Opiniões e reflexões jornalísticas.

Intifada
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Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Intifada » terça jan 29, 2008 5:02 pm

Resolvi abrir este espaço para publicar (ou publicitar) artigos de opinião que considero interessantes. Artigos esses que são publicados na nossa imprensa, na web ou até mesmo na imprensa estrangeira.

Para começar, vou expor este pequeno texto, de um Senhor que leio diariamente no Jornal de Noticias:

Por outras, palavras, Manuel, António, Pina

Revelou o "Sol" que uma sociedade "off shore" comprou, em 7 de Dezembro passado (quando já eram conhecidas por alguns "happy few" bem colocados as conclusões do LNEC sobre Alcochete), uma herdade na zona onde vai ser construído o novo aeroporto por 250 milhões de euros (6,52 euros o m2). Imagine-se quanto passou a valer o terreno quando, um mês depois, o Governo divulgou a escolha, que, pelos vistos, os sócios da tal "off shore" (que, como os encapuzados que financiaram o estudo da CIP, são anónimos) já conheciam. Evidentemente que nunca haverá, no caso, prova de coisa nenhuma, muito menos de tráfico de influências. O bastonário deve, pois, calar-se sobre o assunto, já que, não podendo ordenar escutas, realizar buscas, interrogar suspeitos ou inquirir testemunhas, não terá "provas" para apresentar. Também o ex-vice-presidente da Câmara do Porto, Paulo Morais, não tinha "provas". Nem o general Garcia dos Santos, que denunciou a corrupção na JAE, onde, apesar de uma auditoria ter revelado que "voaram" 108 milhões de contos, nunca se descobriram "provas" contra ninguém. Hoje, em Portugal, só aparecem "provas" quando um Silva qualquer furta uma pasta de dentes num supermercado. As leis penais e processuais penais aprovadas pela AR encarregam-se disso.



O objectivo é postar artigos que considerem interessantes e obviamente discutir e comentar.


Comecei por este porque gosto muito da pequena coluna diária do Manuel António Pina e porque geralmente põe o dedo na ferida.

Sobre este artigo em particular, a confirmar-se que alguém comprou terrenos fruto de informações privilegiadas estamos perante um caso gravíssimo, pois o interesse de alguns grupos é sempre acautelado primeiro, deixando para segundo plano o interesse do estado e de todos nós.
São da opinião que o sistema legal/judicial está feito para apanhar a raia miúda e não os tubarões, tal como o autor deixa a entender?
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Mensagempor Inmist » terça jan 29, 2008 5:12 pm

Claro, sempre assim foi, o objectivo é manter o povo disciplinado e na ordem. O sistema judicial, assim como outras entidades "de bem" sempre serviram e servirão os "tubarões".

De vez em quando lá se vê um "pseudo-tubarão" ser acusado... provavelmente porque se opunha aos verdadeiros "tubarões"

sludge [RIP]

Mensagempor sludge [RIP] » terça jan 29, 2008 5:17 pm

Inmist Escreveu:Claro, sempre assim foi, o objectivo é manter o povo disciplinado e na ordem. O sistema judicial, assim como outras entidades "de bem" sempre serviram e servirão os "tubarões".

De vez em quando lá se vê um "pseudo-tubarão" ser acusado... provavelmente porque se opunha aos verdadeiros "tubarões"


E esses que sao acusados de alguma coisa, ababam por nunca serem condenados, enfim..... :?

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Sacred-Steel
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Mensagempor Sacred-Steel » terça jan 29, 2008 5:43 pm

São da opinião que o sistema legal/judicial está feito para apanhar a raia miúda e não os tubarões, tal como o autor deixa a entender?


Nem mais. Para a raia miuda qualquer prova circunstancial (termo americano, que em Portugal não se usa) serve para condenar. Gajos com influência, é preciso escutas, videos, ADN, testemunhas...

A lei penal também está feita para que, em crimes iguais, os mais cultos e ricos sofram uma penalização maior do que os menos cultos ou menos ricos. No entanto o que se vê é os pobres irem de cana, e os influentes de penas suspensas. Depois há outras questões que por motivos deontológicos não posso comentar...
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Mensagempor Intifada » terça jan 29, 2008 10:10 pm

Nem a propósito, temos tido declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados e denunciar que o maior problema em Portugal é o crime de colarinho branco, isto nas mais altas esferas do Estado, que envolvem políticos, partidos, concursos públicos.... ou irá cair ou alguém o fará cair!
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Mensagempor Brujo [RIP 2009/08/10] » terça jan 29, 2008 10:52 pm

Quero é que esse senhor diga o que sabe e não se limite a mandar palavras para o ar sem completar frases.

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Mensagempor Sacred-Steel » quarta jan 30, 2008 5:04 pm

O Bastonário sempre disse os nomes. Nas eleições para Bastonário de 2004 disse-os claramente. Um ex-Bastonário da Ordem dos Advogados, Ministros que fazem parte de uma sociedade de advogados, da qual fez parte o ex-presidente (que nunca se percebeu porque continou inscrito na Ordem, sendo Presidente da República, pois é incompativel), outras sociedades de Advogados que ele mencionou claramente, e cujos sócios eram secretários de estado, irmãos, pais e tios destes, e cujas sociedades tinham o monopólio da representação do Estado...

Eu também espero que ele diga e prove o que diz.
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Mensagempor Intifada » quarta jan 30, 2008 8:10 pm

Eu também espero que o prove, mas desde que o João Cravinho tentou fazer aprovar um pacote anti-corrupção e não só foi recusado pelo PS, como em seguida o mandaram para a Inglaterra para um belo cargo num banco para deixar de fazer ondas.... é-me difícil acreditar na "democracia" .

A propósito de democracia, deixo aqui um artigo do senhor Boaventura Sousa Santos, que tanto gosto de ler na Visão...


Síndrome de colonizador (Texto de Boaventura Sousa Santos)


¿Porqué no te callas?

Não se imagina um chefe de Estado europeu dirigir-se nesses termos publicamente a um colega europeu quaisquer que fossem as razões do primeiro para reagir às considerações do último. Esta frase é reveladora em diferentes níveis. (SANTOS)

Esta frase, pronunciada pelo Rei de Espanha dirigindo-se ao Presidente Hugo Chávez durante a XVII Cimeira Ibero americana realizada no Chile, no dia 10 de Novembro, corre o risco de ficar na história das relações internacionais como um símbolo cruelmente revelador das contas por saldar entre as potências ex-colonizadoras e as suas ex-colónias. De facto, não se imagina um chefe de Estado europeu dirigir-se nesses termos publicamente a um colega europeu quaisquer que fossem as razões do primeiro para reagir às considerações do último. Como qualquer frase que intervém no presente a partir de uma história longa e não resolvida, esta frase é reveladora em diferentes níveis.Ela revela, em primeiro lugar, a dualidade de critérios na avaliação do que é ou não democrático. Está documentado o envolvimento do primeiro-ministro de Espanha de então, José Maria Aznar, no golpe de Estado que em 2002 tentou depor um presidente democraticamente eleito, Hugo Chávez. Porque, naquela altura, a Espanha presidia à União Europeia, esta última não pode sequer clamar total inocência. Para Chávez, Aznar ao actuar desta forma, comportou-se como um fascista. Pode questionar-se a adequação deste epíteto. Mas haverá tanta razão para defender as credenciais democráticas de Aznar, como fez pateticamente Zapatero, sem sequer denunciar o carácter antidemocrático desta ingerência? Haveria lugar à mesma veemente defesa se o presidente eleito de um país europeu colaborasse num golpe de Estado para depor outro presidente europeu eleito? Mas a dualidade de critérios tem ainda uma outra vertente: a da avaliação dos factores externos que interferem no desenvolvimento dos países. Num dos primeiros discursos da Cimeira, Zapatero criticou aqueles que invocam factores externos para encobrir a sua incapacidade de desenvolver os países. Era uma alusão a Chavez e à sua crítica do imperialismo norte-americano.Pode criticar-se os excessos de linguagem de Chávez, mas não é possível fazer esta afirmação no Chile sem ter presente que ali, há trinta e quatro anos, um presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, foi deposto e assassinado por um golpe de Estado orquestrado pela CIA e por Henry Kissinger. Tão pouco é possível fazê-lo sem ter presente que actualmente a CIA tem em curso as mesmas tácticas usando o mesmo tipo de organizações da “sociedade civil” para destabilizar a democracia venezuelana. Tanto Zapatero como o Rei ficaram particularmente agastados pelas críticas às empresas multinacionais espanholas (busca desenfreada de lucros e interferência na vida política dos países), feitas, em diferentes tons, pelos presidentes da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e Argentina. Ou seja, os presidentes legítimos das ex-colónias foram mandados calar mas, de facto, não se calaram. Esta recusa significa que estamos a entrar num novo período histórico, o período pós-colonial, teorizado, entre outros, por José Marti, Gandhi, Franz Fanon e Amilcar Cabral e cujas premissas políticas se devem a grandes lideres africanos como Kwame Nkrumah. Será um período longo e caracterizar-se-á pela afirmação mais vigorosa na vida internacional dos países que se libertaram do colonialismo europeu, assente na recusa das dominações neocoloniais que persistiram para além do fim do colonialismo.Isto explica porque é que a frase do Rei de Espanha, destinada a isolar Chávez, foi um tiro que saiu pela culatra. Pela mesma razão se explicam os sucessivos fracassos da União Europeia para isolar Roberto Mugabe.Mas “¿porqué no te callas?” é ainda reveladora em outros níveis. Saliento três. Primeiro, a desorientação da esquerda europeia, simbolizada pela indignação oca de Zapatero, incapaz de dar qualquer uso credível à palavra “socialismo” e tentando desacreditar aqueles que o fazem. Pode questionar-se o “socialismo do século XXI” - eu próprio tenho reservas e preocupações em relação a alguns desenvolvimentos recentes na Venezuela - mas a esquerda europeia deverá ter a humildade para reaprender, com a ajuda das esquerdas latino americanas, a pensar em futuros pós-capitalistas. Segundo, a frase espontânea do Rei de Espanha, seguida do acto insolente de abandonar a sala, mostrou que a monarquia espanhola pertence mais ao passado da Espanha que ao seu futuro. Se, como escreveu o editorialista de El País, o Rei desempenhou o seu papel, é precisamente este papel que mais e mais espanhóis põem em causa, ao advogarem o fim da monarquia, afinal uma herança imposta pelo franquismo. Terceiro, onde estiveram Portugal e o Brasil nesta Cimeira? Ao mandar calar Chávez, o Rei falou em família. O Brasil e Portugal são parte dela?




Sem dúvida uma análise interessante!
RIP

LuiSlayer [RIP 2009/03/27]

Mensagempor LuiSlayer [RIP 2009/03/27] » quinta jan 31, 2008 1:22 am

Concordo.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » quarta jul 16, 2008 6:04 pm

(Hoje no Destak)

PROVAS DE MATEMÁTICA

Antecipo a minha "declaração de interesses": sou pai de um estudante do nono ano que obteve boa nota na prova nacional de matemática. Esta circunstância, porém, não me impõe a defesa do mérito do respectivo enunciado. Aliás, só a insensatez consentiria opinião sobre disciplina com a qual sempre alimentei uma relação tensa e incompreendida.

Não posso, porém, deixar de observar com particular estranheza as múltiplas denúncias sobre a excessiva simplicidade do exame provindas de professores de matemática, designadamente da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Ora, o certo é que, apesar de tão fáceis e elementares, as provas redundaram em 50% de resultados negativos. É, pois, legítimo concluir que metade dos examinandos nem o básico sabiam. E aqui surge a perplexidade. De quem é a culpa? Podem os professores eximirem-se das suas responsabilidades perante este descalabro, imputando-as em exclusivo ao Ministério, à ministra, aos programas (na elaboração dos quais intervêm), aos pais, aos alunos? Não deveriam os professores de matemática estar mais preocupados em perceber a razão que subjaz ao chumbo de metade dos seus discentes num exame tão primário?

Obviamente que me responderão dizendo que não é baixando a fasquia da exigência que preparamos os jovens para os desafios do futuro. É uma frase feita, embora verdadeira, como aliás o são quase todas as frases feitas. Mas se com fasquia tão rasteira os resultados são estes, o que fazer? Porventura impor outras e mais elevadas fasquias aos docentes, responsabilizando-os pelos resultados dos seus alunos.

Esta percentagem de negativas registada num exame sem escolhos descobre as gravíssimas deficiências de preparação e aprendizagem. Talvez seja esta a razão verdadeira para tanto desconforto.

José Luís Seixas
Mas livrai-nos do Malamén

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor otnemeM » quarta jul 16, 2008 7:46 pm

A mãe de um amigo meu, que é professora de Matemática do Secundário e ex-professora Universitária, riu-se à gargalhada dos exames deste ano :|

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Sassequece » quarta jul 16, 2008 9:17 pm

otnemeM Escreveu:A mãe de um amigo meu, que é professora de Matemática do Secundário e ex-professora Universitária, riu-se à gargalhada dos exames deste ano :|


O meu pai teve que corrgir exames este ano. Melhor do que o exame eram os critérios de correcção. Tem que se aproveitar tudo... Matématica é uma ciência exacta, não é como Filosofia ou Português em que a resposta tem sempre uma componente subjectiva e de interpretação pessoal.
Andamos a trabalhar para as estatísticas. Os alunos cada vez sabem menos mas são levados a pensar que cada vez sabem mais.
Infelizmente e, ao contrário da Saúde em que as pessoas sentem logo na pele qualquer alteração e saem logo à rua a protestar, as alterações na Educação só são sentidas a médio/longo prazo e o Zé Povinho já não se preocupa.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor otnemeM » quarta jul 16, 2008 10:05 pm

Mas assim a UE come as estatísticas que o Governo lhes dá à colher e daqui a meio ano têm mais uma palmadinha nas costas do "Porreiro pá".Viva.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Sassequece » quarta jul 16, 2008 10:07 pm

Para esta crise da Educação eu costumo usar o exemplo do meu curso. No ano em que eu entrei a média foi de 15 valores. Cinco anos depois quando saí, a média era de 13....

Brujo [RIP 2009/08/10]

Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Brujo [RIP 2009/08/10] » quinta jul 17, 2008 7:29 pm

Isso deve-se ao facto de no ano que entraste era só povo muito inteligente. :mrgreen:


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