LOUD! #107 NA GRÁFICA

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Cyberquake
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Cyberquake » domingo jan 31, 2010 4:07 pm

Joao P Ferraz Escreveu:Meu amigo, o que é música clássica? É que é assim, elementos de música erudita não é só Necrophagist que os tem, toda a música os tem. Encontra-los em todo o lado, porque quase tudo o se pode teorizar acerca de música já tinha sido teorizado na Europa de há muitos anos. A pentatónica que encontras no blues, já a encontravas em obras eruditas de séculos anteriores ao que passou, da mesma maneira que os contratempos no Jazz também os lá podias encontrar.

Não me dizes rigorosamente nada que já não saiba.

Joao P Ferraz Escreveu:Se são os arpejos que dão teor clássico a necrophagist, posso-te dizer que em Zeca Afonso também os encontras.
Um exemplo, o último minuto desta música:





Mas sim, não é novidade nenhuma que se encontra elementos de música clássica em muita música por aí. Mas fora o off-topic, continuem aí a crucificar os pobres coitados da Loud.

Pedro Lopes
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jan 31, 2010 4:10 pm

Garbage Escreveu:
Explica-me a minha contradição!

Eu não preciso de ler conceitos intelectualistas, de forma a percepcionar o óbvio; Se tapares a visão a um individúo como é que associas aquele video de john Cage, à música? Será que associas de todo? (creio que é de música que ainda estamos a falar)



Achas que a musica é um facto porque tem notas. Eu digo que a musica para além disso é o sentimento que nos provoca quando a ouvimos.

A peça do John Cage (sobre a qual eu ainda não te dei a minha opinião) foi interpretada no video que viste por uma orquestra e dirigida por um maestro cujas competências musicais penso serem inquestionáveis.

Porque é que será musica intelectual? Ou porque é que não será musica?

Talvez isto te ajude:

"A peça para piano intitulada 4'33" (lê-se quatro minutos e 33 segundos). Músicas tradicionais possuem partituras que intercalam notas, de diferentes durações, com pausas. Por outro lado, 4'33" é uma músicas que não possui nenhuma nota, sendo composta inteiramente por pausas!

Na primeira apresentação pública dessa obra, o pianista convidado para interpretar a peça entrou no palco, abriu a tampa do piano, e ficou parado; interrompendo o silêncio ocasionalmente apenas para mudar a página da partitura (afinal, ele estava acompanhando as pausas). Ocasionalmente, ele fechava e abria novamente a tampa do piano, para indicar um novo movimento da música.

O público inicialmente ficou quieto tentar entender o que estava acontecendo. Após um tempo começaram a surgir os cochichos, as conversas, e então os protestos, daqueles que se sentiam lesados por terem pago para não ouvir nada!

O nome da música, 4'33", foi o tempo máximo que o público conseguiu ouvir o silêncio sem reclamar.

Mais tarde, o autor explicaria que 4'33" não é uma música composta apenas de silêncio. A música, na verdade, era formada pelos sons ambientes dentro do teatro. Ou seja, 4'33" é uma música única, pois é diferente toda vez que é apresentada; e atinge o atual ideal de interatividade, onde o próprio público faz os barulhos de que ela é formada.

Para testar os limites de sua criação, Cage ouviu sua criação dentro uma câmera anecóica, que é uma sala construída de tal modo a cancelar todos os ruídos ambientes. Ainda assim, Cage não ouviu o silêncio absoluto. Ele ainda conseguia ouvir um barulho: o ruído do próprio coração. Ou seja, em sua forma mais pura, 4'33" é uma música formada apenas por ritmo."
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

Pedro Lopes
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jan 31, 2010 4:21 pm

Joao P Ferraz Escreveu:
Não sabes ler? Não é o meu gosto pessoal. Eu não gosto de Dream nem consumo prog. Ok?



Eu sei jovem.

Eu referia-me ao teu critério pessoal da competência técnica.

Joao P Ferraz Escreveu:
Sim, posso estar a aplicar os meus critérios, mas eu digo quais são. Então na Loud, e não sou o único que já aqui mencionou isso, que os definam e expliquem também para que se não encontrem contra-sensos. Mais, isso sem notas é estruturalmente e tecnicamente perfeito. Tal como em termos literários isto o é:

A.

Começa em maiúscula e acaba em ponto final. Em termos artísticos é uma nulidade. Em termos criativos é fenomenal, nunca ninguém tinha feito algo de semelhante, a não ser quando se dorme sem se ressonar. Em termos artísticos é uma nulidade. Em termos da tal cena da alma que falas é 0. Se acho que lhe dava 0? Não, dava para aí 5,5. Consideram-no uma obra prima? Ok, ninguém aqui diz que apenas a Loud tem "críticos" duvidosos, muitos outros andam por aí. Mas acho que o facto de haverem mais, não serve de desculpa para os restantes.

E sim, esse tipo de erros não é tão inexistente quanto o desejável.



Não vejo de que forma é necessário a um critico indicar os seus critérios de avaliação. Á medida que os vais lendo vais conhecendo o seu estilo, os seus gostos e a sua forma de escrever.

Por isso não entres em divagação rapaz! Não percas tempo a escrever coisas sem sentido! Vai ler o que escrevi sobre o John Cage (post acima) cuja obra sem notas é reconhecida pela critica especializada e verás que mais do que notas a musica é alma!
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Joao P Ferraz
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Joao P Ferraz » domingo jan 31, 2010 4:31 pm

Um critico não tem que indicar os seus critérios. Um avaliador tem, por forma a que não entre em contradição com outro que seja a avaliar. Imagina que nas escolas cada professor escolhia o seu critério de avaliação e nem sequer dizia qual era? Havia de ser engraçado. E música não é "alma", a música toca a "alma". Sinceramente, à minha, o bater de coração não lhe diz nada. Enfim, se as tuas batidas durante 4,33 min te fazem sentir alguma coisa, tu deves andar todo o dia a sentir. Acho que agora já percebo o que queres dizer... Xanax, meu caro.

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Kustu Rica
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Kustu Rica » domingo jan 31, 2010 4:35 pm

Isto já está a entrar por caminhos de bazezice.

:locked:
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Joao P Ferraz » domingo jan 31, 2010 4:37 pm

Morke Keiseren Skagh Escreveu:Isto já está a entrar por caminhos de bazezice.

:locked:



Concordo. Admito-o. Vou-me "calar". Para a próxima edição voltamos aqui.

Pedro Lopes
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jan 31, 2010 4:45 pm

Joao P Ferraz Escreveu:
Um critico não tem que indicar os seus critérios.



Assunto encerrado!


Joao P Ferraz Escreveu:
E música não é "alma", a música toca a "alma".



Escreve como quiseres! Sabes perfeitamente o que quero dizer!


Joao P Ferraz Escreveu:
Sinceramente, à minha, o bater de coração não lhe diz nada. Enfim, se as tuas batidas durante 4,33 min te fazem sentir alguma coisa, tu deves andar todo o dia a sentir. Acho que agora já percebo o que queres dizer... Xanax, meu caro.



Pois é meu caro! Mas eu nunca disse o que achava sobre esta peça do John Cage e o que escrevi não é da minha autoria daí estar em itálico e entre aspas.

De qualquer forma, não vais negar a competência técnica da orquestra, do maestro ou da imprensa especializada que considerou esta peça uma obra prima e parece-me que não foi por causa do bater do coração.

Mas tu é que és o especialista em musica.

Quanto a mim está descansado que não preciso de Xanax mas tu precisas de ser mais humilde meu jovem.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor JCS » domingo jan 31, 2010 5:00 pm

Pessoalmente não sou grande fã do cadeadozinho, e por isso não o vou usar, mas não me responsabilizo pelo resto dos administradores desta secção.

Dito isto, se calhar já chega, realmente. Já um gajo não pode ir ver um concertozinho e levantar-se tarde e trabalhar um bocado e voltar aqui, que a coisa já vai em 16 páginas que se resumem, no seu essencial, a meia dúzia de linhas.

Concluindo, então. Neste eloquente e populado tópico, focámo-nos em:

- O que é música?
- O que é arte?
- Os senhores da LOUD!, são incoerentes?
- Arsis, é bom? É melhor que Ramp?
- O 4'33" do John Cage;
- Formação musical;
- Nightwish;
- Variadíssimo name-dropping e alfinetadas/quase-insultos sortidos;
- O concerto de Grave Miasma (esse fui só eu, ninguém ligou nenhuma e não vi lá nenhum de vocês. Boo hoo. Também não sei como nenhum de vocês é, por isso posso estar errado);

Okay?
I always take the long way home.

Pedro Lopes
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jan 31, 2010 5:06 pm

JCS Escreveu:- O concerto de Grave Miasma (esse fui só eu, ninguém ligou nenhuma e não vi lá nenhum de vocês. Boo hoo. Também não sei como nenhum de vocês é, por isso posso estar errado);

Okay?


José Carlos

Tens de começar a usar uma T-Shirt nos concertos com a seguinte frase: "Sou o JCS"

Se te encontrar ainda te pago uma cerveja. Arriscas-te é que alguns leitores mais esclarecidos sobre o que é musica te dêem com alguma cadeira na cabeça.

Olha lá sabes o que é um quaternário ou um compasso complexo? Se não sabes não sei que raio andas tu a fazer no mundo da musica a escrever para essas revistas de segunda como a Loud e a Terrorizer.

Abraço e continua o bom trabalho :cheers:

Pedro Lopes
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Garbage
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Garbage » domingo jan 31, 2010 8:01 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Garbage Escreveu:
Explica-me a minha contradição!

Eu não preciso de ler conceitos intelectualistas, de forma a percepcionar o óbvio; Se tapares a visão a um individúo como é que associas aquele video de john Cage, à música? Será que associas de todo? (creio que é de música que ainda estamos a falar)



Achas que a musica é um facto porque tem notas. Eu digo que a musica para além disso é o sentimento que nos provoca quando a ouvimos.

A peça do John Cage (sobre a qual eu ainda não te dei a minha opinião) foi interpretada no video que viste por uma orquestra e dirigida por um maestro cujas competências musicais penso serem inquestionáveis.

Porque é que será musica intelectual? Ou porque é que não será musica?

Talvez isto te ajude:

"A peça para piano intitulada 4'33" (lê-se quatro minutos e 33 segundos). Músicas tradicionais possuem partituras que intercalam notas, de diferentes durações, com pausas. Por outro lado, 4'33" é uma músicas que não possui nenhuma nota, sendo composta inteiramente por pausas!

Na primeira apresentação pública dessa obra, o pianista convidado para interpretar a peça entrou no palco, abriu a tampa do piano, e ficou parado; interrompendo o silêncio ocasionalmente apenas para mudar a página da partitura (afinal, ele estava acompanhando as pausas). Ocasionalmente, ele fechava e abria novamente a tampa do piano, para indicar um novo movimento da música.

O público inicialmente ficou quieto tentar entender o que estava acontecendo. Após um tempo começaram a surgir os cochichos, as conversas, e então os protestos, daqueles que se sentiam lesados por terem pago para não ouvir nada!

O nome da música, 4'33", foi o tempo máximo que o público conseguiu ouvir o silêncio sem reclamar.

Mais tarde, o autor explicaria que 4'33" não é uma música composta apenas de silêncio. A música, na verdade, era formada pelos sons ambientes dentro do teatro. Ou seja, 4'33" é uma música única, pois é diferente toda vez que é apresentada; e atinge o atual ideal de interatividade, onde o próprio público faz os barulhos de que ela é formada.

Para testar os limites de sua criação, Cage ouviu sua criação dentro uma câmera anecóica, que é uma sala construída de tal modo a cancelar todos os ruídos ambientes. Ainda assim, Cage não ouviu o silêncio absoluto. Ele ainda conseguia ouvir um barulho: o ruído do próprio coração. Ou seja, em sua forma mais pura, 4'33" é uma música formada apenas por ritmo."


Edit: Tive a ler com atenção o texto e a repensar sobre o assunto e se vamos entrar por esses campos complexos, retiro tudo o que disse em relação a isso não ser música! Porém até esse texto representa sérios erros, porque entrando ainda na questão mais profundamente, os sons representam notas e muitos, como o bater do coração por exemplo, são sequências melódicas e rítmicas. Logo essa peça de John Cage, pode ser considerada melódica!

O ruído de um autocarro a andar pode ser uma sequência melódica. O barulho de um parafuso a caír pelas escadas abaixo; de uma bola de bowling a rebolar até acertar nos pinos. Por aí fora...

Tudo isso pode ser considerado música. Mas é mesmo disso que estamos a falar? Well acho que estamos mesmo no fundo do poço em que concluímos que qualquer coisa que seja audivel, é música. Mas será mesmo essa a definição da música e o que estás a tentar provar?
Última edição por Garbage em domingo jan 31, 2010 8:28 pm, editado 1 vez no total.
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Déjà loin » domingo jan 31, 2010 8:16 pm

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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Old_Skull » domingo jan 31, 2010 8:17 pm

Cage é uma das principais referências do Vitor Rua e Jorge Lima Barreto 8)

Carry On! :twisted:

EDIT: Só a título de curiosidade

http://bodyspace.net/artigos.php?rub_id=128

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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Garbage » domingo jan 31, 2010 8:29 pm

Old_Skull Escreveu:Cage é uma das principais referências do Vitor Rua e Jorge Lima Barreto 8)

Carry On! :twisted:

EDIT: Só a título de curiosidade

http://bodyspace.net/artigos.php?rub_id=128


Por isso é que o resultado é o que se pode ouvir! :beer:

Obras de arte.

Edit: Posso concluír que qualquer bébé que pegue num instrumento de forma a explora-lo, é tão genial como eles. Porque é que ninguém adopta bébés para actuarem ao vivo nessas seitas intelectuais?
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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor NVS » domingo jan 31, 2010 8:48 pm

Meus caros,

Por se tratar esta de um discussão interessante mas, ao mesmo tempo, perturbante a espaços, senti o impulso de deixar aqui alguns pontos de vista e/ou esclarecimentos.

Falo em nome próprio, como colaborador da revista e não em nome da Loud! de cujas incumbências da chefia de redacção abdiquei há nove meses, por razões que não importam para aqui agora. Mas como foram aventados alguns (pre)conceitos sobre os escribas da revista e suscitadas dúvidas quanto, ao modus operandi nas reviews/críticas, aqui ficam alguns pontos. O primeiro é que não vale a pena convencerem-se de que a Loud! actua sob algum filão musical identificado, estrategicamente definido ou encomendado. Ou mesmo que preconize alguma corrente artística, do género vestir mais a camisola por este ou aquele estilo como encontramos hoje na imprensa “moderna”, mais ou menos assumido em casos no campo da política com jornais que alinham mais à esquerda ou à direita ou no campo do desporto com jornais que vestem mais de vermelho ou de azul... (consta que de verde, também, mas eu não acredito) :)

Uma sugestão: vejam a Loud! mais como uma voz polifónica, do que como a voz de um meio de expressionismo dogmático convergente; como várias revistas numa só, se quiserem, atendendo à multiplicidade de métodos/personalidades/preferências dos diferentes escribas que nela colaboram. E penso que é assim em todos os órgãos de comunicação social que se considerem livres. Essa multiplicidade de abrangências é o que confere amplitude a um órgão, no lugar de afunilar uma tendência jornalística, só porque isso facilitaria o modo como o público vê esse órgão ou para comodismo editorial desse mesmo órgão. Daí que não faça muito sentido pedir satisfações porque analisa a Loud! o álbum de Arsis de forma mais positiva ou mais negativa em relação ao álbum de Ramp... Porque falamos de bandas bem diferentes e porque o escriba dos dois comentários não é o mesmo, só para citar os argumentos mais flagrantes nesta incompatibilidade comparativa (assim penso) que, de resto, iniciou o debate.

A responsabilidade de cada texto é assim imputada, em primeira instância, ao seu autor e, só depois, à revista. Claro que uma revista também tem de responder por tudo o que nela se escreve, mas não se veja aqui um caso de militâncias ocasionais ou de que “a Loud! segue mais por aqui ou mais por ali”, penso que o espectro de acção é supra-estilístico e sempre foi a hard music com especial afinidade no metal, no que de tão vasto isso tem, onde se incluem imensas expressividades, mais ou menos experimentais, mais ou menos convencionais.

Alguns leitores manifestaram a legítima intriga sobre quais os pressupostos na base das análises a discos/concertos. À medida que foram surgindo termos como qualidade, alma, subjectividade, informação. Registo estes porque são termos fortes e amplificam o debate para vectores… sabe-se lá em que direcção. É aqui que as coisas se tornam tão excitantes quanto ruidosas porque, afinal, estamos a falar de criação humana (arte ou wannabe) criticada por apreciação humana, posteriormente analisada (quem lê). E, meus amigos, a equação deve gerar algo tão estupidamente vasto quanto as milhentas combinações possíveis do euromilhões! E no final… nenhum de nós acerta. :wink: Mas há uma ferramenta para ajudar a filtrar o tal ruído. Chama-se bom-senso. É o único que pode reclamar prioridade na review a um disco ou a outro objecto de análise, isto porque é do senso comum que uma bateria mal programada num álbum pode arruiná-lo, ou que um vocalista afónico numa banda de brutal death metal não é a melhor opção. Mas se dissermos que a bateria deveria ser acústica e não digital e que a banda de death metal ganhava muito em ser instrumental, já estamos a entrar no “admirável mundo da opinião e da sugestão”, subjectividade, campo das idiossincrasias de cada emissor e cada receptor no efeito de emanar música e na forma como cada um a assimila, não assimila, sente alma nessa música, lhe vibra a alma, lhe passa ao lado, sente urticária, aconselha a amigos ou aconselha a inimigos. É por isso que sou apologista da opinião restringida, mesmo nas críticas, preferindo sempre os caminhos da informação – a suficiente para que o leitor retenha dados para tirar as suas ilações.

Vejo o jornalista musical como um altifalante. Aquilo que ele conseguir colocar nas páginas, trazudir-se-á em “som” para o leitor que (por princípio), naquele momento não está a ouvir música, mas a folhear papel. É esse o desígnio de quem escreve – transpor sons em palavras. O primeiro móbil deveria ser a informação, no entanto, claro que se torna incomportável não entrarmos em exercícios comparativos, alguma dose de adjectivação, etc. Mas isso pode sempre fazer-se recorrendo mais à exposição dos “factos” que há toxicidade da opinião. Claro que, para a qualidade sonora ser boa, esse altifalante tem de ser imparcial, objectivo, coerente, ter backgound e não se deixar sublevar por gostos, sob pena do “som” sair do papel (ou do ecrã, no caso da net) com mais umas frequências que outras ou com… ruído, lá está.

Haveria mais para dizer sobre o que pode ser isso de destrinçar entre a noção que cada um tem de “o que é bom” e “o que eu gosto”, mas isto já ficou mais longo do que era suposto. Fica apenas a perspectiva sobre as notas nas reviews: valem tanto como as estrelas nas críticas de cinema – mera curiosidade, mas dão jeito. Ou não.

Keep it LOUD!
N.S.

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Re: LOUD! #107 NA GRÁFICA

Mensagempor Old_Skull » domingo jan 31, 2010 8:53 pm

Garbage Escreveu:Por isso é que o resultado é o que se pode ouvir! :beer:

Obras de arte.

Edit: Posso concluír que qualquer bébé que pegue num instrumento de forma a explora-lo, é tão genial como eles. Porque é que ninguém adopta bébés para actuarem ao vivo nessas seitas intelectuais?


Limitei-me a constatar um facto! Considerações, críticas e classificações... deixo-as aos que se interessam por isso.


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