Vooder Escreveu:MELECHESH "Emissaires" 2006
Cult of Luna - Somewhere along the highway 2006
Assim será difícil apurar-se z z z realmente os 10 melhores z z z; fazei antes uma lista suplente, z,z,z.
Top 10, sem ordem particular:
2008 - Leviathan - Massive Conspiracy Against All Life
Palavras para quê? É o canto de cisne do versátil Wrest no seu projecto a solo, um final digno das lendas, onde o nível de composição atinge um patamar elevadíssimo, misturando secções de contraste notável com simplicidade e de um modo orgânico capaz de deixar os cabelos em pé. Trilogia de sonho fechada da melhor maneira possível.
2001 - Xasthur - A Gate Through Bloodstained Mirrors
Outra banda que dispensa apresentações. Para mim, provavelmente o expoente máximo do USBM, talvez por ter sido a primeira coisa que ouvi, acabo por gostar de tudo o que ele fez até hoje, apesar de torcer um pouco o nariz ao amorfo Nocturnal Poisoning e ao chato Telepathic With the Deceased. Anyway, para mim este é sim o primeiro álbum de Xasthur ("demo" com mais de uma hora? está bem...) e um marco no black metal, que a par de Abyssic Hate e Strid, supostamente deu origem ao infame DSBM. O que interessa é que tem tudo o que de melhor o Malefic fez até hoje, atmosfera de cortar à faca, riffs dissonantes e dedilhados melancólicos, acompanhados por teclados majestosos que funcionam melhor que um coro de 50 pessoas, para além dos míticos urros e uivos do Malefic. Para mim, obra de arte inultrapassável dentro do género, a par do Suicidal Emotions e do EP Strid, embora não coloque de todo Xasthur dentro da actual vertente DSBM.
2000 - Paysage D'Hiver - s/t
Uma das três melhores músicas de sempre de black metal encontra-se aqui nesta demo, pelo menos na minha humilde opinião. Projecto a solo do Wroth de Darkspace (aqui como Wintherr), Paysage D'Hiver é uma banda que alterna também entre grandes música e outras assim-assim. Embora as faixas black metal sejam claramente de qualidade indiscutível, com a sua produção ultra-low-fi, a verdade é que as deambulações pelo dark ambient do senhor Wintherr não me excitam por aí além. De qualquer modo, esta demo foi o meu primeiro contacto com a banda e tem uma atmosfera nunca igualada por outra banda. Tive a sorte de encontrar 5 demos (incluindo esta) em formato A5 e não hesitei em comprá-las, mas da discografia que conheço de PDH, esta é sem dúvida a melhor, nem que seja simplesmente pela intemporal Welt Aus Eis, com os seus riffs glaciais, as melodias de violino perdidas na distorção de guitarra, os cantos no background, a pausa no meio para respirar da tormenta gelada que nos fustiga constantemente e o final de uma calma inquietante. Clássico.
2005 - Mournful Congregation - The Monad of Creation
Por entre black metal e outras coisas menos relacionadas com metal, lá vou ouvindo uma dose considerável de funeral doom. Embora seja difícil encontrar algo verdadeiramente especial no meio de tantos projectos relativamente parecidos, lá vim parar um dia a estes senhores australianos, que ainda este ano nos brindaram com um concerto memorável, se bem que um pouco curto para as suas longas músicas.
Apesar dos clássicos (Thergothon, Skepticism e Unholy) terem uma mística irrecuperável, a verdade é que a meu ver os Mournful Congregation não se encontram assim tão longe do panteão dos pioneiros do género. Com uma atmosfera incrivelmente agoniante mas ao mesmo tempo gloriosa, os MC criaram um álbum que para além de resistir ao teste do tempo, parece mesmo tornar-se cada vez melhor à medida que o tempo passa. O épico de 20 minutos que dá o nome ao álbum é uma das melhores músicas de doom que já ouvi e faz jus aos elogios que a banda recebe de todo o lado, contendo todas as características que os tornaram um marco no género, fazendo bandas como Ahab, Mourning Beloveth e quejandos parecerem filhos de rústicos camponeses a brincarem ao doom lento e triste. Doooooooom.
2005 - Sunn 0))) - Black One
Se bem que drone não seja o estilo de música que oiça mais regularmente (sabe sempre melhor num determinado estado de espírito), lá vou ouvindo, ainda que com menos regularidade que funeral doom, e ficando fascinado com alguns dos projectos que descubro. Apesar disso, até hoje nenhum álbum me marcou tanto como está pérola da música minimalista. Atmosfera acho que é a palavra chave para descrever este fantástico álbum desta banda que já todos ouviram falar e ouviram com efeito. Tal como muitas bandas geniais que passam despercebidas de início, os "ouvintes" parecem estar divididos entre o "amor" e o "ódio". A primeira vez que ouvi isto (curiosidade mais por saber que andou por lá o Wrest e o Malefic), de facto odiei, mas algo me levou a voltar a ouvir mais uma vez, só para confirmar a ideia com que fiquei. Não só não confirmei a ideia, como também mudei a minha maneira de olhar para eles, assim como a minha perspectiva sobre a música. Até então nunca tinha ouvido algo tão envolvente, obscuro, ritualista e de certa maneira, desconfortável. Este é dos álbuns mais difíceis de descrever para mim, dado que considero ser música meramente para sentir (a Bathory Erszebet é algo de verdadeiramente único, até a letra me faz arrepios por si só). Desde que passei a gostar do álbum que abri as portas para o drone e por isso mesmo o álbum tem uma importância enorme para mim. Obrigado Greg e Stephen.
(and now for something completely different)
2003 - Between the Buried and Me - The Silent Circus
Provavelmente a minha banda preferida, devo ter ouvido os álbuns milhares de vezes. Esta é daquelas bandas que é capaz de dar muitas dores de cabeça aos puristas de praticamente todos os géneros. Não podendo ser propriamente encaixados num rótulo (eu chamo-lhes de progressive metal), os BtBAM começaram como uma espécie de death metal progressivo com breakdowns de metalcore particularmente bem metidos, numa salganhada cacofónica de riffs angulares, pesadões alternados com belas secções acústicas, entre outros devaneios que não devem fazer muita gente aqui dar pulos de alegria. Anyway, após um algo desiquilibrado, embora extremamente bom, álbum de estreia, segue-se The Silent Circus que nos remete para uma banda no auge da sua agressividade, mesmo que isso não implique neste caso ser o auge da criatividade. Este é provavelmente o álbum mais visceral da banda e tem vários clássicos como Mordecai, Ad A Dglgmut e Destructo Spin, onde as melodias virtuosas de guitarra adquirem um poder ainda mais cortante quando metidos ao lado de riffs do peso de um tanque. Está claro presente mais uma vez a capacidade de composição, com estruturas totalmente não lineares, onde as secções nunca se repetem quando evoluem para outra diferente e vou deixar aqui o exemplo da insana Destructo Spin (que deve ter umas boas 14 secções diferentes), que representa para mim o melhor de BtBAM: a insanidade inerente à banda, imediatamente colada à faceta mais melódica e expressiva.
2001 - Muse - Origin of Symmetry
Epa, já fiz uma review ao álbum demasiado grande aqui e no blog Erode, quem quiser que vá lá ler. Para quem não se der ao trabalho, digo somente que é dos meus álbuns preferidos de sempre, em qualquer estilo. Aos meus olhos é perfeito, tem tudo o que se pode pedir: intensidade, expressividade, agressividade e variedade. Acho que um bocado da alma do Matthew está algures perdida neste trabalho. Épico dos tempos modernos, ponto final.
2001 - Thorns - Thorns
Quando penso em Thorns, percorrem-me arrepios pela espinha. Não existe em mais nenhuma banda (excepto talvez em Darkspace) um ambiente tão estimulante e ao mesmo tempo maquinal e gelado de terror, que misture ciência, astronomia e tudo o que a rodeia e decadência pós-apocalíptica. Quando oiço Thorns, imagino a raça humana a ser exterminada por algum evento imparável e oiço o silêncio do vazio intergaláctico pertencente a um Universo consciente de que necessitava de criar este destrutivo evento para se livrar da praga que criou. Thorns é a derradeira erradicação de um vírus que subsistia há tempo demais, é a banda sonora do fim da Humanidade. E acho que isso chega para fazer este álbum pertencer ao meu top 10 de álbuns desta década.
2006 - Spawn of Possession - Noctambulant
Embora me encontra gradualmente a deixar de ouvir death metal, ainda gosto de muita coisa da velha guarda e até de coisas lançadas já na segunda metade desta década. Spawn of Possession é uma banda de death metal técnico da Suécia que pouco ou nada tem a ver com os primórdios do género, dado que se tornou um projecto em que o género death metal transcende para algo difícil de rotular que não inclua as palavras "técnico" ou "progressivo". Em entrevistas dizem inspirar-se mais em música clássica do que metal para escrever as composições que aparecem nos seus álbuns. Após um visceral "Cabinet", surgiu este "Noctambulant" que demonstra capacidade fora do vulgar para escrever música original e altamente complexa. As melodias de guitarra são tecidas à velocidade da luz, com a ajuda de um trabalho inhumano de bateria e uma contribuição impagável do baixo, onde brilham os solos de teor neo-romântico, como os seus membros os descrevem. Após incontáveis álbuns de death metal, este é sem dúvida alguma o melhor que ouvi esta década e aquele que mais vezes é tocado no meu leitor de mp3, pelo seu inacreditável tecnicismo aliado a um sentido de composição invulgar e altamente original.
2008 - Sculptured - Embodiment: Collapsing Under the Weight of God
Eu até nem sou muito dado a metal progressivo, mas a verdade é que estes americanos (com membros dos uber-hyped Agalloch e Celestiial) conseguira marcar-me pela positiva. Este foi outro daqueles álbuns que demorou a entranhar mas que com o passar do tempo provou ser uma pérola praticamente desconhecida por toda a gente, o que é uma pena dada a sua qualidade extrema. Eu nem conheço os dois álbuns anteriores, mas este Embodiment é das melhores coisas que ouvi até hoje dentro das sonoridades progressivas, dado que que se trata de um álbum estruturalmente brilhante, onde tempos e ritmos são um elemento algo volátil, sem contudo parecer exagerado ou pouco equilibrado. Cada solo de guitarra, cada padrão de bateria, cada linha de baixo e cada melodia de teclado parece ter sofrido um cuidado extremo, de modo a dar a origem a um todo onde nada parece atabalhoado ou metido ao acaso. Até os momentos mais estranhos, que soam algo dissonantes à partida parecem após algumas audições exímiamente trabalhados e não aleatórios como a primeira impressão deixa antever. De qualquer modo, é um álbum fantástico onde elogios não chegam para descrever a obra de arte que este quinteto americano criou.
Grimner Escreveu: O album que chegou e disse "somos *A* banda de Metal para o novo milénio. Pesado, majestoso, poderoso, melancólico, e muito Metal. Tem tudo.
<-- blog sobre música em particular Metal e cinema
Voltar para “Arquivo 2010 a 2011”
Utilizadores neste fórum: Nenhum utilizador registado e 7 visitantes
