Vooder Escreveu:Não costumo concordar com a cata-vento e boazona (pode-se escrever isto?) Joana Amaral Dias, mas este pequeno texto está lá. A base aqui é o piropo que o BE e muita gente quer criminalizar:
«Sou a favor do piropo, das bocas ou galenteios e acho que a esquerda devia ter juizinho.
A liberdade começa pela liberdade de tudo dizer, já dizia Maurice Blanchot. Embora o humor Charlie Hebdo me repugne (pois frequentemente ofende e até enxovalha), entendo que tem direito a existir. Ou seja, defendo Charlie (embora não queira ser Charlie) porque luto pelo direito a tudo dizer (difamação e injúria estão previstas na lei).
Frequentemente o piropo é pulha e abjecto, vexa como certas caricaturas. Noutras vezes é expressão do desejo. Quando um estranho lhe oferece flores isso pode ser impulso, a expressão da atracção, sem a qual a interacção entre dois desconhecidos seria clandestina. Afinal, é impossível dois adultos que não se conhecem seduzirem-se sem recursos verbais (ou não verbais) mais ou menos sexualizados/eróticos. Isto é, criminalizando o piropo, criminaliza-se a a expressão do desejo (que só se sabe se é bem recebido depois de acontecer). Criminalizando o piropo, criminaliza-se o engate. E para uma sociedade sem vontade e sem ligação, sem laços, atomizada e deslaçada, individualizada e solitária, como é o sonho neoliberal, já chega. Para uma sociedade sem desejo e sem pica já basta o que basta. Sim, o machismo é uma linguagem universal e é muito difícil desaprender a língua materna, pelo que este combate deve ser vitalizado. Mas não à custa do amor à primeira vista.»
Pois, cata-vento é mesmo a palavra certa para descrever a Joana Amaral Dias... Esse texto dela é mesmo um exemplo da política no seu melhor (leia-se "pior"). Aquela política sectária, seguidista e calculista contra a qual eu falava há uns tempos atrás noutro tópico.
Se achas que não tenho razão, vê esta notícia:
https://ionline.sapo.pt/artigo/581543/ha-quem-defenda-um-espaco-nos-transportes-p-blicos-exclusivo-para-mulheres?seccao=Portugal_i
Pois...
Será que ela tem uma irmã gémea, e que até tem o mesmo nome e tudo? É que o texto de cima, e as declarações a que se refere o notícia que postei, não parecem pertencer à mesma pessoa...
Joana Amaral Dias mostra-nos aqui uma caracteristica muito comum nos políticos: a capacidade de dizer uma coisa e o seu contrário, quase em simultâneo se preciso for, desde que entenda que poderá obter alguma vantagem disso.
Agora, deixo aqui a minha teoria para a contradição de declarações. Posso estar completamente enganado, é só um palpite. Joana Amaral Dias esteve no BE. Saiu. Os motivos são irrelevantes para o caso. Formou novo partido. E sendo assim, vê-se na mesma área ideológica em que estava, mas sendo outro partido é obrigatoriamente concorrência do BE. De modo que, desde que não entre em colisão com a sua ideologia nem prejudique significativamente a esquerda partidária (dando assim força à direita, o que é de evitar), pode ter vantagens em contrariar publicamente algo que o BE diga ou faça, mesmo que até seja a favor. Assim, está a afirmar o seu partido, diferenciando-o do BE. Isso é por demais evidente quando ela diz "acho que a esquerda devia ter juizinho". Quem não soubesse quem ela é, ainda ficava a pensar que ela é do CDS... O recado é especificamente para o BE, mas como parecia mal atacar esse partido em particular, refere-se à "esquerda" de uma forma mais geral, como se ela também não fizesse parte dessa mesma esquerda.
Anyway, just my 2 cents...