Política - Discussão ou algo do género.

Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jul 03, 2011 1:25 pm

KonigLowe Escreveu:Já não é só o BE, que fez campanha eleitoral a falar no renegociamento da dívida a falar nisso. Além do PCP, já há vozes de pessoas até vindas do PSD a dizer o mesmo como é o caso do Nogueira Leite.


É importante esclarecer conceitos e mensagens.

É inevitável que tenhas de renegociar a divida, à semelhança do que solicitou a Irlanda, mas, Portugal só o poderá fazer depois de apresentar resultados concretos da sua execução orçamental, algo que o Socretino não fez desde que resolver alhear-se da crise financeira para cometer verdadeiras loucuras em termos orçamentais.

Mas renegociar uma divida é diferente de a reestruturar. Uma coisa é pedires para baixar as taxas ou alterares condições ou prazos de cumprimento de determinadas medidas, outra coisa é pedires um haircut da divida. O assumir de uma parte da divida pelos credores só significa que estás a caminhar a passos largos para o abismo e os teus credores apenas te vão permitir fazer o possível para salvar o maximo possível da sua massa.

Portanto, Portugal tem de rapidamente descolar da Grécia e aproximar-se da Irlanda que já está com indices positivos de crescimento económico em 2011.

Se as coisas correrem bem, daqui a um ano e meio, então poderás começar a falar em renegociar a divida.

Se as coisas correrem mal então, daqui a um ano e meio, começas a falar em reestruturar a divida.

No primeiro caso, Portugal poderá ver uma luz ao fundo do túnel, no segundo caso, Portugal estará apenas a cavar a sua própria sepultura.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Indigente » domingo jul 03, 2011 1:39 pm

Pelo que tenho lido, a privatização destas grande empresas públicas vai bastante além das exigências da troika. Percebo a necessidade de angariar dinheiro a curto prazo e de acalmar os mercados, mas vejamos:

1) Na privatização destas empresas (CTT, EDP, REN, ADP) tem que ser garantido o cumprimento dos serviços públicos a ela associados. Tendo em conta a urgência e a precipitação que este governo tem demonstrado, tenho sérias reticências à maneira como estes processos vão ser orientados.
2) Não há capital nacional capaz ou disposto de entrar nestas privatizações. O capital estrangeiro não se sente muito atraído. Não há dúvida que vamos seguir o caminho da Grécia, que anda a privatizar os seus gigantes a custo de ocasião. Apesar de ser um fluxo de dinheiro considerável a entrar, a longo prazo, estamos a perder muito dinheiro. Parece-me o governo vai estar a aplicar um penso rápido que vai descolar rapidamente.
3) Todo o investimento que se fez em anos recentes a nível de infraestruturas (agora no caso específico da EDP e da REN, no que toca a energias renováveis), que acontece ao (eventual) retorno dessa enorme aposta do governo socialista?
4) Entre monopólios privados e monopólios públicos, há alguma vantagem em relação ao primeiro? Ideologicamente, o mercado estaria mais aberto à entrada de novos investidores mas se as infraestruturas do país estão todas por conta dum consórcio de empresas, como é que uma nova empresa (de fornecimento de electricidade ou de abastecimento de águas, por exemplo) consegue implementar-se no mercado e apresentar preços mais baratos?

Eu não tenho grande conhecimento na matéria, mas a mim isto levanta muitos receios quanto a todo este processo de privatização.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor KonigLowe » domingo jul 03, 2011 4:50 pm

Pedro Lopes Escreveu:
raxx7 Escreveu:
KonigLowe Escreveu:Raxx7, eu não tenho quaisquer ilusões, mesmo que hoje partíssemos do zero e os nossos credores nos dissessem "Oh pá vc's até são uns gaijos porreiros e têm uns campos de golfe bestiais, pronto não devem mais nada, mas agora vejam lá se aprendem e atinam!", aposto que daqui a 10 anos já tínhamos de novo défice. Tenho defendido aqui, e é bom de ver que quem nos enterrou são essas agências de notação financeira que defendem os interesses de lhes paga que é quem nos empresta dinheiro, e claro quanto mais subirem os juros melhor.


Estás errado: quem paga às agências de rating... é quem pede dinheiro emprestado.
Se fores um país ou uma empresa e precisares de um empréstimo, ou pagas às agências de rating para te valiarem ou só consegues empréstimos a juros muito altos.

O que nos leva à questão: o maior malefício que as agências de rating nos fizeram não foi baixar-nos o rating; foi não o terem baixado mais cedo, antes da crise financeira. Aí, talvez tivéssemos tido a iniciativa de reduzir o nosso endividamento atempadamente.


Além de que, Portugal, também faz parte integrante (e com as quotas em dia) do FMI.

Ora nem mais!!! Portugal tem em cotas em dia, paga ao Fundo, mas isso não quer dizer que quando os chamamos eles não vêm para nos ajudar, vêm sim para defender o grande capital os tais mercados. E o mesmo se passa com as agências de rating que existem para avaliar o risco do investimento, mas existem em função dos interesses dos mercados. E se fossem tão credíveis e isentas, não andavam muitos líderes europeus a gritar aos sete ventos que a Europa devia ter as suas próprias agências. E o FMI vem aplicar aplicar uma quimioterapia quando nós estamos com uma gripe e a "ajuda" vem só para sacar o máximo de dinheiro antes do doente definhar.
Não me parece nada que seja eu que esteja a ver a coisa pela perspetiva errada. Mas o problema europeu é muito mais que uma questão económica, é sim uma questão de falta de liderança, de cada país olhar para os seus interesses e principalmente uma questão política, e com estes líderes europeus não vamos longe. E se o Euro cair, todo o sonho da construção de uma Europa forte, solidária e próspera que ruirá.
Pedro Lopes Escreveu:
KonigLowe Escreveu:Resta-me pensar que se lá estivesse um partido de esquerda isso não aconteceria, mas como as pessoas têm medo que o pessoal de esquerda deite abaixo as igrejas isso nunca vou ver para saber - pelo menos nas câmaras do PCP nunca se ouviu falar de casos de sacos azuis.


Estás tão enganado meu rapaz! Mas tão enganado...

Quando toca a dinheiro, o pessoal não se lembra se deve estender a mão esquerda ou a mão direita.

Aliás, o estilo é mais o estilo egipcio. Um mão para a frente e outra atrás das costas.


No toca ao dinheiro, ou tens pessoas sérias que não se deixam corromper por dinheiro nenhum ou tens ladrões que vão para a política sem nada e rapidamente ficam ricos. Generalizar é sempre um argumento fácil. Se me dissesses que com um partido de esquerda o grande capital enfiava o rabinho entre as pernas e saía do país até te dou razão, dizer que são iguais quando nunca governaram não é sério.


Pedro Lopes Escreveu:
KonigLowe Escreveu:Ao menos hoje, dia de PEC5 2.145.780 pessoas que votaram neste primeiro-ministro estou super satisfeitas com os ventos de mudança e o fim da austeridade. :lol:


Se há coisa que este governo não disse foi que iria terminar a austeridade. Bem pelo contrário. Foi o partido que apresentou o programa mais realista e mais de encontro com as exigências da Troika sendo que Passos Coelho já há muito tempo que se refere à eventual necessidade de medidas adicionais.

O Passos (e o Portas) ganhou a eleição fazendo campanha que o combate ao défice nunca seria feito cortando nos salários nem em despedimentos na função pública Mentiu ponto final, continuamos na mesma só mudou a cor, não é o primeiro nem será o último a mentir. Aplicar medidas que vão mais longe do que foi assinado com a troika só demonstra uma coisa: o admitir desde logo que não conseguiriam cumprir o acordo pré-estabelecido. E afinal quanto é que vale a palavra num político?

Nenhum português com dois palmos de testa, sabia em plena campanha eleitoral que independente do partido que chegasse ao governo passaríamos do abismo para o oásis. Só me questiono é, qual seria o resultado eleitoral se o Passos não tivesse mentido, ele que passou toda a campanha empenhado em "falar verdade aos portugueses" e numa só semana cagou na palavra que deu.
Mas livrai-nos do Malamén

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jul 03, 2011 5:51 pm

KonigLowe Escreveu:Ora nem mais!!! Portugal tem em cotas em dia, paga ao Fundo, mas isso não quer dizer que quando os chamamos eles não vêm para nos ajudar, vêm sim para defender o grande capital os tais mercados.


O FMI vem porque precisas de dinheiro e porque te colocaste a jeito para isso. O resto é conversa!


KonigLowe Escreveu:No toca ao dinheiro, ou tens pessoas sérias que não se deixam corromper por dinheiro nenhum ou tens ladrões que vão para a política sem nada e rapidamente ficam ricos. Generalizar é sempre um argumento fácil. Se me dissesses que com um partido de esquerda o grande capital enfiava o rabinho entre as pernas e saía do país até te dou razão, dizer que são iguais quando nunca governaram não é sério.


Eu não generalizo! Eu tenho exemplos concretos e experiencias de vida! E dizeres que a esquerda não governa quando tu próprio mencionaste como exemplo de seriedade as autarquias do PCP não faz muito sentido.

Além de que, até os próprios sindicatos são fonte de poder, governação e clientelismo.


KonigLowe Escreveu:O Passos (e o Portas) ganhou a eleição fazendo campanha que o combate ao défice nunca seria feito cortando nos salários nem em despedimentos na função pública Mentiu ponto final, continuamos na mesma só mudou a cor, não é o primeiro nem será o último a mentir. Aplicar medidas que vão mais longe do que foi assinado com a troika só demonstra uma coisa: o admitir desde logo que não conseguiriam cumprir o acordo pré-estabelecido. E afinal quanto é que vale a palavra num político?


O governo não está a cortar salários nem a proceder a despedimentos na função publica.

Medidas que vão mais longe do que a Troika? Vamos ver se chegam!

KonigLowe Escreveu:Nenhum português com dois palmos de testa, sabia em plena campanha eleitoral que independente do partido que chegasse ao governo passaríamos do abismo para o oásis. Só me questiono é, qual seria o resultado eleitoral se o Passos não tivesse mentido, ele que passou toda a campanha empenhado em "falar verdade aos portugueses" e numa só semana cagou na palavra que deu.



Se Passos Coelho tivesse seguido os conselhos de muitos laranjinhas e tivesse um discurso idêntico ao do Socretino, teria ganho com maioria absoluta. Foram muitas as vozes que criticaram o caracter demasiado realista do seu programa.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jul 03, 2011 6:34 pm

Segundo notícia do Expresso, 2 de Julho de 2011, o Aeroporto de Beja, depois de já ter custado 33 milhões de euros, receber apenas um voo semanal e abrir só ao domingo (desde a inauguração à dois meses), terá, segundo a ANA, custos de manutenção até ao final deste ano de 2011, de cerca de 350 mil euros.

Sinceramente, não sei se hei-de rir ou chorar.
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Brilhando » domingo jul 03, 2011 6:36 pm

As leis da economia são uma cena fodida.
Setze jutges d'un jutjat mengen fetge d'un penjat; si el penjat es despengés es menjaria els setze fetges dels setze jutges que l'han jutjat.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jul 03, 2011 7:04 pm

As politicas de doação do nosso dinheiro por parte do Socretino são de bradar aos céus.

Ao nível dos incentivos às exportações tenho de destacar a alteração que se pretendia implementar para este ano ao nível dos seguros de credito de apoio à exportação.

Estas linhas de incentivo à exportação, com as quais concordei desde a primeira hora, previam, até final do ano passado que o estado assegurasse para efeitos de garantia das vendas de uma empresa para o exterior, exactamente o mesmo montante que a seguradora de credito contratada para o efeito atribuia.

Exmplo: uma empresa nacional tem um cliente na China que solicita uma encomenda no valor de 100.000,00 Euros. A nossa empresa contacta uma seguradora de credito solicitando uma garantia para esta venda. A seguradora procede à análise da empresa chinesa e decide assumir um risco de 50.000,00 Euros.

A empresa nacional, pode, nesse momento, recorrer à linha de apoio do estado e obter uma garantia adicional exactamente pelo mesmo montante que foi aprovado pela seguradora.

Se o montante aprovado pela seguradora fosse de 40.000,00 Euros, a linha de apoio do Estado concederia outros 40.000,00 Euros.

Se o montante aprovado fosse "Zero", a linha de apoio do estado não poderia ser accionada. O que faz sentido. Se uma empresa internacional não merece confiança ou credibilidade para o cumprimento das suas responsabilidades, não tem que ser o Estado a assumir esse risco.

Esta linha de apoio tem um custo para a empresa nacional superior ao custo da seguradora mas não deixa de ser um incentivo que procura potenciar as exportações assumindo o estado um risco minimante calculado.

Ora, para este ano, o governo xuxalista pretendiam criar uma inovação.

As empresas nacionais não precisam que as seguradoras nacionais aprovem qualquer garantia. Ou seja, mesmo que a seguradora atribua "zero", o estado português prontifica-se a assumir o risco.

Basta aparecer uma empresa, por exemplo do Botswana, a querer comprar texteis a uma empresa nacional para que o Estado assuma a garantia dessa exportação mesmo que a seguradora indique que o risco de incumprimento da empresa do Botswana é extremamente elevado.

Portanto, a empresa nacional vende para o seu cliente no Botswana, que naturalmente não vai pagar, e, naturalmente, depois de accionada a garantia do estado, lá vamos nós andar a pagar o buraco.

Outro exemplo (talvez até pior do que este) reside no facto do último PME Investe permitir que empresas com dividas ao estado pudessem recorrer a estas linhas de crédito.

Em resumo, eis a lógica do que não se deve fazer: dar dinheiro!

Ao darmos dinheiro da forma como demos (o buraco no PME Investe atinge as largas centenas de milhões de euros) estamos a criar um buraco sem gerar riqueza apenas por razões meramente eleitoralistas.

Das muitas dezenas de pedidos de apoio ao PME Investe que me passaram pelas mãos, não houve um que dissesse respeito a investimento. Pura e simplesmente o que se possibilitou foi a distribuição do nosso dinheiro sem controlo e sem retorno.

Por isso é que as medidas de crescimento económico têm de ser essencialmente de natureza fiscal.

Para haver linhas de apoio financeiro, as mesmas devem ser desburocratizadas na sua implementação mas rigorosas nos critérios de acesso e na respectiva monitorização.

Para esbanjar dinheiro já chegaram os anos do Cavaquismo.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor OrDoS » domingo jul 03, 2011 7:26 pm

Pedro Lopes Escreveu:As politicas de doação do nosso dinheiro por parte do Socretino são de bradar aos céus.

Ao nível dos incentivos às exportações tenho de destacar a alteração que se pretendia implementar para este ano ao nível dos seguros de credito de apoio à exportação.

Estas linhas de incentivo à exportação, com as quais concordei desde a primeira hora, previam, até final do ano passado que o estado assegurasse para efeitos de garantia das vendas de uma empresa para o exterior, exactamente o mesmo montante que a seguradora de credito contratada para o efeito atribuia.

Exmplo: uma empresa nacional tem um cliente na China que solicita uma encomenda no valor de 100.000,00 Euros. A nossa empresa contacta uma seguradora de credito solicitando uma garantia para esta venda. A seguradora procede à análise da empresa chinesa e decide assumir um risco de 50.000,00 Euros.

A empresa nacional, pode, nesse momento, recorrer à linha de apoio do estado e obter uma garantia adicional exactamente pelo mesmo montante que foi aprovado pela seguradora.

Se o montante aprovado pela seguradora fosse de 40.000,00 Euros, a linha de apoio do Estado concederia outros 40.000,00 Euros.

Se o montante aprovado fosse "Zero", a linha de apoio do estado não poderia ser accionada. O que faz sentido. Se uma empresa internacional não merece confiança ou credibilidade para o cumprimento das suas responsabilidades, não tem que ser o Estado a assumir esse risco.

Esta linha de apoio tem um custo para a empresa nacional superior ao custo da seguradora mas não deixa de ser um incentivo que procura potenciar as exportações assumindo o estado um risco minimante calculado.

Ora, para este ano, o governo xuxalista pretendiam criar uma inovação.

As empresas nacionais não precisam que as seguradoras nacionais aprovem qualquer garantia. Ou seja, mesmo que a seguradora atribua "zero", o estado português prontifica-se a assumir o risco.

Basta aparecer uma empresa, por exemplo do Botswana, a querer comprar texteis a uma empresa nacional para que o Estado assuma a garantia dessa exportação mesmo que a seguradora indique que o risco de incumprimento da empresa do Botswana é extremamente elevado.

Portanto, a empresa nacional vende para o seu cliente no Botswana, que naturalmente não vai pagar, e, naturalmente, depois de accionada a garantia do estado, lá vamos nós andar a pagar o buraco.

Outro exemplo (talvez até pior do que este) reside no facto do último PME Investe permitir que empresas com dividas ao estado pudessem recorrer a estas linhas de crédito.

Em resumo, eis a lógica do que não se deve fazer: dar dinheiro!


Ao darmos dinheiro da forma como demos (o buraco no PME Investe atinge as largas centenas de milhões de euros) estamos a criar um buraco sem gerar riqueza apenas por razões meramente eleitoralistas.

Das muitas dezenas de pedidos de apoio ao PME Investe que me passaram pelas mãos, não houve um que dissesse respeito a investimento. Pura e simplesmente o que se possibilitou foi a distribuição do nosso dinheiro sem controlo e sem retorno.

Por isso é que as medidas de crescimento económico têm de ser essencialmente de natureza fiscal.

Para haver linhas de apoio financeiro, as mesmas devem ser desburocratizadas na sua implementação mas rigorosas nos critérios de acesso e na respectiva monitorização.

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OMFG!!! :shock: :shock: :shock: Já estou a imaginar o filme do chico-esperto tuga que tem uma conta na Suíça e um amigo no Botswana!!! É só somar 1+1!!!
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Mescaline
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Mescaline » domingo jul 03, 2011 8:02 pm



It's a fucking lie and it's a fucking illusion.

Todas estas discussões caem por terra quando todo este assunto económico-financeiro-social-whatthefuckever- não passa de um embuste. Ou como diria o Charles Bukowski:

The difference between a democracy and a dictatorship is that in a democracy you vote first and take orders later; in a dictatorship you don't have to waste your time voting."

Ou então este senhor:




Democracia? :lol: Deixai-me rir, senhor. Nem quero perder tempo a ir à etimologia da palavra. Hoje em dia, basta olhar para os gregos - ironicamente o berço da democracia - para perceber o que é esse sistema político... Eles, nós, e qualquer outro país que não respeite os mercados, é completamente sodomizado pela ditadura da alta finança. Autêntica ditadura, que viola o sufrágio de qualquer nação.

Ah, mas eles foram incumpridores e devem guito.

E então? Se um amigo meu de confiança me vier pedir 100 euros, dizendo que mos dá na próxima semana, eu empresto-lhos. Se eles não mos pagar num mês e voltar a pedir... Hum, não os empresto.

Mas, claro, a culpa está só do lado de quem deve. Os que durante anos abriram a torneira e jorraram dinheiro, com perfeita consciência de que provavelmente não teriam retorno, armam-se agora em virgens ofendidas, muito surpreendidos com o incumprimento. :lol:



Pois é. A popularização do crédito, a guita fácil, o carro, a casa, o iphone, etc., deu nisto. E, agora, os bancos limpam as mãos. Eles nunca têm culpa - o aliciamento constante nunca foi promovido por eles, obviamente.

Enfim, em suma, isto não passa de uma palhaçada de muito mau gosto, que servirá apenas para retirar direitos básicos ao cidadão comum, que os foi conquistando com muita luta e sacrifício, ao longo das últimas centenas de anos. A justificação será sempre o tem que ser porque senão estamos fodidos. O que ninguém diz é que estamos fodidos cumprindo ou não cumprindo o acordo da troika. Enquanto isso, os mesmos de sempre preparam-se para retirar grandes dividendos da usurpação desses mesmos direitos básicos, com primazia para a saúde. É uma galinha dos ovos de ouro e os Ricardos Salgados e os Ricciardis já estão a esfregar as mãos...

Mas, como diria o Cavaco Silva, Portugal tem uma vantagem: 80% do parlamento está a favor do memorando.

É o país do come e cala.

E, já agora, é o país que se prepara para voltar a distribuir alimentos e vestuário, ao melhor nível do assistencialismo do Estado Novo.

Rememos todos para o mesmo lado, pois então.

Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » domingo jul 03, 2011 8:28 pm

Mescaline Escreveu:
Pois é. A popularização do crédito, a guita fácil, o carro, a casa, o iphone, etc., deu nisto. E, agora, os bancos limpam as mãos. Eles nunca têm culpa - o aliciamento constante nunca foi promovido por eles, obviamente.



Houve, naturalmente, excessos no credito ao consumo nomeadamente no que diz respeito a uma série de empresas financeiras que se associaram aos processos de venda. Mas cada um tem de ser responsável por aquilo que faz.

E porque dizes que a Banca lava as mãos? São inúmeros os processos de recuperação e renegociação de dividas para os quais pedem a minha ajuda.

Ainda não tive um banco que recusasse um pedido de renegociação ou restruturação de dividas.

Agora, o Estado, não duplicou o seu endividamento nos últimos anos devido ao aliciamento da banca.

A culpa do excessivo endividamento do Estado é de todos os governos pós entrada na CEE mas o seu descontrolo resulta sobretudo da incompetência do nosso último governo.

Quanto ao resto do teu comentário, vejo muitas criticas mas alternativas ou soluções não vejo nenhumas.

Sinceramente eu aceito este discurso da critica às grandes empresas e à banca e aos ricos quando me indicarem medidas concretas para resolver o estado a que chegámos.

Sabes que as 20 empresas do nosso PSI20 representam 30% de todo o IRC recolhido pelos cofres do estado e que só um terço das nossas empresas paga IRC?

Direitos, direitos, direitos...porra que não ouço ninguém falar em deveres.

E o que fizeste para recuperar os 100 euros que o teu amigo não te devolveu?

Ficaste sem eles?

É isso que queres que os nossos credores façam? Que te perdoem a divida?
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor OrDoS » domingo jul 03, 2011 9:09 pm

Pedro Lopes Escreveu:
Mescaline Escreveu:
Pois é. A popularização do crédito, a guita fácil, o carro, a casa, o iphone, etc., deu nisto. E, agora, os bancos limpam as mãos. Eles nunca têm culpa - o aliciamento constante nunca foi promovido por eles, obviamente.




É isso que queres que os nossos credores façam? Que te perdoem a divida?


De certeza que se ela tivesse emprestado 100.000€ não tinha o mesmo discurso :lol:
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor death in geres » domingo jul 03, 2011 9:54 pm

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » domingo jul 03, 2011 11:05 pm

Indigente Escreveu:1) Na privatização destas empresas (CTT, EDP, REN, ADP) tem que ser garantido o cumprimento dos serviços públicos a ela associados. Tendo em conta a urgência e a precipitação que este governo tem demonstrado, tenho sérias reticências à maneira como estes processos vão ser orientados.

No caso da EDP e REN, não muda nada.. Estas empresas são S.A. onde o Estado, por acaso, é acionista. A privatização consiste apenas em vender o resto das acções. A regulamentação do serviço público já está feita e a entidade que o faz já existe: ERSE.

No caso dos CTT e AdP... a ver vamos.

2) Não há capital nacional capaz ou disposto de entrar nestas privatizações. O capital estrangeiro não se sente muito atraído. Não há dúvida que vamos seguir o caminho da Grécia, que anda a privatizar os seus gigantes a custo de ocasião. Apesar de ser um fluxo de dinheiro considerável a entrar, a longo prazo, estamos a perder muito dinheiro. Parece-me o governo vai estar a aplicar um penso rápido que vai descolar rapidamente.

E mesmo que o capital nacional conseguisse entrar nestas privatizações, o Estado continuaria a perder dinheiro.

3) Todo o investimento que se fez em anos recentes a nível de infraestruturas (agora no caso específico da EDP e da REN, no que toca a energias renováveis), que acontece ao (eventual) retorno dessa enorme aposta do governo socialista?

Mesma resposta de em 1: não muda nada. Isto é tudo gerido pela função reguladora do Estado, que se manterá.

4) Entre monopólios privados e monopólios públicos, há alguma vantagem em relação ao primeiro? Ideologicamente, o mercado estaria mais aberto à entrada de novos investidores mas se as infraestruturas do país estão todas por conta dum consórcio de empresas, como é que uma nova empresa (de fornecimento de electricidade ou de abastecimento de águas, por exemplo) consegue implementar-se no mercado e apresentar preços mais baratos?


Um monopólio privado é tipo... mau.
A solução passa por um de dois caminhos.
Um, é a regulação. Que é o caso da electricidade. Tu, eu, não temos opção senão a EDP. Mas o preço é imposto pela ERSE.

Outro é a contratualização, por prazos finitos, de serviço público. O Estado atribui uma conseção ou sub-contrata uma empresa privada para fornecer o serviço, em que o Estado establece alguns dos parâmetros.

Um exemplo de concessão é a Fertagus. Eles têm liberdade para fazer o que querem... dentro de certos limites. Estão obrigados a mínimos de serviço e não podem aumentar os preços mais que inflação+1%.

Um exemplo de sub-contratação é o MdP. A MdP, empresa pública, é que establece os horários e os preços. Mas os comboios são operados por uma empresa privada. Neste momento, é a Barraqueiro que recebe 35M€/ano para o fazer.
Shrödinger's cat has left the building.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor raxx7 » domingo jul 03, 2011 11:19 pm

KonigLowe Escreveu:Ora nem mais!!! Portugal tem em cotas em dia, paga ao Fundo, mas isso não quer dizer que quando os chamamos eles não vêm para nos ajudar, vêm sim para defender o grande capital os tais mercados. E o mesmo se passa com as agências de rating que existem para avaliar o risco do investimento, mas existem em função dos interesses dos mercados. E se fossem tão credíveis e isentas, não andavam muitos líderes europeus a gritar aos sete ventos que a Europa devia ter as suas próprias agências. E o FMI vem aplicar aplicar uma quimioterapia quando nós estamos com uma gripe e a "ajuda" vem só para sacar o máximo de dinheiro antes do doente definhar.
Não me parece nada que seja eu que esteja a ver a coisa pela perspetiva errada.


Estás a ver isso pela pior perspectiva do mundo: a da negação.
Estás focado nos interesses dos outros e a evitar ver a dura e feia realidade dos nossos interesses.

O FMI está cá para (tentar) evitar que nós entremos na banca rota.
Vêm cá garantir que continuamos a pagar a nossa dívida? Sim.
Vem defender os interesses dos mercados? Sim.
Vem defender os interesses os outros países? Sim.
Vem defender os interesses dos portugueses? Sim.

Porque os interesses, neste caso, estão todos alinhados.

Se Portugal entrar na banca rota e deixar de pagar a sua dívida, os mercados vão perder muito dinheiro, os outros países vão perder muito dinheiro.
Mas, mais importante que isso tudo, nós portugueses, o nosso nivel de vida e o nosso estado social, vão ficar na merda. E vão ficar na merda durante muito tempo. Em vez de 2 ou 3 anos de austeridade, espera-nos uma década de miséria.
Shrödinger's cat has left the building.
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Pedro Lopes
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Pedro Lopes » segunda jul 04, 2011 8:56 am

death in geres Escreveu:Já alguém disse que o que se vai cortar nos 13º mês não chega para a injecção para o BPN!?


Referes-te a que injecção em concreto?
Eu fui aprovado nos testes de "stress"!!! E tu??


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