Devido a um aparentemente demorado atrasado no primeiro dia, e depois de esperar 40 minutos pela abertura das portas, rumei ao exterior para me abastecer do néctar de malte e lúpulos seleccionados, até que aquele gajo que não sei se conhecem que é o Jó (que também se deliciava no referido néctar no mesmo espaço) me avisou que os concertos já deviam ter começado! Dirijo-me por isso para o Mercado da Ribeira e é com pena que vejo que perdi a actuação da primeira banda, os Heavenly Bride. Fica para a próxima.
A primeira impressão do espaço foi excelente, muito muito amplo, com uma boa iluminação, e este é para mim um dos melhores recintos que já vi em Lisboa! A aproveitar para concertos futuros...
Em seguida tocaram Hordes of Yore... Estava extremamente curioso por os ouvir, não só porque sou um grande fã do estilo musical que praticam, um blackmetal de contornos épicos, mas porque o mp3 que o Grimner colocou no fórum me abriu MUITO o apetite para ouvir o resto! Em resumo, a prestação em palco foi muito boa, destacando-se o desempenho do vocalista cujo espectro vocal vai desde o mais gutural grunhido até ao mais guerreiro grito. A prejudicar o concerto esteve um mau ajuste da monição em palco, que não permitia aos elementos da banda ouvir-se uns aos outros, o que condicionou a fluidez das passagens entre riffs e, consequentemente, das próprias músicas. Tendo em conta que os temas de Hordes são longos e complexos, este factor tirou muito do potencial poder desta banda ao vivo. Para além disso, e comparando com as outras bandas, o som de bateria e guitarra estava sofrível, o que também prejudicou a prestação. De qualquer modo, penso que a maioria do público ficou muito bem impressionada, pois não só esta banda é inovadora no que faz como também o faz extremamente bem!
Em seguida Hyubris, que acompanhados pelo habitual preconceito que rodeia o género que praticam (um power/heavy metal com laivos góticos, na onda de uns nightwish), deram um concerto que a mim, não-fã deste género, me surpreendeu MUITO! Todo o som estava excelente, a guitarra estava poderosissima e foi incrivelmente bem executada, e aquela figura franzina e sorridente que é a vocalista do colectivo soltava uma panóplia dos mais agudos agudos que não deixou ninguém indiferente. Muito afinada, demonstrou que é uma grande cantora, e só posso esperar que esta banda tenha muito sucesso no futuro, porque o merece. Os momentos altos foram definitivamente a entrada de um tocador de gaita de foles, instrumento que me arrepia sempre até à espinha, em palco, acompanhado pela banda, e a cover da Canção de Embalar de Zeca Afonso. Surpresa, surpresa, surpresa....
Para finalizar o dia, os já bem conhecidos Desire. Posso dizer que já vi esta banda várias vezes ao vivo nos últimos tempos, razão pela qual pensei que preferia ter visto outro grupo a encerrar este dia do festival, mas tive que engolir esta opinião com uma prestação demolidora. O som conseguiu ser superior ao de Hyubris, com umas guitarras densissimas que faziam uma verdadeira parede de som, essencial para transmitir o sentimento doom desta banda. Para além disso, o favorecimento de temas com partes mais "rápidas" e convidativas ao headbang tornou esta prestação em algo ideal para o fim do 1o dia do Outubro Negro.
2º dia do festival. Um aumento considerável de público, provavelmente justificado pela presença de Nightrage.
A começar esta noite, mais uma agradável surpresa, os Dawnrider. Praticantes de um Stoner/Doom com contornos retro e muito poder nos riffs de guitarra iniciaram de modo ideal os concertos. Muita atitude em palco, boa execução e sentido de fluidez nas músicas levaram a que a agitação no público começasse logo bem cedo. Fico à espera do próximo concerto desta excelente banda.
Em seguida, os já bem conhecidos ThanatoSchizo, que estava a ver pela primeira vez, depois de uma prestação no RockHouse prejudicada por alguns contratempos, que foram largamente compensados neste concerto! Som óptimo, banda coesa, boa execução e, o melhor, um feedback incrível do público que deixou a banda "doida" e com ainda mais pica para debitar as notas com mais energia e garra. Curioso é como uma banda que demonstra um experimentalismo considerável nas suas músicas conseguiu prender todo o público, que esteve sempre pronto a iniciar um considerável moshpit e headbang colectivo de cada vez que revolvia as águas em que flutuavam as partes mais calmas!
Shadowsphere como não poderia deixar de ser, e estando "em casa" (tendo em conta que Luís Goulão organizou este festival), deram um concerto de demolidor death metal melódico, que ajudou os presentes a continuar a tortura dos músculos do pescoço, que aposto que muito doeram no dia a seguir! O ponto alto, como sempre, e que me deixa sempre meio doido, são os "57 segundos de violência" (são 57 não são?) em que toda a gente fica doida ao som de tão poderosa música!
Para finalizar, Nightrage, os cabeças de cartaz do festival e única banda estrangeira do lineup. Confesso que só ouvi a banda na semana que antecedeu o concerto, e apenas porque participariam no festival, e sempre pensei que seria desnecessário introduzir uma banda estrangeira no lineup para chamar mais público, quando a banda escolhida não era propriamente "famosa" nem conhecida pela sua originalidade. Após ver o seu concerto uma coisa é certa: apesar de ser verdade que existem muitas outras bandas que poderiam ter tomado o seu lugar com sucesso, bandas nacionais incluidas, tive que engolir um pouco em seco porque, meus senhores, este foi um GRANDE concerto! É sempre engraçado ver as fotos promocionais das bandas e ver o pessoal com cara de poucos amigos, em poses ameaçadoras e com produção obscura, e depois verificar em palco um conjunto de músicos extremamente simpáticos e comunicativos que estão ali para partilhar o verdadeiro Metal e energia com o público. Mais uma vez o público aderiu de corpo e alma ao concerto e os membros de Nightrage não podiam conter o espanto pela recepção que tiveram. A confirmar isto esteve o vocalista da banda que no final do concerto, agradecido pelo feedback se limitava a perguntar "mas que música é que vocês querem que toquemos agora???? ESCOLHAM!". Fecho com chave de ouro...
A melhorar para o ano que vem está definitivamente o preço da cerveja, pois acho que a cerveja a 1.5 euros é uma má técnica de lucro, já que leva a que muita gente se iniba de consumir devido ao preço. Para além disso as coisas não funcionaram muito bem em termos de celeridade do serviço.
Espero também que as bandas não vejam o seu som cortado de um modo tão anárquico, já que é por demais simples definir o número de músicas que uma banda pode tocar. O resultado é que fica depois um desagradável amargo de boca por ver uma banda sair sem sequer o esperar, quando o público esperava mais.
Foi pena ninguém ter aderido ao after hours... Fiquei nos dois dias após os concertos, mas acabei por ir embora passados 20 minutos porque praticamente toda a gente se foi embora...
E pronto, está concluido o longo testamento. Como podem verificar, a minha apreciação dos concertos foi incrivelmente positiva. Não se trata de favorecimento nem de palavras gratuitas, pois o facto é mesmo o de que com boas condições e boa vontade, bem como com a adesão do público, se consegue fazer um memorável festival com bandas nacionais!
Para o ano há mais!
PS: um grande bem haja a quem foi comigo ao festival, bem como ao bêbado que a nós se juntou depois (
) e ainda às veneráveis e simpáticas personagens que aí conheci pessoalmente pela primeira vez...
Eu já conheço a banda há largos anos pois vivem na mesma terriola que eu e é bom ver que finalmente conseguiram "furar" um pouco na comunidade metaleira e dar nas vistas já que pelo menos na região de Santarém e Portalegre são já sobejamente conhecidos. Posso-vos dizer que o primeiro longa duração está para breve e que vem ai algo de excepcional, fiquem atentos !!
A única coisa que, na minha opinião, faltou ali foi igualdade a nível de som. Ninguém é mais que ninguém e sim... eu sei que nem todas as bandas têm experiência e que isso também marca diferença mas acho que para isso o nosso camarada Nuno Loureiro esteve lá e podia ter torneado a situação.
curtia mesmo saber as musicas mas ok.
