Alterações climáticas.
Enviado: sexta fev 02, 2007 7:56 pm
Os principais especialistas em alterações climáticas reúnem-se a partir de hoje em Paris para analisar o actual conhecimento científico sobre o assunto, prevendo-se conclusões pessimistas que acentuam a responsabilidade humana no aquecimento global.
O quarto relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), um grupo científico criado pelas Nações Unidas em 1988, deverá confirmar a extensão do aquecimento em curso e o grau de responsabilidade humana, fornecer previsões sobre o fenómeno, suas consequências e impactos regionais e apontar pistas para os decisores políticos.
A divulgação pública está prevista para o dia 02 de Fevereiro, mas alguns dados preliminares foram já avançados pelo jornal “El Pais”. O relatório do IPCC supõe um mínimo denominador comum científico sobre o aquecimento, mas a redacção final do texto pode mudar durante a reunião, que decorre de 29 de Janeiro a 1 de Fevereiro.
O que pode mudar, sobretudo, é o resumo para políticos, que é aprovado frase a frase, através de delegados mandatados pelos respectivos governos.
O relatório das bases científicas do aquecimento, o primeiro e o mais importante (existem outros dois, sobre o impacto no planeta e tecnologias de mitigação) destaca que 2005 e 1998 foram os anos mais quentes desde que existem registos e que seis dos sete anos mais quentes de sempre ocorreram desde 2001.
A temperatura média da superfície aumentou desde 1850. As observações d o oceano, da atmosfera, a neve o gelo mostram dados consentâneos com o aquecimento global.
A temperatura do ar nas zonas terrestres aumentou o dobro da do oceano desde 1979. A temperatura do oceano a grandes profundidades também aumentou desde 1955, refere o relatório preliminar citado pelo “El Pais”.
Embora o aumento de temperatura do oceano seja muito pequeno, a sua importância advém da imensa quantidade de calor necessária para elevar a temperatura do mar.
É muito improvável que o aquecimento observado se deva à variabilidade do clima, sublinha o documento.
O estudo apresenta também dados sobre a redução de neve no mundo: o derretimento dos glaciares fez subir o nível do mar cerca de 0,5 milímetros ao ano entre 1961 e 2003 e 0,8 entre 1993 e 2003.
O Ártico perde em cada década, desde 1978, 7,4 por cento da sua superfície gelada no Verão. Uma vez que existe a certeza do aquecimento, os cientistas passam pela difícil tarefa de atribuir as causas.
Por isso, o IPCC define causas como "muito provável" (o que significa que o grau de atribuição é superior a 90 por cento), "provável" (mais de 66 por cento) ou "tão provável como não" (entre 33 e 66 por cento).
E a principal causa são os GEE, sobretudo o dióxido de carbono, mas também o metano ou os óxidos de nitrogénio que se libertam durante a queima de carvão, petróleo ou gás.
Estes gases acumulam-se durante séculos na atmosfera. Embora deixem passar a radiação solar para a Terra, travam a saída de calor que a superfície terrestre emite a superfície terrestre aquecendo o planeta A este efeito há que juntar o das partículas em suspensão, também procedentes das fábricas e dos automóveis que travam a chegada da radiação solar ao planeta e arrefecem-no.
Tendo em conta os factores que incidem no balanço energético, predomina o aquecimento dos GEE.
"É muito provável que os GEE sejam a causa dominante do aquecimento observado nos últimos 50 anos no mundo", estima o relatório.
A concentração actual de GEE na atmosfera é a maior em 650 mil anos. Os modelos prevêem um aumento da temperatura de três graus em apenas um século, se m excluir subidas de mais de 4,5 graus.
A atribuição do aquecimento ao homem é agora maior do que em 2001, data do último relatório. Na altura os cientistas foram mais cautelosos e agora consideram essa causa como muito mais provável.
O relatório de 2007 assinala que o incremento de situações extremas - como secas e ondas de calor - "pode ser atribuído à mudança climática antropogénica", ou seja produzida pela acção do homem.
in: Lusa
Por outro lado:
ExxonMobil financia críticas ao relatório do IPCC sobre o clima
Um centro de estudos conservador norte-americano financiado por uma das maiores companhias petrolíferas oferece dinheiro a cientistas que denunciem falhas no relatório sobre alterações climáticas apresentado hoje em Paris.
Segundo o diário britânico "The Guardian", o American Enterprise Institute (AEI), financiado pela ExxonMobil e com estreitas ligações à administração do Presidente George W. Bush, escreveu cartas a cientistas britânicos, norte-americanos e de outros países a oferecet prémios de dez mil dólares por artigos que questionem o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
Este relatório prevê um aumento da temperatura global entre 1,8 e 4 graus Celsius até 2100, causado "muito provavelmente" pela actividade humana.
O American Enterprise Institute recebeu mais de 1,6 milhões de dólares da ExxonMobil e mais de duas dezenas dos seus membros trabalham como assessores da Casa Branca. O ex-presidente da ExxonMobil Lee Raymond é actualmente presidente da direcção daquele grupo de estudos.
As cartas acusam o IPCC de "não atender a críticas razoáveis" e de "chegar a conclusões sumárias e insuficientemente apoiadas em trabalho analítico".
Para David Viner, da Unidade de Investigações Climáticas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, a iniciativa do AEI é "uma tentativa desesperada de uma organização que quer distorcer para fins políticos as esmagadoras provas científicas do aquecimento global".
As cartas foram enviadas por Kenneth Green, docente convidado da AEI, que confirmou que a organização abordou cientistas, economistas e analistas políticos no sentido de escreverem artigos independentes que realçassem os pontos fortes e fracos do relatório.
Para Ben Stewart, da Greenpeace, "o AEI é mais do que um grupo de estudos, já que funciona como a 'cosa nostra' intelectual da Administração Bush".
"São delegados da Casa Branca nos últimos estertores da sua campanha de negação das alterações climáticas", acrescentou. "Perderam na ciência, perderam moralmente e só lhes resta uma pasta cheia de dinheiro".
Na próxima segunda-feira, outra organização financiada pelo ExxonMobil com sede no Canadá divulgará em Londres um estudo que lança dúvidas sobre o relatório do IPCC. Entre os seus autores está Tad Murthy, um antigo cientista que nega a influência humana nas alterações climáticas.
A questão é:
Ainda haverão dúvidas quanto ao papel do Homem nas mudanças climatéricas?
Haverá alguém que acredita num estudo financiado por um petrolífera?
O quarto relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), um grupo científico criado pelas Nações Unidas em 1988, deverá confirmar a extensão do aquecimento em curso e o grau de responsabilidade humana, fornecer previsões sobre o fenómeno, suas consequências e impactos regionais e apontar pistas para os decisores políticos.
A divulgação pública está prevista para o dia 02 de Fevereiro, mas alguns dados preliminares foram já avançados pelo jornal “El Pais”. O relatório do IPCC supõe um mínimo denominador comum científico sobre o aquecimento, mas a redacção final do texto pode mudar durante a reunião, que decorre de 29 de Janeiro a 1 de Fevereiro.
O que pode mudar, sobretudo, é o resumo para políticos, que é aprovado frase a frase, através de delegados mandatados pelos respectivos governos.
O relatório das bases científicas do aquecimento, o primeiro e o mais importante (existem outros dois, sobre o impacto no planeta e tecnologias de mitigação) destaca que 2005 e 1998 foram os anos mais quentes desde que existem registos e que seis dos sete anos mais quentes de sempre ocorreram desde 2001.
A temperatura média da superfície aumentou desde 1850. As observações d o oceano, da atmosfera, a neve o gelo mostram dados consentâneos com o aquecimento global.
A temperatura do ar nas zonas terrestres aumentou o dobro da do oceano desde 1979. A temperatura do oceano a grandes profundidades também aumentou desde 1955, refere o relatório preliminar citado pelo “El Pais”.
Embora o aumento de temperatura do oceano seja muito pequeno, a sua importância advém da imensa quantidade de calor necessária para elevar a temperatura do mar.
É muito improvável que o aquecimento observado se deva à variabilidade do clima, sublinha o documento.
O estudo apresenta também dados sobre a redução de neve no mundo: o derretimento dos glaciares fez subir o nível do mar cerca de 0,5 milímetros ao ano entre 1961 e 2003 e 0,8 entre 1993 e 2003.
O Ártico perde em cada década, desde 1978, 7,4 por cento da sua superfície gelada no Verão. Uma vez que existe a certeza do aquecimento, os cientistas passam pela difícil tarefa de atribuir as causas.
Por isso, o IPCC define causas como "muito provável" (o que significa que o grau de atribuição é superior a 90 por cento), "provável" (mais de 66 por cento) ou "tão provável como não" (entre 33 e 66 por cento).
E a principal causa são os GEE, sobretudo o dióxido de carbono, mas também o metano ou os óxidos de nitrogénio que se libertam durante a queima de carvão, petróleo ou gás.
Estes gases acumulam-se durante séculos na atmosfera. Embora deixem passar a radiação solar para a Terra, travam a saída de calor que a superfície terrestre emite a superfície terrestre aquecendo o planeta A este efeito há que juntar o das partículas em suspensão, também procedentes das fábricas e dos automóveis que travam a chegada da radiação solar ao planeta e arrefecem-no.
Tendo em conta os factores que incidem no balanço energético, predomina o aquecimento dos GEE.
"É muito provável que os GEE sejam a causa dominante do aquecimento observado nos últimos 50 anos no mundo", estima o relatório.
A concentração actual de GEE na atmosfera é a maior em 650 mil anos. Os modelos prevêem um aumento da temperatura de três graus em apenas um século, se m excluir subidas de mais de 4,5 graus.
A atribuição do aquecimento ao homem é agora maior do que em 2001, data do último relatório. Na altura os cientistas foram mais cautelosos e agora consideram essa causa como muito mais provável.
O relatório de 2007 assinala que o incremento de situações extremas - como secas e ondas de calor - "pode ser atribuído à mudança climática antropogénica", ou seja produzida pela acção do homem.
in: Lusa
Por outro lado:
ExxonMobil financia críticas ao relatório do IPCC sobre o clima
Um centro de estudos conservador norte-americano financiado por uma das maiores companhias petrolíferas oferece dinheiro a cientistas que denunciem falhas no relatório sobre alterações climáticas apresentado hoje em Paris.
Segundo o diário britânico "The Guardian", o American Enterprise Institute (AEI), financiado pela ExxonMobil e com estreitas ligações à administração do Presidente George W. Bush, escreveu cartas a cientistas britânicos, norte-americanos e de outros países a oferecet prémios de dez mil dólares por artigos que questionem o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
Este relatório prevê um aumento da temperatura global entre 1,8 e 4 graus Celsius até 2100, causado "muito provavelmente" pela actividade humana.
O American Enterprise Institute recebeu mais de 1,6 milhões de dólares da ExxonMobil e mais de duas dezenas dos seus membros trabalham como assessores da Casa Branca. O ex-presidente da ExxonMobil Lee Raymond é actualmente presidente da direcção daquele grupo de estudos.
As cartas acusam o IPCC de "não atender a críticas razoáveis" e de "chegar a conclusões sumárias e insuficientemente apoiadas em trabalho analítico".
Para David Viner, da Unidade de Investigações Climáticas da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, a iniciativa do AEI é "uma tentativa desesperada de uma organização que quer distorcer para fins políticos as esmagadoras provas científicas do aquecimento global".
As cartas foram enviadas por Kenneth Green, docente convidado da AEI, que confirmou que a organização abordou cientistas, economistas e analistas políticos no sentido de escreverem artigos independentes que realçassem os pontos fortes e fracos do relatório.
Para Ben Stewart, da Greenpeace, "o AEI é mais do que um grupo de estudos, já que funciona como a 'cosa nostra' intelectual da Administração Bush".
"São delegados da Casa Branca nos últimos estertores da sua campanha de negação das alterações climáticas", acrescentou. "Perderam na ciência, perderam moralmente e só lhes resta uma pasta cheia de dinheiro".
Na próxima segunda-feira, outra organização financiada pelo ExxonMobil com sede no Canadá divulgará em Londres um estudo que lança dúvidas sobre o relatório do IPCC. Entre os seus autores está Tad Murthy, um antigo cientista que nega a influência humana nas alterações climáticas.
A questão é:
Ainda haverão dúvidas quanto ao papel do Homem nas mudanças climatéricas?
Haverá alguém que acredita num estudo financiado por um petrolífera?