Esse exemplo dos patrões serem pouco habilitados porque o 25 de Abril lhes doou um canudo qualquer é ainda mais absurdo! Se houve coisa que o 25 de Abril tentou fazer foi apostar no ensino, alem da saude, etc.
A culpa de termos patrões incompetentes deve-se ao PREC?? E já agora, não estamos a confundir quadros superiores com patrões??
E sim, temos maus patrões. Muitos. São incompetentes não sabem gerir e muitos deles são uns chicos-espertos. Outros são empreendedores, sem dúvida.
Mas também diga-se de passagem que o nosso tecido empresarial já era; A nossa frota pesqueira já era; a nossa agricultura já era, etc. E isso foi culpa principalmente do Sr Silva (como lhe chamava o JJ) que agora olha para a crise de forma sobranceira como se nada tivesse a ver com aquilo.
Outra coisa: a flexibilização do trabalho parece ser a panaceia para o governo e não só; parece que toda a gente concorda como sendo inevitável, tal como o Venom tem vindo a dizer em todos os posts.
Andou um gajo na Universidade a tirar um curso de Gestão de Recursos Humanos a ouvir dizer que o capital humano é a coisa mais importante que existe em qualquer organização, que deve ter condições, que deve estar motivado e a aprender técnicas para o fazer, etc., para virem agora dizer que afinal trabalhador competitivo é aquele que ganha uma côdea ao fim do mês, aquele a quem lhes baixam o salário (algo inédito, que nem o Salazar, que eu saiba, o mandou fazer), aqueles que em vez do clássico chicote nas costas, têm a ameaça diária de despedimento, os recibos verdes e a precaridade.
E isto não são "tretas marxistas", meus senhores. Nem coisa que o valha, é apenas gestão, baseada em estudos de ciencias sociais com o objectivo, NÃO de proteger o trabalhador, mas sim de o fazer produzir mais! Apenas isso! Aliás é um curso tipicamente orientado para o patronato.
Atá o Bagão Félix, que de marxista não tem mesmo nada (!) veio dizer publicamente que se devia ter muito cuidado com este investimento na precaridade de emprego porque achava que ia dar azo a muitos aproveitamos por parte do Patronato.
O que me leva de volta aos patrões:
1º, qd os patrões acham que só através da precaridade é que conseguem ter bons resultados, é porque são incompetentes! Não sabem gerir, nem querem saber! Não há coisa pior para uma empresa que um ambiente de ansiedade para saber quem é o próximo a ser despedido. O trabalho quebra, a motivação quebra, etc. Quem acha que um trabalhador é motivado pelo medo está completamente enganado.
Vamos assistir, como é obvio, à crescente classe dos trabalhadores graxistas que se apunhalam uns aos outros e competem a ver quem beija melhor o cu ao patrão.
2º, eu quero ver, qd os patrões tiverem então todas as condiçôes, o que é que vai mudar. É que hoje em dia o trabalho já é mal pago, já se oferece 600€ a um cargo superior, cujas funções obriguem a ter um curso superior, portanto. Isto na montra do Centro de Emprego! Os salários baixaram, os despedimentos estão extremamente facilitados, as indeminizações são uma côdea (e Venom, faz lá as contas como de ser, não faço ideia como chegaste aquelas conclusões), etc.
3º, Os sindicatos têm cada vez menos poder reinvidicativo, as pessoas têm medo de aderir à greve e, além disso, temos uma sociedade que é tudo menos solidária. Socialmente, os portugueses são egoístas. Por isso temos tanta falta de civismo. Os patrões e o governo estão conscientes disso.
4º, o que falta?? Legalizar o trabalho infantil e passar a reforma para os 80 anos?
Mais: os direitos que nos tiraram em meia duzia de meses, custaram muitos anos de sangue, suor, lágrimas e muitos sacrificios pessoais para serem conseguidos! E toda a gente sabe que irá custar outro tanto para serem restaurados.
Não acredito que qualquer político que seja que estivesse lá agora tivesse grande escolha.
Alguém viu o governo a cortar na despesa? Em deixar de comprar carros de luxo num país de pobres? Alguém viu o governo preocupado em taxar a banca? em taxar devidamente o Capital? Em deixar de financiar as fundações dos amigos?
Não, quem nada teve a ver com isso é que, mais uma vez, tem que pagar a crise, tem que pagar a factura. E isso é inevitável? Que sentido de justiça é esse?
E acham que a solução está em tratar um trabalhador, não com a dignidade que merece, não como um humano que produz e tem direitos, e tem vida, e tem familia, e tem sonhos e aspirações, não como uma Pessoa, mas como uma peça de uma máquina ou de um mobiliário que deva ser descartável se necessário, não estamos apenas a retroceder em termos de Gestão de RH, mas sim em termos de Humanidade.