Opiniões e reflexões jornalísticas.

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21poison
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor 21poison » sábado mar 14, 2009 10:42 pm

Pensava que era por causa do direito à liberdade de expressão, mas anyway.. p o i s.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Audiokollaps » sexta mar 27, 2009 12:36 pm

Não é artigo de opinião/reflexão, mas vale a pena!

Lula e Brown propõem fundo de 100 mil milhões de dólares de combate à crise

Presidente brasileiro diz que culpa da crise é de “gente branca com olhos azuis”

27.03.2009 - 08h57 PÚBLICO

A crise financeira internacional foi criada por “gente branca e de olhos azuis”, acusou ontem o Presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva. Ao lado do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, de visita a Brasília, Lula afirmou: “Não conheço nenhum banqueiro negro ou índio”, cita o jornal “Estado de São Paulo”.

Lula contestou que haja questões ideológicas nas suas avaliações sobre a crise financeira mundial. “Não existe questão ideológica, existe um facto que mais uma vez percebe-se que a maior parte dos pobres que [nem] sequer participava na globalização estava sendo uma das primeiras vítimas da crise. O preconceito que vejo é contra os imigrantes nos países desenvolvidos", afirmou.

Dirigindo-se aos jornalistas, no Palácio da Alvorada, o Presidente defendeu a regulação do sistema financeiro internacional. “Não é possível uma sociedade em que você entra no shopping ou no aeroporto e é filmado, sempre vigiado, e o sistema financeiro não ser vigiado e não ter uma regulação.”

Os dois líderes propuseram a criação de um fundo de 100 mil milhões de dólares para relançar o comércio mundial afectado pela crise. “Temos necessidade de uma transfusão na economia mundial e vou pedir à cimeira do G20 na próxima semana [de que Brown é o anfitrião] que apoie um financiamento de 100 mil milhões de dólares para ajudar o comércio no mundo inteiro”, declarou o primeiro-ministro britânico, citado pela AFP.

A cimeira começa em Londres, a 2 de Abril, para que os líderes das 20 principais economias do mundo –de que o Brasil faz parte – possam concertar uma resposta à crise. Lula tem defendido uma liberalização das trocas comerciais como medida para auxiliar os países emergentes, muito dependentes das suas exportações.

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Brilhando
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Brilhando » sexta mar 27, 2009 1:06 pm

Setze jutges d'un jutjat mengen fetge d'un penjat; si el penjat es despengés es menjaria els setze fetges dels setze jutges que l'han jutjat.

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Cthulhu_Dawn
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » segunda mai 18, 2009 3:17 pm

Quando foi construído, o Bairro da Bela Vista em Setúbal, não seria um paraíso, mas tinha condições de qualidade de vida muito razoáveis, muito acima do que os que para lá foram viver estavam habituados e muito próximo daquilo que de melhor um país que não é rico pode fazer por comunidades desfavorecidas. Nem a crise actual nem o desemprego ou a exclusão social podem justificar que, na Bela Vista, como em outros 'bairros sociais' construídos de raiz e com condições mais do que aceitáveis, ao fim de pouco tempo tudo esteja escavacado pelos seus habitantes. Não é porque alguém está desempregado ou se sente marginalizado socialmente que tem o direito de rebentar com o elevador do prédio, pintar e sujar as paredes, vandalizar os espaços verdes ou ficar meses sem mudar uma lâmpada fundida.

O debate desta semana na Assembleia da República sobre os acontecimentos violentos da Bela Vista foi uma oportunidade perdida para que, com a contribuição de todos os quadrantes políticos, se iniciasse uma discussão séria sobre estas questões, antes que o incêndio, por enquanto sob controlo, nos bata à porta, como sucedeu em França ou na Grécia. Infelizmente, estamos em ano plurieleitoral e parece que toda a política se resume a duas abordagens: por um lado, o Governo a fazer a propaganda do que fez; por outro, a oposição a atribuir ao Governo a culpa de todos os males, desde a crise do subprime nos Estados Unidos até à responsabilidade pelos jovens que disparam tiros sobre a esquadra da PSP na Bela Vista.

Pela esquerda, Loucã repetiu os lugares-comuns mais primários da enciclopédia política, exigindo ao Governo "um programa de emergência, a aprovar amanhã, que dê segurança, pão e emprego e acabe com os guetos no país inteiro". Um pouco mais de ousadia e teria pedido um programa social que desse a cada habitante dos guetos um bólide 'quitado' para eles se entreterem a fazer corridas nocturnas clandestinas na Ponte Vasco da Gama ou na Via de Cintura Interna. Visto assim, o problema é simples: o desemprego gera fatalmente violência, a pobreza gera crime. Logo, a solução é simples: emprego para todos (onde?), bem-estar para todos. Quanto custa, quem paga, como se paga, isso são pormenores.

Pela direita, pediu-se o habitual: mais polícia, menos imigrantes, mais repressão. Mas Paulo Portas acrescentou, e com razão, que mais polícia só António Costa é que a teve em Lisboa para a caça à multa.
Pelo Governo, Sócrates fez o que lhe competia - defender a polícia - e aquilo que faz em qualquer situação: responder com números, números que ninguém controla, ninguém sabe se são verdadeiros ou não e se alguma vez saíram das leis e do papel para se transformarem em actos concretos com reflexo na vida concreta das pessoas.

Acontece que todos têm uma parte da razão e ninguém a tem por inteiro. Porque a compulsão para o debate político infrutífero, para o confronto visando exclusivamente as sondagens e a popularite, impede um esforço concertado de todos para se chegar a um consenso sobre uma visão de conjunto para um problema que é mais do previsível que terá de ser atacado, de cima a baixo, antes que se transforme numa bomba de fragmentação a explodir estilhaçando tudo à volta.

Se quisermos começar por ir à mina de água, o problema nasce logo no desordenamento territorial que se tem vindo a agravando. Seria necessário compreender, de uma vez por todas, que quando se seguem anos a fio de políticas que conduzem à morte do mundo rural e ao despovoamento do interior, se está a criar um problema que vai ser sentido a jusante. Quando, como fez este Governo recentemente, se acaba de liquidar a Reserva Agrícola, quando a agricultura é substituída por plantações de eucalipto que não criam um posto de trabalho, ou por campos de golfe, quem não queira ou não possa reconverter-se em caddie ou vigilante de fogos florestais só tem como destino vir habitar um desses guetos nas grandes cidades, onde lhes prometem emprego, com comodidades novas e centros comerciais para passear ao fim-de-semana.

E o mesmo acontece quando não há políticas fiscais agressivas, políticas de descentralização administrativa séria, que fixem populações nos centros urbanos do Interior. E, quando essas populações que desaguaram nas grandes cidades por falta de alternativa, se deparam com uma crise que lhes rouba os prometidos empregos, não lhes restam sequer as relações de vizinhança e de entreajuda a que estavam habituadas. Porque, como bem sabemos, não é por haver uma multidão à nossa volta que estamos menos sós.

Depois, é evidente que a questão da imigração e das quotas para imigrantes é uma questão séria e que precisa de ser debatida, sem preconceitos, quer do ponto de vista social, como criminal. Porque se, por um lado, os imigrantes acrescentam uma multiculturalidade que é salutar, se rejuvenescem a população e até são essenciais para o financiamento da Segurança Social, também parece inescapável pensar que o país não pode acolher, sob pena de graves custos e distúrbios sociais, aqueles que não tem condições para receber decentemente. E se, do ponto de vista criminal, é mais do que abusivo pretender que o aumento da imigração corresponde fatalmente ao aumento da criminalidade, também não há como negar o que todos os relatórios dizem: que a criminalidade violenta, organizada, grupal, está a ser largamente importada e protagonizada por imigrantes, sobretudo do Leste.

O passo seguinte é reflectir até que ponto a construção de bairros sociais - sobretudo se habitados por comunidades étnicas particulares, misturadas ou não entre si - é uma boa solução ou antes um barril de pólvora pronto a explodir. Quantos bairros sociais destes temos com bons resultados? Porque é que em Braga, onde eles acabaram, a criminalidade diminuiu? As populações autóctones rejeitam a integração nos seus bairros de negros, ciganos ou oriundos do Leste? Mas terão elas o direito de decidir ou isso é política inalienável do Estado (foi a questão de Oleiros)?

Decisiva é também a questão de saber quais os limites de actuação que devem ser concedidos à polícia e quais os meios necessários para que a polícia não fique à defesa, entrincheirada na esquadra, enquanto os bandidos ocupam a rua, fazendo dela o seu farwest privado. Mas também é necessário que se assente que um carro em fuga, mesmo que com presumíveis delinquentes lá dentro, não justifica que se atire a matar. E, sobretudo, que a falta de treino ou de perícia da polícia não pode continuar a servir de desculpa para os tiros que são disparados para os pés e acabam por atingir a cabeça dos suspeitos.

E, finalmente, julgo que as próprias comunidades destes bairros têm de ser responsabilizadas, naquilo que são os seus deveres. O país não tem obrigação de pagar prédios que são vandalizados ou jardins que só servem para largar os dejectos dos cães ou passar droga. Os pais têm de ser responsabilizados pelo que fazem os filhos, os condóminos pelo estado do prédio, as associações locais pelo uso dos espaços de fruição comum. E um delinquente de 14 anos tem de ser travado e castigado, antes que se transforme num bandido de 20 anos. A liberdade de não viver cativo de uma minoria de arruaceiros também é tarefa de cada um.


Miguel Sousa Tavares, Expresso, 18/05/2009

Para quem tiver pachorra...Um artigo interessante

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KonigLowe
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sexta mai 29, 2009 4:22 pm

"A discussão entre Marinho Pinto e Manuela Moura Guedes no Jornal Nacional da TVI, há uma semana atrás, foi exemplar. Pela primeira vez, alguém conseguiu dizer à jornalista, em directo e frente a frente, aquilo que toda a gente já viu: sem qualquer deontologia, ela pratica o mais baixo jornalismo, acusando e destruindo impunemente as pessoas que caem na sua alçada.

Desde há seis anos, com intervalos, que Manuela Moura Guedes e a inseparável Ana Leal, em evidente promiscuidade com a direita política e certos sectores judiciais, acusam pessoas sem provas nem defesa. Basta alguém fazer uma denúncia, mesmo anónima e sem fundamento, e encaminhá-la secretamente para a polícia.

Aí, a TVI vai buscá-la e apresenta-a como "facto". Ou então faz a montagem de discursos acusatórios com imagens de pessoas conhecidas, um expediente publicitário a que a televisão veio dar uma força inaudita.

Também Marinho Pinto faz denúncias públicas. Mas denuncia acontecimentos, omitindo as pessoas que os praticam. Há quem o critique por isso, mas ele sabe que só a Justiça pode acusar pessoas, porque não as expõe nem julga sem defesa e apuramento da verdade. Um direito à dignidade humana que a civilização conquistou depois dos bárbaros julgamentos sumários exibidos na praça pública.

As duas atitudes opõem a barbárie à civilização. A barbárie pode ter mais audiência, mas ninguém quer viver nela. Se for, porém, apanhado nas malhas da TVI, só lhe resta defender-se em directo."

J.L. Pio Abreu - Destak
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor otnemeM » sexta mai 29, 2009 4:41 pm

KonigLowe Escreveu:Também Marinho Pinto faz denúncias públicas. Mas denuncia acontecimentos, omitindo as pessoas que os praticam. Há quem o critique por isso, mas ele sabe que só a Justiça pode acusar pessoas, porque não as expõe nem julga sem defesa e apuramento da verdade. Um direito à dignidade humana que a civilização conquistou depois dos bárbaros julgamentos sumários exibidos na praça pública.

Não é bem assim. Das duas uma:

a) Tem provas ou testemunhas através das quais teve conhecimento do que (pseudo-)denuncia.
Neste caso pode e deve apresentar queixa, fazer chegar os dados que tem ao MP, e esperar que a justiça siga o seu caminho. É assim que "a Justiça pode acusar pessoas".

b) Não tem provas ou testemunhas e está apenas a atirar barro à parede. Ou a ladrar para a caravana que passa ou, ainda na dinâmica canina, a ladrar sem nunca tencionar morder.
Neste caso pode e deve calar a boca que sempre é menos uma fonte de ruído e distracção.


...digo eu, claro.

Phobos [RIP 2012/08/19]

Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Phobos [RIP 2012/08/19] » sexta mai 29, 2009 6:26 pm

otnemeM Escreveu:
KonigLowe Escreveu:Também Marinho Pinto faz denúncias públicas. Mas denuncia acontecimentos, omitindo as pessoas que os praticam. Há quem o critique por isso, mas ele sabe que só a Justiça pode acusar pessoas, porque não as expõe nem julga sem defesa e apuramento da verdade. Um direito à dignidade humana que a civilização conquistou depois dos bárbaros julgamentos sumários exibidos na praça pública.

Não é bem assim. Das duas uma:

a) Tem provas ou testemunhas através das quais teve conhecimento do que (pseudo-)denuncia.
Neste caso pode e deve apresentar queixa, fazer chegar os dados que tem ao MP, e esperar que a justiça siga o seu caminho. É assim que "a Justiça pode acusar pessoas".

b) Não tem provas ou testemunhas e está apenas a atirar barro à parede. Ou a ladrar para a caravana que passa ou, ainda na dinâmica canina, a ladrar sem nunca tencionar morder.
Neste caso pode e deve calar a boca que sempre é menos uma fonte de ruído e distracção.


...digo eu, claro.


Acho que a questão é que ele não funciona nesse binário.Pode até acontecer uma situação em que ele tenha a certeza de que se passa algo, embora sem provas, e prefira fazer algum barulho. Não é muito by the book mas pode ter resultados positivos, mesmo que com muito ruído à volta. E depois é pouco como o velho ditado, quem cala consente.

Não é perfeito mas acho-lhe piada.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Audiokollaps » sexta jul 17, 2009 1:26 pm

Quem cala consente? por Manuel António Pina no J.N.


Jardim tem um mérito: diz o que pensa. O pior é que pensa o que diz. Como muita gente que correu a comprar uma casaca democrática após o 25 de Abril, tem a sorte que outros portugueses não tiveram: pôde dizer o que pensava e ocupar cargos nos ominosos tempos do "Estado Novo" porque pensava em conformidade com ele e pôde continuar a fazê-lo depois porque outros lutaram e morreram pela sua liberdade de expressão. A sua proposta de proibição do Partido Comunista é, pois, coerente. Como seria coerente se propusesse a criação de um Tarrafal na Madeira para os comunistas. Menos coerente é o silêncio da Direcção do PSD perante o que Jardim diz. A mesma Direcção que tem "lapsus linguae" como o de "rasgar" as políticas sociais e privatizar a Segurança Social e o SNS ou de "suspender" a democracia e que, depois, caindo em si, recua. Como no poema de Niemoller, estas coisas começam sempre pelos comunistas e nós, como não somos comunistas, ficamos em silêncio; depois vêm os sindicalistas, os homossexuais, quem sabe?, os judeus, até que chega a nossa vez; e já não haverá ninguém para levantar a voz.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor otnemeM » sexta jul 17, 2009 11:27 pm

Mais coerente só mesmo não resumir o comunicado a 5 palavras de forma a poder construir-se a polémica conclusão de que a intenção era "proibição do Partido Comunista", mas adiante. Enquanto se pagar ao Manuel António Pina para escrever artigos que partam de pressupostos falaciosos estará tudo bem.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sábado out 02, 2010 6:40 pm

AS HIENAS

Os abutres só se alimentam de cadáveres. Mas as hienas, que disputam os cadáveres com os abutres, alimentam-se também de animais vivos, meio.mortos e meio.vivos. Mais: as hienas podem alimentar-se de presas vivas que vão roendo sem as matarem. A hiena, com o seu riso, tem má reputação porque anuncia a desgraça. Mas enquanto a anuncia, também a promove com as suas dentadas traiçoeiras.

Estamos hoje cercados por hienas que dia a dia nos dão dentadas e anunciam a desgraça. Quanto mais desgraça anunciam mais dentadas dão, e vice-versa. E não é porque estejamos moribundos – só vamos enfraquecendo à medida dos seus ataques –, mas pelas companhias que nos cercam: primeiro a Grécia, depois a Espanha, agora a Irlanda que. como se tem visto, não estão propriamente moribundas.

Quer isto dizer que nunca chegará o tempo dos abutres. Mas as hienas estão aí. Agressivas como sempre, vêm pela calada da noite. Atacam em bando de 40 espécimes, tantos quantos os grandes “investidores” que dominam os mercados. Dizem que, além de feias, as hienas têm hábitos raros: as suas crias também são implacáveis e matam-se por vezes umas às outras.

As hienas cercam-nos por fora. Mas cá dentro ainda ouvimos o seu riso. Não sei se as hienas que estão entre nós também ferram dentadas. Mas o seu principal papel é sinalizar a desgraça. E cada vez que alguma alardeia, rindo, a desgraça de todos nós, logo as 40 hienas que nos cercam se atropelam para darem mais umas dentadas.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sábado out 16, 2010 11:14 pm

ASSIMETRIAS

O mercado livre que nos rege está cheio de truques contra a sua própria lógica. São esses truques que permitem que o mundo se divida em países produtores, que se enchem de dinheiro, e países consumidores, que têm de pedir emprestado.

O principal exemplo é o da China, que produz e acumula dinheiro, e dos Estados Unidos, que consomem e se tornam devedores. Acontece que quem lhes empresta dinheiro é a própria China, pois lhe convém que tudo continue assim e ainda enriquece com os juros.

O truque é o facto da moeda chinesa não entrar no mercado livre. Se entrasse, ela subiria de valor, os produtos seriam mais caros e, portanto, menos competitivos, deixariam de se vender e existiria crise e desemprego na China. Os dirigentes chineses calculam que um aumento superior a 3% no valor da sua moeda teria efeitos catastróficos.

Na Eurolândia, a Alemanha é produtora e os restantes países são consumidores. Mas aqui, o truque é o Euro que permite à Alemanha vender a preços competitivos para os países que têm a mesma moeda mas que a pedem emprestada.

Se a Alemanha saísse do Euro, a sua moeda subiria de valor, os produtos ficariam mais caros, ninguém os comprava, e lá teríamos a Alemanha com uma crise económica e desemprego. Os outros países tornavam-se mais competitivos e veriam a economia crescer.

O país mais interessado no Euro é a Alemanha. Não se compreende pois como todos os outros cedem ao braço de ferro da Senhora Merkel.

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Adinatha
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Adinatha » quarta out 20, 2010 11:07 am

Puxar aqui a brasa à sardinha:
http://www.guardian.co.uk/media/greenslade/2010/oct/20/theindependent-national-newspapers?CMP=twt_gu
Portugal has its i on the The Independent
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor paulo figueiredo [RIP 2011/02/27] » quarta out 20, 2010 11:50 am

Adinatha Escreveu:Puxar aqui a brasa à sardinha:
http://www.guardian.co.uk/media/greenslade/2010/oct/20/theindependent-national-newspapers?CMP=twt_gu
Portugal has its i on the The Independent


Assim sempre compensa (?) este tipo de parvoíces:

http://www.ionline.pt/conteudo/83818-mou--sa-carneiro-uma-equipa-um-guarda-redes-um-goleador

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Adinatha » quarta out 20, 2010 12:22 pm

Pah, jornalismo desportivo não é a minha área de todo, mas a ideia que tenho é que há margem para fazer coisas mais criativas. O problema é que nem toda a gente está aberta à criatividade ;)

Opah, mas francamente, é que até o layout é igual.
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Whatever, não se trata aqui de defender a camisola, apenas que se trata, das duas uma: pouco conhecimento do que se faz "lá fora" (em relação ao UK) ou uma lata tremenda em copiar um visual e conceito multipremiado.
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Cthulhu_Dawn
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » quarta out 20, 2010 1:51 pm

Eu gostei deste, do Henrique Raposo, no blogue do Expresso

Merkel e o "racismo" da Esquerda

A Alemanha, através de Merkel, foi clara: a sociedade multiculturalista falhou. E, aqui, convém fazer uma clarificação dos conceitos. O multiculturalismo não é o mesmo que cosmopolitismo. Uma sociedade cosmopolita é uma sociedade composta por indivíduos de diferentes origens e religiões. Ou seja, uma sociedade cosmopolita é uma sociedade multicultural, mas é uma sociedade assente no indivíduo, e não em "culturas" ou "comunidades". Este é um valor insuperável, e está no ADN do Ocidente.

II. Ao invés, o multiculturalismo criou sociedades assentes nas "comunidades", e não no indivíduo. Aliás, o multiculturalismo é uma doutrina política (fortíssima na esquerda de países como o Reino Unido ou Holanda) que determina que cada "comunidade" deve ter as suas regras e as suas leis . Isto, na prática, significa o seguinte: os muçulmanos vivem dentro da Alemanha e do Reino Unido, mas não têm de seguir as regras que os alemães e os britânicos seguem. É esta doutrina que está na base do "politicamente correcto", essa espécie de racismo cor-de-rosa que infantiliza e desresponsabiliza todos os não-brancos.

III. A esquerda europeia agarrou esta doutrina multiculturalista a partir dos anos 70. Após o fracasso da grande utopia marxista, esta esquerda pós-marxista tornou-se profundamente reaccionária e começou a pensar nos termos da velha direita: o seu centro passou a ser a "tradição cultural"; passou a defender a "tradição cultural" contra o iluminismo cosmopolita (e imperialista, dizem) do Ocidente. Desta inversão ideológica, surgem casos absurdos como este relatado por Amartya Sen: no Reino Unido, uma miúda muçulmana quer namorar com um rapaz inglês, mas os pais da miúda proíbem essa relação. Perante isto, o que dizem os ideólogos do multiculturalismo? É muito simples: apoiam os pais da miúda. Temos assim a esquerda europeia a apoiar os movimentos mais reaccionários, misóginos e homofóbicos do mundo.

IV. Vai haver muita gente a apelidar Merkel de "racista". Mas o "racista" desta história é o pensamento politicamente correcto, que infantiliza constantemente o "outro", ilibando-o de cumprir as regras de uma sociedade livre. Neste debate, convém sempre relembrar as bases do direito cosmopolita: um estrangeiro tem os mesmos direitos e os mesmos deveres de um nacional. Durante décadas, a atmosfera politicamente correcta deu direitos ao muçulmano e, depois, disse-lhe que ele não tinha de cumprir os deveres e as regras. Essa bolha do racismo cor-de-rosa explodiu. Merkel disse o óbvio: "quem quiser fazer parte da nossa sociedade tem de obedecer às nossas leis e falar a nossa língua". Meus amigos, não é possível ter comunidades inteiras que não falam a língua oficial do país onde vivem. Repare-se nisto: "há muita gente a pôr os filhos na escola privada, o que não fariam há alguns anos, porque nalguns sítios, na escola pública, 80% dos alunos não fala alemão" (relato de um cidadão alemão, Público, 24 de Setembro).

V. Merkel está a seguir um critério kantiano, e não "nacionalista". Merkel não está a dizer que x e y têm de rezar ao deus alemão, não está a dizer que têm de cantar o hino alemão, não está a dizer que não podem ter a sua religião. Está a dizer que existe um chão comum, composto por leis e regras, que tem de ser respeitado, seja qual for a religião de x ou y. O desrespeito por esse chão comum tem um nome: barbárie. E o politicamente correcto alimentou, durante décadas, essa barbárie. Mas, felizmente, esta barbárie cor-de-rosa está a acabar.


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