Aquele sentimento...

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Vooder
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Vooder » terça dez 16, 2025 10:28 am

Para mim certamente não daria. Não tenho paciência.
Já dei aulas até a mais crescidos e não é mesmo para o meu feitio. :lol:
E em atalho... já dei algumas formações a professores e não são muito melhores (sorry Fátima) :lol: :lol: :lol: :lol:
Houve um que até me gamou um manual. Trve story.
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Brunhu
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Brunhu » terça dez 16, 2025 10:45 am

Vooder Escreveu:
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Para mim certamente não daria. Não tenho paciência.
Já dei aulas até a mais crescidos e não é mesmo para o meu feitio. :lol:

E em atalho... já dei algumas formações a professores e não são muito melhores (sorry Fátima) :lol: :lol: :lol: :lol:
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Houve um que até me gamou um manual. Trve story.

Acho que, neste momento, todo o ambiente escolar está desequilibrado. Os miúdos andam parvos como tudo, mas com base em relatos que tenho tido dos meus filhos e outros miúdos das mesmas idades, chego à conclusão que cada vez há mais professores completamente desequilibrados e que escolheram mesmo a profissão errada!

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Blackadder
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Blackadder » terça dez 16, 2025 11:03 am

Os miúdos sempre foram parvos, faz parte. Às vezes é a rebeldia normal, outras é falta de qualquer coisa em casa, muitas vezes de atenção. O problema é quando são malcriados porque os pais além de malcriados também são estúpidos — que não é uma coisa tão rara como isso.

Se tivesse jeito, que não tenho de todo, e não fosse uma profissão que exige tanto tempo e aturar pessoas (digo os colegas, funcionários e pais dos miúdos), e corrigir testes, e mal paga, acho que até gostava de ensinar, de preferência no público — ou tipo 8º/9º, ou faculdade se fosse um gajo mais inteligente — talvez por ter uma visão romântica da coisa, e ter tido a sorte de ter tido três ou quatro professores que me marcaram (e outros tantos mais fraquinhos, mas nem me posso queixar muito). Mas fazê-lo na idade dos smartphones, das redes sociais e dos influencers, da wokeísse primária (há temas importantes e interessantes de debater, mas com dois dedos de testa) e do ChatGPT… não obrigado.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Blackadder » quarta dez 17, 2025 12:33 pm

"A partir de amanhã, ia pedir-vos que começassem a registar as vossas pausas no float, com um máximo de 30 minutos por dia (15m de manhã e 15m à tarde)."

Se fosse política da empresa toda era mau, mas ao menos era mais justo. Mas é só aqui para os patinhos feios.
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aetheria
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor aetheria » quinta dez 18, 2025 9:37 am

Blackadder Escreveu:Os miúdos sempre foram parvos, faz parte. Às vezes é a rebeldia normal, outras é falta de qualquer coisa em casa, muitas vezes de atenção. O problema é quando são malcriados porque os pais além de malcriados também são estúpidos — que não é uma coisa tão rara como isso.


Simplificando, é muito isto.
Sim, os miúdos sempre foram parvos, mas fazia parte da infantilidade/rebeldia da idade, mas tudo se pautava por uma certa dimensão de respeito pelo adulto e noção de consequências. Os miúdos "portavam-se mal" por infantilidade e natural vontade de brincar, mas sabiam que isso lhes valeria um puxão de orelhas. Sabiam e corriam o risco. Os jovens já agem com a natural rebeldia e contestação do mundo, mas acreditem que até isso mudou muito: no passado a rebeldia tinha audácia e talento, verdadeiro desafio: lembro-me de colegas saírem da sala às escondidas, na aula de NAP, de ter sido roubada uma cópia do teste de física e química que foi passada por toda a turma (isto enquanto aluna), de ter uma colega de matemática a quem puseram uma lagartixa debaixo do apagador porque ela tinha dito que tinha medo - todos se riram, incluindo a minha colega... mas, tirando as devidas exceções, o desafio não era desrespeito, era o testar os limites, era correr o risco, TODOS sabiam que, se apanhados, sofreriam as consequências, vinda desde logo dos pais.
Hoje, não há sequer criatividade, elaboração, há só má-educação, o síndrome do rei na barriga. E, nestes casos, a maior parte das vezes, os pais são parte do problema. Todos são pais perfeitos de filhos perfeitos, todos estão altamente formados nas mais avançadas teorias educativas e pedagógicas do tiktok. Hoje, todos têm necessidade de ter opinião sobre tudo e, especialmente, verbalizá-la, sem aceitar que sobre algo pode não estar devidamente informado. A escola É uma rede social. E o poder político, os governos, não têm tido capacidade, ou melhor, competência, para atuar em conformidade, antecipando as consequências sociais deste modelo de escola. Às vezes penso que não será incompetência, é mesmo a forma atual de analfabetização funcional, tal como no passado se mantinha intencionalmente o povo analfabeto.

e não fosse uma profissão que exige tanto tempo e aturar pessoas (digo os colegas, funcionários e pais dos miúdos), e corrigir testes, e mal paga


Isto é a forma de degradar o ensino, na prática, levando ao tal analfabetismo prático. No fundo, é desejável.
Começou há muito com a diabolização dos professores, algo útil para os governos, pois sendo uma classe profissional com peso social (são muitos e fazem falta, os miúdos tê de ficar em algum lado e todos, pelo menos em teoria, defendem que a formação é importante...) foi um modo de esvaziar a sua importância e influência, potencialmente perniciosa, podendo torná-los num joguete dos governos, sem voz. Ninguém repara que, ao se destruir certas classes sociais, se destrói o próprio edifício da sociedade, pelo menos, de uma sociedade "evoluída". A desvalorização da Escola, transformando-a quase apenas num armazém de meninos para libertar os pais para horários de trabalho abusivos, é útil.
Tudo isto é muito cansativo, desgastante desanimador. Por mim falo: estou numa situação confortável, seja em termos de carreira, colocação, até na relação com os alunos (nunca tive propriamente problemas disciplinas... e se os tive rapidamente os resolvi, e leciono há muitos anos), mas cada vez vai sendo mais intolerável lidar com esta realidade. No fundo, estar na escola (imagino que num hospital também) é estar no olho do furacão de degradação social que se vive. Eu gosto de dar aulas, mas, se pudesse, saltava já fora deste comboio em pleno descarrilamento.

Isto
Vooder Escreveu: já dei algumas formações a professores e não são muito melhores (sorry Fátima) :lol: :lol: :lol: :lol:

e isto
Brunhu Escreveu: chego à conclusão que cada vez há mais professores completamente desequilibrados e que escolheram mesmo a profissão errada!


são muito consequências do que eu falava agora. Não há, em muitas escolas, um ambiente saudável (isto seria toda uma outra conversa). E vai piorar.
Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças. Torga
A partir de um determinado ponto já não há retorno. É esse ponto que se tem que alcançar. Kafka

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Blackadder » quinta dez 18, 2025 9:58 am

aetheria Escreveu:Simplificando, é muito isto.
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Sim, os miúdos sempre foram parvos, mas fazia parte da infantilidade/rebeldia da idade, mas tudo se pautava por uma certa dimensão de respeito pelo adulto e noção de consequências. Os miúdos "portavam-se mal" por infantilidade e natural vontade de brincar, mas sabiam que isso lhes valeria um puxão de orelhas. Sabiam e corriam o risco. Os jovens já agem com a natural rebeldia e contestação do mundo, mas acreditem que até isso mudou muito: no passado a rebeldia tinha audácia e talento, verdadeiro desafio: lembro-me de colegas saírem da sala às escondidas, na aula de NAP, de ter sido roubada uma cópia do teste de física e química que foi passada por toda a turma (isto enquanto aluna), de ter uma colega de matemática a quem puseram uma lagartixa debaixo do apagador porque ela tinha dito que tinha medo - todos se riram, incluindo a minha colega... mas, tirando as devidas exceções, o desafio não era desrespeito, era o testar os limites, era correr o risco, TODOS sabiam que, se apanhados, sofreriam as consequências, vinda desde logo dos pais.
Hoje, não há sequer criatividade, elaboração, há só má-educação, o síndrome do rei na barriga. E, nestes casos, a maior parte das vezes, os pais são parte do problema. Todos são pais perfeitos de filhos perfeitos, todos estão altamente formados nas mais avançadas teorias educativas e pedagógicas do tiktok. Hoje, todos têm necessidade de ter opinião sobre tudo e, especialmente, verbalizá-la, sem aceitar que sobre algo pode não estar devidamente informado. A escola É uma rede social. E o poder político, os governos, não têm tido capacidade, ou melhor, competência, para atuar em conformidade, antecipando as consequências sociais deste modelo de escola. Às vezes penso que não será incompetência, é mesmo a forma atual de analfabetização funcional, tal como no passado se mantinha intencionalmente o povo analfabeto.


Eu acho que é não terem capacidade de perceber há um ponto em que não devem impor a ideologia deles na educação — e isto vale tanto para o CDS e amigos, como para o BE. A escola deve ser um lugar que nos ensina pensar com sentido crítico, não um que nos diz "o que é certo e errrado, bom ou mau" — dentro do razoável, claro. Mas essa é uma guerra mais ou menos perdida. Eu não acho que haja um great design para nos manter burros ao nível da escola — não precisamos de mais ajuda para isso; até porque o que não falta é doutorados parvos (da Joana Amaral dias em diante). Acho que é mesmo incompetência, e sobretudo muita, muita falta de coragem política para mudar realmente coisas, seja na educação, seja onde for, quando no curto-prazo pode doer ou abanar o "sistema" — porque o eleitoralismo e a futebolização da política falam mais alto.

Ainda sobre miúdos malcriados, é o que dizes. Eu sempre fiz as minhas e me dei com os miúdos mais traquinas, mas se há coisa que nunca nenhum professor disse, muito pelo contrário, é que era malcriado — nem a maior parte dos meus colegas, tirando um ovo podre ou outro. Nunca fui respondão, e sabia baixar as orelhas e acatar o ralhete quando este chegava — até porque seria esse o primeiro dia na vida em que levaria um estalo do meu pai, que nunca foi necessário. Apesar de falar muito nas aulas, e fazer uma ou outra asneira, os professores sempre disseram aos meus pais que era um rapaz com muita educação, mesmo quando uma vez, no secundário, fiz uma parvoícezita que passou por expressar o meu apreço por Iron Maiden e Metallica a marcador permanente na torre de um computador da escola fizeram questão de dizer que não era nada o tipo de coisa de um rapaz assim (ahahah) e que era sempre um aluno muito respeitador.
Essa educação é algo a que hoje, apesar de discordar deles em muitas coisas e termos maneiras de pensar e estar na vida diferentes, dou muito valor nos meus pais e avós.
Última edição por Blackadder em quinta dez 18, 2025 10:45 am, editado 2 vezes no total.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Blackadder » quinta dez 18, 2025 10:39 am

Eu acho que os professores deviam ser das carreiras mais valorizadas, económica e socialmente.

Mas… (e diz-me se estiver a ser injusto; é possível, só observo de fora)

também acho que (num país ideal, ou melhor, com as prioridades certas, onde houvesse dinheiro para lhes pagar, escolas com condições, horários mais flexíveis, turmas mais pequenas, colocações mais perto de casa, etc…) devia haver muito mais escrutínio e exigência com a qualidade, a formação e a avaliação dos nossos professores — e talvez um sistema de serviços mínimos mais exigente (como nos hospitais), para não se fechar escolas nas greves.

Como disse, tive alguns professores bons. Mas a maior parte era apenas mediocre, ou (o mais comum) competente a lecionar o programa mas não se lhes via um rasgo de curiosidade pelo seu campo de estudos (que percebo que o tenham perdido com o acumular de frustração ao longo dos anos), uma vontade de continuar a informar-se (já nem digo estudar) e a sugerir aos alunos conteúdos alternativos mais interessantes que os ditados pelo ministério (aquele livro, aquele podcast, aquele filme, aquele cientista, aquela área de estudo muito específica, um ângulo diferente sobre um determinado assunto) — bem sei que há algumas limitações ao que se pode ou não fazer em aula, mas só um comentário, uma sugestão, uma curiosidade goes a long way. 

Por exemplo, já não digo para alargarem a autores de língua estrangeira, porque efectivamente está-se a ensinar português, e a malta do CDS tinha logo uma trombose, mas há falta de literatura que diga a uma coisa a adolescentes e jovens, que se estão nas tintas se o Carlos comeu a irmã, ou se a Belimunda vê as pessoas por dentro, há autores bem mais interessantes — para essas idades, pelo menos — no Brasil e nas Áfricas, que também escrevem em português e para bem e/ou para mal fazem parte da nossa cultura e história — de Pepetela, a Jorge Amado, de Mia Couto a Chico Buarque, ou, se quiserem mesmo algo mais antigo, o Machado de Assis.
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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Passenger » quinta dez 18, 2025 2:11 pm

Blackadder Escreveu:A escola deve ser um lugar que nos ensina pensar com sentido crítico, não um que nos diz "o que é certo e errrado, bom ou mau" — dentro do razoável, claro. Mas essa é uma guerra mais ou menos perdida. Eu não acho que haja um great design para nos manter burros ao nível da escola — não precisamos de mais ajuda para isso; até porque o que não falta é doutorados parvos (da Joana Amaral dias em diante).

Acho que é exactamente por aí que começa, o objectivo é "formar pessoas" com educação suficiente para premir os botões certos mas sem capacidade de pensar...
Na minha vida já vi de tudo, gente inteligentíssima com o 9º ano de formação e mestrados com notas de curso brutais sem sequer o mínimo de cultura geral. É impressionante.

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Re: Aquele sentimento...

Mensagempor Passenger » quinta dez 18, 2025 2:21 pm

aetheria Escreveu:Isto é a forma de degradar o ensino, na prática, levando ao tal analfabetismo prático. No fundo, é desejável.
Começou há muito com a diabolização dos professores, algo útil para os governos, pois sendo uma classe profissional com peso social (são muitos e fazem falta, os miúdos tê de ficar em algum lado e todos, pelo menos em teoria, defendem que a formação é importante...) foi um modo de esvaziar a sua importância e influência, potencialmente perniciosa, podendo torná-los num joguete dos governos, sem voz. Ninguém repara que, ao se destruir certas classes sociais, se destrói o próprio edifício da sociedade, pelo menos, de uma sociedade "evoluída".

Até iria mais longe, a diabolização de toda a função pública, sem que as pessoas percebam que estamos a falar de quem nos "entrega" água em casa, nos trata os esgotos e o lixo, limpa as ruas, gere uma data de entidades, segurança (polícia), etc... Conheço um fedelho bronco que para ele a função pública é a malta na assembleia da república (deputados) e a malta das finanças para roubar o pessoal e pronto, é isto a função pública.
Ainda há pouco tempo um amigo meu concorreu para operador de ETAR de uma empresa pública, o manual de instruções para estudo da prova era quase ao nível de um reactor nuclear... Querem pessoas capazes de ler, pensar e executar as mais diversas e "sujas" funções, daquelas que toda a gente foge como o diabo da cruz, exigência máxima para certos conceitos e pormenores, para receber o ordenado mínimo. E ainda exigem que a pessoa tenha carta e viatura própria para se deslocar aos sítios mais ermos deste Portugal, tudo pago ao preço da uva mijona...


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