Política - Discussão ou algo do género.

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Enigma
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Enigma » segunda fev 06, 2012 12:32 pm

OrDoS Escreveu:
Grimner Escreveu: Porque a tendência do capitalismo não regulamentado é sempre a de fazer lucro com o mínimo de custos possível.


Hoje em dia, penso que já não faz muito sentido falar assim, penso que se caminha para o sentido contrário


Não será mais wishful thinking...?
:?
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Indigente » segunda fev 06, 2012 12:41 pm

OrDoS Escreveu:
Grimner Escreveu: Porque a tendência do capitalismo não regulamentado é sempre a de fazer lucro com o mínimo de custos possível.


Hoje em dia, penso que já não faz muito sentido falar assim, penso que se caminha para o sentido contrário e só as empresas de corda ao pescoço e empresários sem exrúpulos é que estão nessa situação, a de explorar os trabalhadores expremendo ao máximo.

Que ainda representam a maior parte do patronato nacional, para todos os efeitos. Conheço até casos de multinacionais com representação em Portugal, com gestores estrangeiros, que começam a adoptar "estratégias" de trabalho tipicamente portuguesas, como horas extraordinárias não remuneradas, obrigando mesmo os trabalhadores a registar um número de horas de trabalho inferiores às realizadas.

Quando em Roma...
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda fev 06, 2012 1:50 pm

OrDoS Escreveu:
Grimner Escreveu: Porque a tendência do capitalismo não regulamentado é sempre a de fazer lucro com o mínimo de custos possível.


Hoje em dia, penso que já não faz muito sentido falar assim, penso que se caminha para o sentido contrário e só as empresas de corda ao pescoço e empresários sem exrúpulos é que estão nessa situação, a de explorar os trabalhadores expremendo ao máximo.




Portanto:

Numa altura em que todas as grandes fábricas se mudam para países de terceiro mundo, onde as janelas têm redes para que os seus trabalhadores não se matem tal são as más condições;
Numa altura em que, falando agora em Portugal o trabalho a falso recibo verde ( ou seja, perpetuamente a recibos verdes quando prestas uma actividade regular a uma empresa, às vezes durante anos), podendo ser despedidos a qualquer hora e altura sem direito a qualquer indemnização ou subsídio;
Numa altura em que se aprovam leis que facilitam ainda mais os despedimentos, mesmo a quem tem contrato fixo;


Sinceramente, Ordos, achas mesmo que cada vez mais as empresas caminham para um tratamento justo dos funcionários? Uma leitura ao acordo de concertação mostra aquilo que as empresas realmente querem, que é a desvalorização do trabalho. Argumentar o contrário é, muito sinceramente, irrealista.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda fev 06, 2012 1:52 pm




Aconselho não só o video acima, mas o The wire em geral.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor OrDoS » segunda fev 06, 2012 2:06 pm

Grimner Escreveu:
OrDoS Escreveu:
Grimner Escreveu: Porque a tendência do capitalismo não regulamentado é sempre a de fazer lucro com o mínimo de custos possível.


Hoje em dia, penso que já não faz muito sentido falar assim, penso que se caminha para o sentido contrário e só as empresas de corda ao pescoço e empresários sem exrúpulos é que estão nessa situação, a de explorar os trabalhadores expremendo ao máximo.




Portanto:

Numa altura em que todas as grandes fábricas se mudam para países de terceiro mundo, onde as janelas têm redes para que os seus trabalhadores não se matem tal são as más condições;
Numa altura em que, falando agora em Portugal o trabalho a falso recibo verde ( ou seja, perpetuamente a recibos verdes quando prestas uma actividade regular a uma empresa, às vezes durante anos), podendo ser despedidos a qualquer hora e altura sem direito a qualquer indemnização ou subsídio;
Numa altura em que se aprovam leis que facilitam ainda mais os despedimentos, mesmo a quem tem contrato fixo;


Sinceramente, Ordos, achas mesmo que cada vez mais as empresas caminham para um tratamento justo dos funcionários? Uma leitura ao acordo de concertação mostra aquilo que as empresas realmente querem, que é a desvalorização do trabalho. Argumentar o contrário é, muito sinceramente, irrealista.


Não me fiz entender, o que queria dizer é que o caminho da evolução demonstra que é para aí que se deve caminhar, não quer dizer que isso seja aplicado cá pela maioria ou coisa que o valha. A Delta é uma excepção e um bom exemplo de como se devem tratar os funcionários.

Por acaso, um dos exemplos que eu tomo por base de entregar poder q.b. aos funcionários e não só há alta gestão, é o da Corporación Mondragon, que é uma "super" cooperativa espanhola. Já falei dela aqui e o modelo é o que eu tenho em mente para me inspirar se um dia abrir uma empresa, como gostaria.

Quanto ao acordo, sim, nos moldes em que estamos a viver, sei bem que vai haver consequências negativas, a tendência vai ser um aproveitamento negativo da maioria das medidas implementadas (que, per se, não são más na minha perspectiva)
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda fev 06, 2012 3:44 pm

Já estou mais esclarecido e descansado.

Quanto à justeza ou não das regras de concertação... bem, diria que se houvesse um mundo em que o modelo empresarial pautasse pelo tratamento justo dos trabalhadores, nem haveria necessidade de concertação. Nesta conjuntura, porém, e tendo em conta a situação socioeconómica, estes acordos são tremendamente penalizantes. E servem acima de tudo para em nome da "competitividade" ( e já aqui se debateu se as nossas empresas são ou não produtivas) se liberalizar o despedimento.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor JVELHAGUARDA » segunda fev 06, 2012 7:00 pm

Não há grande espanto, infelizmente. Foi mesmo para falhar que ele foi delineado. O nosso lá chegará.


Espero bem que não, para nosso bem.
Pena é que não se responsabilize, os nossos governantes e demais responsáveis, que não leram a letra "miudinha dos vários contratos", que proporcionaram este panorama.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda fev 06, 2012 8:23 pm

JVELHAGUARDA Escreveu:
Não há grande espanto, infelizmente. Foi mesmo para falhar que ele foi delineado. O nosso lá chegará.


Espero bem que não, para nosso bem.
Pena é que não se responsabilize, os nossos governantes e demais responsáveis, que não leram a letra "miudinha dos vários contratos", que proporcionaram este panorama.



Pois... a questão nem é tanto de não lerem a "letra miudinha" mas de terem sido eles a inseri-la. O funcionamento normatico das nossas PPP's por exemplo, prevê que as empresas que fazem a gestão não contribuam para a despesa ( que fica com o estado), mas arrecadem a despesa.

Qualquer pessoa com dois dedos de cabeça diria que não a um contrato destes... a não ser que, como foi muitas vezes o caso, saltem do serviço público para um lugar nessas empresas ( e vice versa, como é caso do Paulo Macedo e agora do António Borges.)
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Grimner » segunda fev 06, 2012 8:32 pm

http://economia.publico.pt/Noticia/grec ... os-1532521


A coligação governamental grega aceitou reduzir em 15 mil o número de funcionários públicos, este ano, no âmbito das negociações de um novo pacote de ajuda.
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Audiokollaps » segunda fev 06, 2012 8:32 pm

Por falar nisso:

RESUMO DESTE ESTUDO

A intenção de reduzir o défice orçamental numa dimensão incomportável num curto período de tempo, para além de arrastar o país para uma profunda e prolongada recessão económica está a por em perigo o funcionamento do próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS), vital para todos os portugueses. E isto porque os cortes nas transferências em 2012 para o SNS, associados aos já verificados em 2011, assim como a aprovação de uma lei na Assembleia da República em Fevereiro deste ano que reduz ainda mais os fundos disponíveis para a saúde e que criminaliza, atingindo não apenas dirigentes e gestores mas até os próprios responsáveis pela contabilidade, por qualquer compromisso que ultrapasse os limites daqueles fundos definidos administrativamente, vai por em causa o funcionamento nomeadamente dos Hospitais EPE.

Entre 2011 e 2012, as transferências em valores nominais do OE para o SNS diminuem de 8.250 milhões € para 7.590,1 milhões € , e para o Hospitais EPE baixam de 4.510,5 milhões € para 4.210,5 milhões €. O confisco aos trabalhadores em 2012 do subsídio de férias e de Natal não é suficiente para compensar estas elevadas reduções verificadas num único ano, quando os preços e impostos (ex. IVA) sobem. Em anos anteriores a insuficiência das transferências determinou elevados prejuízos nos Hospitais EPE e o disparar das dividas do SNS. Desde a sua criação em 2003, os Hospitais EPE já tiveram 2.267,4 milhões € de prejuízos operacionais (os directamente referentes à sua actividade principal que é a prestação de serviços de saúde à população). Como consequência da insuficiência das transferências do Orçamento do Estado, e para que os serviços do SNS pudessem funcionar e prestar cuidados de saúde à população, nomeadamente hospitalares, no fim do 4º Trimestre de 2010, as dividas do Serviço Nacional de Saúde atingiam 2.468,4 milhões € e, no fim do 3º Trimestre de 2011, já eram 2.932,4 milhões €, ou seja, aumentaram 464 milhões € (+18,8%) em apenas nove meses. Deste total, a maior parte refere-se aos Hospitais EPE cujas dividas, em 2010, já representavam 67,2% do total da divida tendo aumentado, no 3º Trimestre de 2011, para 75,4% do total do endividamento do SNS.

Em 2012, a "troika estrangeira" e o governo PSD/CDS reduziram significativamente as transferências do OE para o SNS, e ao mesmo tempo, por lei, criminalizaram qualquer compromisso que ultrapasse os limites de fundos disponíveis definidos administrativamente, que correspondem a "75% da média da receita efectiva cobrada nos últimos dois anos nos períodos homólogos, deduzida dos montantes de receita com carácter pontual ou extraordinário", ou seja, uma redução superior a 25%, isto é um valor ainda inferior às transferências a que o SNS e os Hospitais EPE têm direito em 2012 (a redução nas transferências, entre 2011 e 2012, foi de 8,8% para o SNS e de 6,6% para os Hospitais EPE). É evidente que com esta redução de facto tão elevada e com a ameaça, se forem ultrapassados aquele limite de 75%, dos "titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela contabilidade que assumam compromissos em violação do previsto na presente lei incorrem em responsabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e ou reintegratória" é previsível que muitos serviços de unidades de saúde, nomeadamente dos Hospitais EPE, fiquem impossibilitados de funcionar normalmente e que tenham de paralisar ou fechar serviços, com consequências dramáticas para a população.

A racionalização das despesas do SNS, o aumento da eficiência na utilização dos meios humanos, materiais financeiros postos ao dispor do SNS, e o combate ao desperdício e à má gestão, etc., são absolutamente necessárias e urgentes, mas isso não pode ser feito da forma cega e "economicista" e à custa da redução significativa dos serviços de saúde prestados à população, nem por meio de um aumento brutal das taxas moderadoras, como sucedeu em 2012 que subiram, em média, 100%, como está a ser feita pela "troika estrangeira" e pelo governo PSD/CDS. O combate ao desperdício, à subutilização ou má utilização de meios (por ex., os blocos operatórios dos hospitais continuam a ser utilizados em apenas 57% do seu tempo e milhares de portugueses estão em lista de espera), à má gestão, etc. é necessário fazer através do seu levantamento exaustivo e rigoroso, com a participação dos profissionais de saúde, que deve ser tornado público e objecto de debate também público, com o objectivo de que sejam tomadas medidas rápidas e rigorosas para os eliminar. O Tribunal de Contas, numa auditoria que fez há já vários anos ao SNS concluiu que o desperdício, a má utilização e a subutilização dos meios, e também a má gestão, representavam cerca de 20% dos custos do SNS. Apesar disso, o Ministério da Saúde nunca fez nada para alterar a situação. A própria ERS, no seu recente relatório "Análise da Sustentabilidade Financeira do SNS – 29/09/2011" – segue o mesmo caminho, propondo medidas que agravam as dificuldades das famílias (aumento de taxas, redução de isentos, etc), sem fazer qualquer levantamento rigoroso da situação do SNS. O governo e a "troika estrangeira, no lugar de mandarem fazer esse levantamento, optaram por medidas administrativas cegas que só podem levar à destruição do SNS.


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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Venøm » segunda fev 06, 2012 9:52 pm

Dasse. Passaram o santo dia nisto.

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Audiokollaps » segunda fev 06, 2012 10:36 pm

Venøm Escreveu:Dasse. Passaram o santo dia nisto.


??

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Venøm
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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Venøm » segunda fev 06, 2012 11:12 pm

Estava só a constatar um facto. Desde o meio dia até ha umas horas a discutir apaixonada e fervorosamente política. É um feito! :mrgreen:

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Audiokollaps » segunda fev 06, 2012 11:19 pm

Venøm Escreveu:Estava só a constatar um facto. Desde o meio dia até ha umas horas a desancar violentamente na minha inclinação política. É um feito! :mrgreen:


OK!

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Re: Política - Discussão ou algo do género.

Mensagempor Cthulhu_Dawn » terça fev 07, 2012 8:48 am

Pergunto-me se o assessor(a) que escreve discursos para o nosso 1º tem a mínima noção de que pode escrever páginas e páginas e páginas de uma prosa cheia de apelos a uma suposta mobilização patriótica de todos face às dificuldades que o país atravessa e vai continuar a atravessar, que não lhe serve de nada para anular o efeito que um mimo como este tem:

“Devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas e ter pena dos alunos, coitadinhos, que sofrem tanto para aprender”, ilustrou, considerando que só com “persistência”, “exigência” e “intransigência” o país terá “credibilidade”.


E que essa entidade abstracta que são "os portugueses", incluem não só (por exemplo) aquela coisa chamada Mesquita Machado que consta que conseguiu investir 8 milhões de euros numas piscinas municipais que afinal já não vão para a frente porque o custo da energia anda muito caro, como também incluem os milhares de desempregados por esse país fora que só lhes resta mesmo fingir que um 1º Ministro não disse uma imbecilidade daquelas...


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