Mão Morta @ Teatro Sá da Bandeira 6.03.2009
"Há já muito tempo"
"Há já muito tempo" que os Mão Morta não se apresentavam na cidade do Porto; eventualmente em demasia - no entanto, mais de quatro anos não passam disso mesmo: a ausência é depurada, pelo acompanhamento de um percurso notável e, os reencontros como o do dia 6/3/2009, tornam-se com uma facilidade espantosa em concertos inauditos.
Para o lançamento da noite, os Smix Smox Smux, mostraram um humor desarmante, algumas linhas interessantes, a poder valer mais, quem sabe se passarem a levar-se mais a sério, não perdendo a sua característica base.
O Teatro Sá da Bandeira, que voltou também ele, a recebê-los, depois de percorrerem muitos locais do Porto, permite um ambiente fantástico: possui uma acústica invulgar e mais uma vez o som esteve num excelente nível.
"Ventos Animais" - que baptizam a digressão presente - soltos na abertura, em lume brando, para logo de seguida, deflagrarem o incêndio com "Budapeste".
A confirmação de todas as expectativas, sobre a forma como se apresentariam, logo ali à vista, para as ultrapassarem de forma soberba até ao final da actuação.
A entrega às "Tetas da Alienação", o primeiro de muitos temas de "Há Já Muito Tempo que Nesta Latrina o Ar se Tornou Irrespirável" - ponto altíssimo da sua obra - trabalho que privilegiaram na recolha para um alinhamento, que deambulou por uma discografia ao nível dos grande nomes que se encarregam de tornar a Música, como elemento importante dos nossos dias.
O Porto é um local especial para uma banda em estado de graça, vinda de uma cidade em que de braços abertos se toca o Gerês e o Mar; rodopiando se abraça Berlim e Nova Iorque; mergulhando se aporta em Melbourne.
A qualidade que os Mão Morta transportam comprova-se com um exemplo muito simples: alinhar "Budapeste" em sequência - exactamente por esta ordem, que comporta "Real Love" dos Swans, Mercy Seat de Nick Cave e os seus Bad Seeds e Sugar Kane dos Sonic Youth: mostra-os ao nível das suas influências e a caminhar sem dificuldade perto deles: até as comparações bem intencionadas se podem tornar injustas, para quem teima em ver que se lhes façam o merecido reconhecimento:- E quem quer saber deles?
A carga das letras das canções dos Mão Morta é um valor inestimável do que oferecem, maturada ao longo dos tempos, nunca perdendo a sua crueza, cresceu pelo que de muito bom absorveram, escrita depois com o próprio sangue, onde o "lado mitológico das cidades" é libertado por cada poro, que vislumbra o seu lado mais genuíno e orgânico.
O facto de inteligentemente por vezes, abandonarem o registo do rock, como a teatralidade, conceptualização mais formal e experimentalismo, em "Muller no Hotel Hessicher Hof" e Maldoror, faz com que incorporem robustez e abrangência a uma discografia exemplar, injectando arte, onde a brutalidade, os medos que não ousamos enfrentar, sejam entregues em bandejas de prata, expiados como no concerto deste inicio de Março.
Os Mão Morta não envelhecem: institucionalizam-se musicalmente, no que de mais, leve tem o termo, porque é de desconstrução que falamos: estão a tocar como nunca, atingindo áreas reservadas apenas aos eleitos: a secção rítmica e barragem sonora de por vezes - muitas - três guitarras e teclas produzem momentos como "É Um Jogo", "Em Directo Para a Televisão", "E Se Depois", em que Adolfo se entrega de forma única, para tudo isso ultrapassar ainda, em canções como "Arrastando O Seu Cadáver", "Quero Morder-te as Mãos", "Tu Disseste", "Lisboa" e "Cão da Morte".
Só bandas como esta geram histórias assim, apenas esta gente as sabe contar desta forma, alicerçadas numa carreira sem concessões, onde a coerência reina e, percorrendo todo país e zonas limítrofes, onde exigem a sua escuta.
Ameaçador ou esgotado - a dúvida por vezes cai tão bem - em alguns intervalos dos temas, Adolfo disserta sobre a sua génese ou pelo que lhe passa pela cabeça.
Para a selecção de um alinhamento, de uma obra intensa, escapam por entre os dedos temas que com toda a legitimidade alguns possam contrapor: como Adolfo muito bem referiu a propósito da discordância berrada "este é o mal das democracias, ninguém se entende", a reter e subscrever: o mal dos nossos tempos poderá advir do facto de não serem conduzidos por um "Anarquista Duval", que fechou o primeiro encore, depois de "Anjos de Pureza" e "Charles Manson".
Terá faltado "Aum", mas perante a sua execução a desintegração poderia andar por ali perigosamente próxima.
Perante a insistência de quem os sabe receber desde o baptismo de palco no Orfeão da Foz, assim como na primeira comunhão, num Festival de Música no Pavilhão Infante de Sagres, em que após a simulação de uma amputação de uma mão a serra-fria, as percussões servidas em bidões, típicos das obras nos anos 80, lhes cativou um lugar na devoção num ala da catedral da música.
"Oub'lá" para o fecho como constatação disso mesmo.
O alinhamento aqui fica: "gumes" apontados:
1 - Ventos Animais
2 - Budapeste
3 - As Tetas da Alienação
4 - E se Depois
5 - Arrastando o Seu Cadáver
6 - Tu Disseste
7 - É um Jogo
8 - Gnoma
9 - Em Directo para a Telvisão
10 - Penso que Penso
11 - 1º Novembro
12 - Amesterdão
13 - Barcelona
14 - Quero Morder-te as Mãos
15 - Lisboa
16 - Vamos Fugir
17 - Cão da Morte
1º encore
18 - Anjos de Pureza
19 - Charles Manson
20 - Anarquista Duval
2º encore
21 - Oub'lá
Até a extinção da cerveja, provocada por uma velha guarda que não deixa créditos por gargantas alheias, reunida em sagração, com a presença de seguidores mais recentes, outros via novas tecnologias, fez desta noite um momento imenso: no altar de nós.
Artigo escrito por Nn
2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Cá está uma review em http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories& ... ries/41846
VINYL * CD * DVD...@ http://albaqubra.blogspot.com/
Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Poe ai a setlist sff
morre Xtr3me
(tiraste fotos?tive com eles na baixa e fui ao restaurante onde eles foram jantar
)
morre Xtr3me



Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
A setlist já aí está no post do alba (quote da blitz).
Em relação às fotos, não tirei
Quando fui para cima ainda não tinha recebido resposta da organização, pelo que acabei por não levar a máquina (pensei que tinham ignorado, mas sempre com aquela sensação que poderiam apenas confirmar mais tarde). Acabaram por me confirmar a acreditação dois dias antes do concerto, mas para além de não ter net (não tendo por isso visto o mail) também não tinha máquina. Imaginei que tal situação pudesse acontecer, mas olha ...
Estou a tentar ver se me podem "transferir" a acreditação para o concerto de Lisboa.
Em relação às fotos, não tirei

Quando fui para cima ainda não tinha recebido resposta da organização, pelo que acabei por não levar a máquina (pensei que tinham ignorado, mas sempre com aquela sensação que poderiam apenas confirmar mais tarde). Acabaram por me confirmar a acreditação dois dias antes do concerto, mas para além de não ter net (não tendo por isso visto o mail) também não tinha máquina. Imaginei que tal situação pudesse acontecer, mas olha ...
Estou a tentar ver se me podem "transferir" a acreditação para o concerto de Lisboa.
Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Obrigado pessoal.
Que grande fdp de set
Que grande fdp de set

Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
xtr3me, tiveram algum merchandising à venda?
VINYL * CD * DVD...@ http://albaqubra.blogspot.com/
Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Há anos que tou á procura duma t-shirt deles,por acaso.
Ja alguem souber onde se arranja que me diga alguma coisa pf.
Ja alguem souber onde se arranja que me diga alguma coisa pf.
Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Sim malta, tiveram.
Não vi tudo mas a t-shirt que estava lá à venda tinha o boneco da tour (que está no cartaz que coloco abaixo). E tinham também a biografia. Arrependi-me de não ter investido, mas em Lisboa vou corrigir esse erro.

Não vi tudo mas a t-shirt que estava lá à venda tinha o boneco da tour (que está no cartaz que coloco abaixo). E tinham também a biografia. Arrependi-me de não ter investido, mas em Lisboa vou corrigir esse erro.

Re: 2009.03.14 MÃO MORTA Portalegre (CAEP)
Es tu entao o gajo que me vai comprar a t-shirt 

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