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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Lapeno Enriquez » segunda jul 25, 2011 4:46 pm

Curiosamente na mesma semana em que o Medalha de Ouro das Olimpíadas da Matemática mandava grande shirt de Slayer. Beware.
...natasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatas...
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor meninobesta » segunda jul 25, 2011 5:37 pm

Lapeno Enriquez Escreveu:Curiosamente na mesma semana em que o Medalha de Ouro das Olimpíadas da Matemática mandava grande shirt de Slayer. Beware.



que raio de Eurosport é que tu vês? :shock:
god's business, witchfinding!

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Lapeno Enriquez » segunda jul 25, 2011 5:43 pm

Ossos do ofício :mrgreen:
...natasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatas...
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Aiwass » terça jul 26, 2011 3:33 pm

Set the controls for the heart of the Sun.

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sexta ago 12, 2011 8:33 am

Eterno retorno

Começam a perceber-se as misteriosas razões que terão levado 2 159 742 portugueses a votar em Passos Coelho.

O eleitorado português tem sido repetidamente elogiado pela prudência e sensatez. Tirando a parte, humana, demasiado humana, da lisonja, resta o que é talvez fundamental, que os portugueses não gostam de surpresas e votam no que conhecem. E há que admirar a sua intuição: votando em Passos Coelho, o jovem desconhecido vindo do nada, que é como quem diz da JSD e de uns arrufos com a dr.ª Ferreira Leite, votaram no mesmo de sempre, na incomensurável distância que, em política, vai do que se diz ao que se faz.

E, pedindo ajuda a O'Neill, o eleitorado "tinh' rrazão": disse Passos Coelho que era um disparate afirmar-se que tributaria o subsídio de Natal e foi a primeira coisa que fez mal chegou ao Governo; que não mexeria nos impostos sobre o rendimento e idem aspas; que iria pôr o Estado em cura de emagrecimento e o "seu" Estado só tem engordado de adjuntos, assessores, "especialistas" (e até de "superadjuntos" e "superespecialistas"); agora foi de férias "para recuperar algum tempo do [seu] papel enquanto marido e pai" depois de ter anunciado que "o Governo não gozará férias" dada a necessidade de, "com rapidez", "traduzir os objectivos (...) que estão fixados em políticas concretas".

Estou em crer que o eleitor português típico, se tal coisa existe, nunca votaria num político imprevisível.

António Pina / JN
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » quinta ago 25, 2011 3:26 pm

Dois Maridos

O Diário de Notícias de 9 de Agosto titulava em manchete: ‘Violência doméstica leva polícia a investigar ex-deputado e marido’. Convenhamos que era um título muito pouco compreensível. Apetecia dizer: «Importa-se de repetir?». Mas por isso mesmo fui ler a notícia.
Os títulos incompreensíveis têm muitas vezes essa vantagem: levam os leitores a ler as notícias, na expectativa de perceberem do que se trata. Pelas mesmíssimas razões, os títulos demasiado explicativos têm o efeito contrário: afastam a leitura, pois as pessoas acham que já tudo está dito e que o texto pouco ou nada adiantará.

Pois bem, a notícia do DN relativa ao título em causa dizia o seguinte: «A chamada para a esquadra de Benfica foi feita a 12 de Julho por Carlos Maceno, que apresentava escoriações no pescoço, e acusou o marido, Jorge Nuno de Sá, de agressão». Pensei que tinha lido mal e voltei atrás. É certo que a prosa não era propriamente modelar. Não é muito ortodoxo uma notícia começar por «A chamada para a esquadra de Benfica foi feita a 12 de Julho…». Mas o que me desnorteou não foi isto – foi o nome da mulher. Havia supostamente uma mulher que tinha acusado o marido de agressão. Ora a mulher chamava-se Carlos Maceno. Foi isto que me fez voltar atrás.

Verifiquei, porém, que tinha lido bem o nome.

E neste preciso momento começou a fazer-se luz no meu espírito. A palavra «ex-deputado» constante do título da notícia, associada a uma suposta relação gay, recordou-me um facto ocorrido há poucos meses e de que eu ouvira falar: o casamento de um deputado do PSD com um homem. Esta notícia do DN reportava-se pois, certamente, a esse ‘casal’. O ex-deputado agredira a mulher (ou o marido?) e esta fizera queixa à Polícia.

Continuei a ler: «O ex-deputado do PSD, actualmente coordenador para a Educação da Freguesia de Alcântara, recusa falar da sua vida privada mas garante que nunca agrediu ninguém. O casal, que se casou a 31 de Janeiro, está já separado».

Neste ponto da leitura voltei a parar. Separado? Mas os gays, que travaram uma luta tão grande, tão longa e tão dura para poderem casar-se, separam-se afinal com a mesma facilidade dos outros casais? Não seria normal que, pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares, até para provarem aos opositores que as suas convicções eram fortes e sua luta era justa?

Acresce que um dos membros do ‘casal’, Jorge Nuno de Sá, na altura deputado, pessoa com alguma notoriedade social, ao assumir o risco de tornar pública a sua homossexualidade e o seu amor por um homem, parecia querer dizer a todos que a decisão de se casar fora devidamente amadurecida. Ora, depois disso, qual o sentido de se separar ao fim de meia dúzia de meses?

Mas a leitura de mais pormenores sobre o ‘casal’ ajuda a lançar alguma luz sobre a história. O ainda marido (ou mulher?) de Nuno de Sá é um massagista de nacionalidade venezuelana, de nome Carlos Eduardo Yanez Marcano (e não Maceno como dizia o DN), com menos 10 anos do que ele. Perante este bilhete de identidade, compreendem-se melhor as zangas, as agressões – e finalmente a lavagem de roupa suja na praça pública.

O jovem venezuelano acusa o marido de o ter agredido na cabeça com um computador e um telemóvel – o que faz irresistivelmente lembrar a trágica cena ocorrida num hotel de Nova Iorque, em que Renato Seabra atacou Carlos Castro com um plasma.

O ex-deputado do PSD garante, porém, que não agrediu ninguém.

Seja qual for a verdade, uma coisa é certa: um dos membros do ‘casal’ está a mentir. Ou Carlos Marcano se queixou à Polícia sem razão e não foi agredido pelo marido (embora tivesse escoriações patentes no pescoço) ou Nuno de Sá mentiu e agrediu mesmo Marcano.

Nesta altura do texto o leitor já percebeu uma dificuldade semântica com que me tenho defrontado neste texto: não havendo neste ‘casal’ um marido e uma mulher, poderá falar-se em dois maridos? Ou seja: Carlos Marcano é marido de Jorge Nuno de Sá e este é marido de Carlos Marcano?

Não é fácil descrever estas situações. Por essas e por outras, numa recente entrevista a Manuel Luís Goucha reafirmei a minha oposição aos casamentos homossexuais. «O casamento é entre um homem e uma mulher», respondi. As palavras que usamos têm um significado que o tempo e o uso foram consolidando – e ‘casamento’ na nossa civilização quer dizer a união entre um homem e uma mulher, ou seja, o acto fundador de uma família. Querer que a palavra tenha outros significados é uma aberração que põe em causa as próprias referências do meio em que vivemos.

Claro que dois homens podem viver juntos – sejam irmãos, amigos, companheiros ou sócios em qualquer coisa. Como duas mulheres podem viver juntas, por variadíssimas razões. E é justo que as pessoas que vivem juntas tenham certos direitos em comum. Mas, para isso, não é necessário pôr em causa as nossas referências nem baralhar os nossos pobres espíritos.

Nem – já agora– complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar se estará certo dizer ‘o ex-marido de Jorge Nuno de Sá’.

Confesso que, até ao dia de escrever este texto, não me tinha debruçado sobre o modo como deverão tratar-se os dois membros de um ‘casal’ homossexual. Será correcto falar de ‘dois maridos’ ou de ‘duas esposas’?

Num romance célebre, Jorge Amado falava, de facto, da existência de dois maridos. Mas aí havia uma mulher no meio: Dona Flor. E, se bem me lembro, os dois maridos não estavam propriamente no mesmo plano, pois um já tinha morrido e só reaparecia à noite para consolar a mulher.

Agora um casamento onde há dois maridos e nenhuma mulher é coisa muito estranha. Ainda mais estranha se acabar com uma queixa na esquadra. Embora uma queixa na esquadra por agressão conjugal – quer se trate de dois maridos, de duas mulheres ou de um marido e uma mulher – seja sempre uma forma muito triste de acabar um casamento.


Delírios do Engº Saraiva

Vale a pena ler..

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Le Point Noir » quinta ago 25, 2011 3:44 pm

Oh não, "marido e marido", estão-nos a baralhar as nossas referências semânticas...woe is us :cry:

Que coisa mais estapafúrdia, a meio ainda pensei que fosse o Abominável..
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Necurat » quinta ago 25, 2011 3:53 pm

...que por acaso mandou uma jeitosa sobre o Jon Stewart esta semana. Enfim, é só idiotas.
रघुपित राघव राजाराम पतित पावन सीताराम सीताराम सीताराम भज प्यारे तू सीताराम ईश्वर अल्लाह तेरो नाम सब को सन्मित दे भगवान

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Nhec » quinta ago 25, 2011 3:54 pm

Le Point Noir Escreveu:
Que coisa mais estapafúrdia...


...e nadinha homofóbica.
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » quinta ago 25, 2011 4:00 pm

Estava a pensar destacar um ou dois parágrafos pelo seu surrealismo, mas todo o artigo está completamente "up to eleven"...

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Lapeno Enriquez » quinta ago 25, 2011 4:02 pm

Necurat Escreveu:...que por acaso mandou uma jeitosa sobre o Jon Stewart esta semana. Enfim, é só idiotas.


Onde? :D
...natasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatasnatas...
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Necurat » quinta ago 25, 2011 4:06 pm

रघुपित राघव राजाराम पतित पावन सीताराम सीताराम सीताराम भज प्यारे तू सीताराम ईश्वर अल्लाह तेरो नाम सब को सन्मित दे भगवान

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor Audiokollaps » quarta ago 31, 2011 6:10 pm

Chomsky e o ambiente: rebaixar ou mudar a nossa cultura industrial?


Nesta entrevista de Mickey Z., o professor e activista opõe-se à redução da cultura industrial, e defende a sua conversão numa forma sustentável de atender às necessidades humanas, e não ao lucro privado.


Recentemente assisti a um vídeo sobre as alterações climáticas em que o professor era um dos entrevistados. Falou de forma bastante sombria sobre as recentes eleições [nos EUA] serem uma "sentença de morte" para a humanidade, e que devíamos "despedir-nos da nossa espécie". Acompanho o seu trabalho há décadas, mas não me lembro de o ouvir usar essa linguagem neste contexto. Na sua opinião, nós humanos esperámos demasiado tempo para agir? Acredita que podemos/devemos reduzir a nossa cultura industrial antes que ela se rebaixe a ela própria?

Se disse que as eleições são uma sentença de morte, fui longe demais. Mas acho que é justo dizer que elas ameaçam provocar esse resultado. Até mesmo a imprensa económica está preocupada. A Bloomberg Business Week informou que as eleições deram mandato a dezenas de deputados que negam as alterações climáticas, ampliando o apoio ao senador James Inhofe, que declarou que o aquecimento global é “a maior mistificação jamais espalhada entre o povo americano" e se sente "vingado" pelos resultados eleitorais. Provavelmente também está a comemorar a ascensão do deputado John Shimkus, que nos assegura que Deus impediria os efeitos terríveis das alterações climáticas; seria difícil encontrar casos semelhantes noutras sociedades. E, provavelmente, também está a comemorar o facto de que, de acordo com sondagens recentes, apenas um terço dos americanos acredita hoje que as actividades humanas são um factor nas alterações climáticas – muito provavelmente este é o resultado da enorme ofensiva da imprensa empresarial, abertamente assumida, destinada a obter este resultado.

É importante compreender que aqueles que orquestraram as campanhas sabem tão bem quanto todos nós que a "mistificação" é real e ameaçadora, mas estão a cumprir o seu papel institucional: maximizar lucro a curto prazo e pôr de lado "externalidades", neste caso, o destino da nossa espécie.

Modificar as instituições fundamentais da sociedade não é um desafio pequeno. Esta confluência de factores deve significar um aviso terrível. Se os EUA continuam a arrastar os pés na abordagem destes graves problemas, o resto do mundo terá ainda menos incentivo para adoptar medidas sérias.

Não considero que a consequência seja a redução da cultura industrial. Mas sim a sua conversão numa forma sustentável de atender às necessidades humanas, e não ao lucro privado. Por exemplo, os comboios de alta velocidade e a tecnologia solar não rebaixam a cultura industrial.

Quando eu digo "redução da cultura industrial," estou a sugerir que qualquer estilo de vida que se baseie na extracção incansável de recursos é, por definição, não-sustentável. Argumentaria que "servir as necessidades humanas" é em parte o que nos levou a esta confusão em primeiro lugar. Considerando que 80% das florestas foram destruídas e que 90% dos peixes grandes do oceano já se foram, talvez precisemos de uma perspectiva mais holística sobre as "necessidades"?

A resposta é a mesma. Necessidades humanas são atendidas por um estilo de vida sustentável, quase por definição, se incluirmos as gerações futuras. E uma mudança para tecnologias como o TGV em vez de maximizar o uso de combustíveis fósseis, e a energia solar, não é "a extracção incansável de recursos".

E as necessidades não-humanas? Não podemos sobreviver sem o funcionamento de um eco-sistema e a maioria das sugestões mais consensuais – produtos reciclados, lâmpadas CFL, etc. – são demasiado pequenas e vêm tarde demais. Como alguém que pesquisou as tendências de mudança da cultura humana, o senhor consegue ver os americanos aceitando fazer o tipo de mudanças e de sacrifícios necessários para garantir as "gerações futuras"?

Não sei o que entende por "necessidades não-humanas”. Um eco-sistema funcional é uma necessidade humana. Está a pensar nas necessidades dos animais não-humanos? Digamos, besouros? Provavelmente vão sobreviver a tudo o que fizermos ao eco-sistema. Concordo plenamente que as sugestões habituais significam muito pouco. Se vieram tarde demais, a consequência lógica, realmente, é que podemos despedir-nos uns dos outros. Mas acho que essa é uma previsão demasiado sombria. Sobre se os americanos podem meter mãos à obra, é difícil ser-se optimista. Certamente as tendências actuais estão na direcção oposta, como disse.

Se não está optimista, o que é que o impede de antever um futuro sombrio como eu?

Não ser optimista está muito distante de prever que tudo está acabado. Ainda há opções. Se realmente acha que o jogo acabou, para quê sequer discutir estes temas?

O único jogo que acho que acabou é a crença generalizada de que pequenos ajustes e mudanças podem fazer uma grande diferença que seja suficiente. O que sinceramente me pergunto é quais as opções que nos restam?

Acho que temos acordo sobre isso. As opções que restam são muito mais dramáticas e iniciativas de longo alcance, e quanto mais cedo melhor.

O que me traz de volta à minha questão inicial sobre a redução. Comboios de alta velocidade requerem práticas insustentáveis e tóxicas como a mineração, etc. A energia solar é, obviamente, melhor do que os combustíveis fósseis, mas não é verdadeiramente sustentável se for usada apenas para substituir os combustíveis fósseis em nome de apoiar uma cultura industrial/tecnológica insustentável. Quanto aos besouros, que mencionou antes, certamente sabe que os insectos valiosos, como as abelhas, estão a ser eliminados por esta mesma cultura humana. Então o que eu peço é uma ideia mais clara do que pensa que sejam as iniciativas dramáticas e de longo alcance que precisamos.

As abelhas estão a ser exterminadas, mas os besouros não. A escolha de hoje não é entre eliminar transporte e desperdiçar combustíveis fósseis, mas entre formas de transporte mais e menos esbanjadoras de combustível. O mesmo em relação à energia solar. Não faz sentido discutir opções que não têm sequer a mais remota hipótese de serem implementadas, e seriam maciçamente destrutivas se fossem. O que tem de ser feito hoje é (1) conversão em larga escala (climatização, etc), (2) mudança total no transporte para obter uma maior eficiência, como comboios de alta velocidade (3) esforços sérios para mudar para energia sustentável, provavelmente solar a longo prazo (4) outros ajustes que sejam viáveis. Se forem feitos efectivamente, podem ser suficientes para evitar o desastre. Se não, podemos desistir do fantasma, porque não há alternativas neste mundo, pelo menos nenhuma que eu tenha visto ser sugerida.

Além disso, não vejo como podemos racionalmente opor-nos ao comboio de alta velocidade por causa dos custos ambientais e outros, sem considerar as consequências sociais e humanas da eliminação radical de transporte que ele implica.

Eu acho que os "custos ambientais e outros" são virtualmente indistinguíveis das "consequências sociais e humanas". Preservar o sistema insustentável que pôs em risco toda a vida na Terra, para mim, traz consequências potencialmente muito piores do que iniciar o processo de desmantelamento deste sistema. Nenhuma opção é remotamente aliciante, mas só uma opção aceita a natureza inerentemente destrutiva da infra-estrutura industrial, tal como está agora.

A sua resposta ilustra exactamente o problema que eu vejo constantemente. Tem todo o direito de ter essa opinião, mas apenas afirmada, não pode trazer qualquer convicção. Lamento que não veja que o seu comentário não resolve o problema.

Lamento que não compreenda como ele o faz.

Então estamos de acordo.

Publicado na Press Action, retirado de Chomsky.info

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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » sábado set 03, 2011 10:00 pm

Vai acabar mal

Ainda pior do que a crise da economia é estarmos a assistir a situações indignas para o país que causam repulsa e são impossíveis de explicar a um estrangeiro, por exemplo a venda ao desbarato das empresas do sector da energia e das águas, a transferência de superespiões para empresas privadas e a impunidade dos responsáveis pelo maior escândalo financeiro desde Alves dos Reis. Os portugueses são um povo de brandos costumes, mas por este caminho vão perder a paciência e um dia a coisa acaba mal.

É uma indignidade Portugal vender a pataco as empresas do sector energético e parte do sector das águas. A venda ao desbarato da ADP, Galp, REN e EDP não vai criar mais concorrência, nem resolver qualquer problema financeiro. Trata-se de uma decisão errada por razões de fundo e conjunturais. Por razões de fundo, porque no mundo inteiro 95% dos recursos hídricos mundiais não são geridos por privados e não há país em que o Estado ou interesses nacionais não tenham grande influência no sector da energia. Não é preciso muita imaginação para ver os cenários dantescos que a médio prazo podem resultar por o Estado sair de sectores que têm uma importância estratégica. Por razões conjunturais, porque não passa pela cabeça de ninguém vender as jóias da coroa quando os mercados estão pelas ruas da amargura.

Ninguém acreditaria se lhe dissessem que Berlusconi ia vender ao desbarato a Eni, Sarkozy a EDF ou Dilma Rousseff a Petrobras, pois não? Ao contrário do que alguns pensam, Portugal não está a fazer figura de bom aluno, está a fazer a figura do aluno que aceita que lhe coloquem orelhas de burro e, ainda por cima, parece gostar de se exibir com elas em público.

É uma indignidade Portugal assistir impavidamente à transferência de superespiões na posse de informação confidencial sobre a vida de muitos de nós, para o sector privado — nem numa república das bananas uma situação destas poderia acontecer. Ninguém imagina superespiões da CIA a mudarem-se de armas e bagagens para o “Washington Post”, nem Rupert Murdoch a contratar agentes do MI5 para o “News of the World”. O processo de escutas em que este jornal esteve envolvido já levou 10 pessoas para a cadeia, ao encerramento do jornal e Murdoch a ser impedido de comprar a Sky.

É uma indignidade Portugal ser incapaz de julgar os autores do maior escândalo financeiro dos últimos 50 anos, que vai provocar um rombo no erário público da ordem do custo do TGV. É escandaloso que no processo de venda do BPN o Estado fique com €1000 milhões de créditos que serão escolhidos pelos novos donos do banco, que aliás não têm culpa nenhuma desta situação. Só faltava que o Estado se prontificasse a ficar com créditos que tenham sido concedidos a acionistas do BPN! Nos Estados Unidos, Bernard Madoff foi condenado a 150 anos de prisão, a mulher e a filha mudaram de nome e o filho suicidou-se.

Em Portugal, quem provocou um rombo de milhares de milhões de euros no erário público goza de total impunidade. Este conjunto de situações não é fruto do acaso, tem cúmplices e só um cego não vê que é sintoma de um mal grave.

Manuel Pinho / Expresso
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Re: Opiniões e reflexões jornalísticas.

Mensagempor KonigLowe » segunda set 05, 2011 5:51 pm

Era uma vez o Código 560

Um dos mitos que rodeiam o 560 é o de que a sua presença num código de barras significa que o produto tem origem nacional. Mas será realmente assim?

Todas as histórias têm um começo, e a do código de Barras GS1, que hoje se encontra nas embalagens da maioria dos produtos de grande consumo, teve início a 7 de Outubro de 1952, quando Norman Joseph Woodland e Bernard Silver, ambos estudantes do Instituto de Tecnologia de Drexel, registaram a primeira patente de código de barras, com o número 2.612.994.
A primeira utilização de um código de barras numa superfície comercial só aconteceria 22 anos mais tarde, a 22 de Junho de 1974. Nesse dia, às 8h01, um cliente da cadeia Marsh Supermarkets, no Ohio, EUA, fazia a primeira compra de um produto marcado com um código de barras: uma embalagem de 10 pastilhas elásticas Wrigley’s Fruit Gum. Esta embalagem reservou o seu lugar na história, e está actualmente em exposição no Smithsonian Institute’s National Museum of American History.
Nos anos 70 nascia, assim, o primeiro código de barras do actual Sistema GS1, actualmente utilizado na codificação de produtos de grande consumo em mais de 150 países. Pelo menos 8 biliões de códigos de barras são lidos diariamente, nos quatro cantos do mundo.
O EAN-13 tornou-se o código de barras mais utilizado mundialmente, permitindo a identificação de um produto a ser vendido, movimentado e armazenado. Este código inclui um prefixo de três dígitos que identifica a Organização Membro GS1 responsável pela gestão do código em questão. O prefixo da GS1 Portugal CODIPOR é o 560.

Um pouco de história
Na génese da actual GS1 – a organização global que gere o Sistema GS1, do qual faz parte o EAN e outros códigos de barras – estão a Uniform Code Council (UCC) nos EUA e Canadá, e a EAN Internacional, no resto do mundo, que se fundiram em 2005.
Em Portugal, a CODIPOR (Associação Portuguesa de Identificação e Codificação de Produtos) foi constituída a 26 de Novembro de 1985, num momento em que os paradigmas de consumo começavam a mudar, graças à expressão dos hipermercados. A necessidade de assegurar a rapidez e a eficiência da experiência de consumo nestes espaços foi um campo fértil para a introdução do código de barras em Portugal. A automação dos sistemas que lhe é associada significou o fim dos registos manuais, dos erros de digitação de preços e das intermináveis filas de espera na caixa de saída das lojas.
Entre 1985 e 1986, a CODIPOR contava com 140 associadas, entre os quais a Distribuição Organizada e algumas das marcas mais notáveis. Um número que aumentou para 420 em 1987/1988. Os primeiros códigos de barras eram etiquetas coladas nos produtos. Hoje, o “código 560” é parte integrante das embalagens, tal como faz parte das vidas de todos os consumidores portugueses.
Em 2005, resultado da fusão entre a UCC e a EAN Internacional, tornámo-nos GS1 Portugal CODIPOR. Actualmente somos cerca de 7.000 associados, entre detentores de marcas, retalho, prestadores de serviços e outras entidades.

560 significa produto português?
Um dos mitos que rodeiam o 560 é o de que a sua presença num código de barras significa que o produto tem origem nacional. Mas será realmente assim?
O 560 é o prefixo atribuído à GS1 Portugal CODIPOR, identificando-a como Organização Membro GS1. Todas as 110 Organizações Membro GS1, que prestam serviços a 150 países, detêm o seu próprio prefixo. O 560 também integra uma outra estrutura numérica que se designa por CEP – Código de Empresa Portuguesa, que contém entre 7 a 10 dígitos, a partir dos quais são construídos os códigos de barras.
O “560” e o “código 560”são marcas registadas pela GS1 Portugal CODIPOR, e só pode ser atribuído por esta Associação.
O CEP é atribuído à entidade proprietária de uma marca, seja esta nacional ou estrangeira, desde que associada da GS1 Portugal CODIPOR. Alguns exemplos de situações em que é possível obter um CEP:
- Uma empresa estrangeira que constitua filial ou sucursal em Portugal, ou tenha um registo comercial português;
- Uma empresa nacional que importe produtos fabricados fora do país e os coloque no mercado português com marca própria;
- Uma empresa portuguesa exportadora, já que os códigos GS1 são reconhecidos em qualquer ponto de venda do mundo. O Sistema de Normas GS1 é global.

O oposto também é possível. Um produto produzido em Portugal, ou com forte componente de fabrico nacional, pode obter o prefixo de outra Organização Membro GS1. Basta para isso que a empresa detentora da unidade de produção, mesmo situada em espaço nacional, esteja registada comercialmente noutro país.
Sendo o 560 atribuído ao detentor da marca, este não atesta a origem do produto: como tal, não assegura que se trata de um produto de origem portuguesa.
Neste momento, através do website da GS1 Portugal (http://www.gs1pt.org) é possível saber que empresas estão a utilizar o 560. Para saber que empresas, no mundo, utilizam um prefixo GS1, consulte uma ferramenta denominada GEPIR, também no nosso website.

Beatriz Águas, Directora de Marketing & Comunicação, GS1 Portugal CODIPOR
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