dez 05, 2017 7:24 pm

Vamos lá isto. Warning... opiniões:

30 de Novembro:
- Mourning Sun: Apanhei o fim da última música. Pareceu-me giro, tal como a vocalista, que passou o resto do festival pelo meio da malta;
- Painted Black: Concerto carregado de problemas técnicos que impossibilitou estes tugas de fazerem um concerto tão bom quanto deveria ser. De qualquer forma, quando as coisas encarreiraram até foi fixe. Ainda estou à espera de um concerto a solo com uma duração como deve ser por estes lados;
- The Foreshadowing: O público esteve bastante apático durante todo este dia, aliás foi uma constante ao longo das duas datas no RCA. Não sei se será pelo público ser mais reservado, por ser mais cota, por serem trves e não gostarem de bater palmas, mas o inicio do concerto dos italianos deu para ver bem isso. Gostei bastante do som que praticaram, mas precisam de mais presença de palco, especialmente o vocalista. Um pouco mais de "teatralidade" faria maravilhas;
- Earth Electric: O album não me puxou por aí alem, especialmente pela produção... mas este concerto... este concerto foi um mimo. Quatro executantes fantásticos, que juntos criaram magia. Dei por mim sem saber para quem olhar, coisa que nem sempre acontece pois normalmente há sempre alguém que tem algum protagonismo. Foi pena termos perdido Ava Inferi, mas ganhamos uma nova banda que deve ser tida em atenção. E a Carmen é o amor, mesmo <3

1 de Dezembro:
- Inhuman: Tal como no dia anterior, apenas apanhei a última malha, e pareceu-me que estava a ser um belo concerto. Fiquei um bocado lixado...;
- Cellar Darling: Com todo o respeito por aquilo que estes bacanos fizeram nos Eluveitie, acho que apenas têm este reconhecimento exatamente pela sua banda anterior. O concerto foi banalissimo, e apesar da Anna Murphy ter uma voz muito boa e de ser uma fofa, as músicas não têm sal nenhum;
- The Foreshadowing: Não vou meter as mãos no fogo, mas acho que tocaram praticamente a mesma coisa na noite anterior. Continuou a ser giro, mas desta vez a entrega do público foi quase total. Desde que entraram até abandonarem o palco, o público esteve sempre do seu lado;
- Green Carnation: Gostei imenso do concerto. Apenas conhecia o Light of Day, Day of Darkness, e visto ser uma única música, não esperava que tocassem nada dali, e foi exatamente o que aconteceu. Músicos muito bem entrosados, um vocalista bem competente e divertido, e música a condizer. A música nova pareceu dar indicações de que vem aí um album interessante. É verdade que por vezes algumas músicas parecem um manto de retalhos, mas neste caso elas não estão nada coladas a cuspo portanto aquilo passou muito bem;
- Liv Kristine: Não fazia ideia do que esperar deste concerto pois não conheço bem o material dela a solo ou com os Leaves Eyes mas achei um concerto muito bom. A senhora continua a ter uma voz de anjo e estava acompanhada de uma banda bem jovem e bem entusiasta. O concerto terminou com uma cover arrepiante da Changes de Black Sabbath. Doom;
- Lacuna Coil: Para mim, o que salvou o concerto foi o baterista. Não que o concerto tenha sido mau, mas honestamente estava à espera de um alinhamento mais próximo dos albums iniciais dado o festival, mas tendo em conta que eles estão a meio de uma tour não fazia sentido mudarem o alinhamento. A secção de cordas mantém-se na deles sem entusiasmar e apesar da Cristina e do Ferro terem um óptima presença de palco as músicas são tão banais que uma pessoa não dá por bem empregue o sacrifício e as dores nas pernas. Mas o pior foi mesmo o facto do Ferro usar playback/backing tracks em praticamente o concerto todo... E a Cristina também o usou, pelo menos na última malha. Acho que neste campeonato isto não é coisa muito agradável. Um gajo já torce o nariz à voz ranhosa do gajo, e ainda por cima ouvir gravações... mas pronto o animal do baterista compensou.

2 de Dezembro:
- Gold: Assim para manter a tradição, também cheguei tarde a este concerto, mas sinceramente, foi a surpresa da noite e provavelmente o meu segundo concerto favorito da noite. Gostei muito da postura da banda, e o som também foi muito fofo;
- Novembers Doom: Sinceramente teria gostado bem mais que estes senhores fossem os últimos a tocar, ou que pelo menos tocassem entre In The Woods e Ahab, para não tornar a passagem tão dolorosa. Penso que tenham sido colocados tão cedo devido à hora a que tinham o voo. Concerto fantástico de uma máquina bem oleada e com um death/doom muito bom. O vocalista era bem divertido, e o vocalista tinha o cabelo mais nórdico de todo o festival. Podiam ter tocado mais uma hora que as músicas eram interessantes o suficiente para tal;
- Process of Guilt: Depois do concerto demolidor no Musicbox, achei este bem fraquinho, possivelmente o pior que vi deles. Muita pausa e eco entre músicas que não criou, de todo, o ambiente desejado. O próprio som não esteve perfeito. Continua a ser a melhor banda nacional do género e são intocáveis, mas achei um pouco decepcionante;
- Acherontas: Não conhecia estes senhores, e depois das velinhas estava à espera de algo... digamos diferente. Não é de todo o meu estilo preferido de black (o Enigma bem sabe como é) e aquele blast todo tira qualquer originalidade que os riffs possam ter. Ouve para lá uns quantos pregos, onde se notava que nem sempre estavam a tocar dentro do mesmo tempo. Não gostei, mas a receção do público foi bem calorosa, portanto quem estava mal era eu. E bem que para o ano podiam pegar na deixa destes gajos e trazer os Tiamat... (badum... tss);
- Ahab: Concerto pesadão e lento como tinha de ser. Foi muito bom, mas mais de uma hora disto seria massador;
- In The Woods: Como não conhecia tão bem esta banda como muitos dos presentes e não tinha aquele carinho nostálgico, não consegui apreciar tanto o concerto como os restantes. E por isso é que achei um concerto ok. Só ok, não um concerto de uma banda cabeça de cartaz de um festival destes. Samael, Draconian, Saturnus, Forgotten Tomb, Primordial, etc todos eles deixaram-me de queixo caído e a desejar mais, já os In The Woods deixaram-me com o sentimento de que foi mais uma para a bucket list. Kudos para a brigada dos vocalistas de metal extremo que usam óculos! :mrgreen:

Um bem haja aos amigos que vi por lá e especialmente ao Carlos e à Notredame. Continua a ser um dos melhores festivais que por cá anda e espero mesmo que seja para continuar. :cheers:
"O problema da vida real é não ter música de fundo..."


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